Numa metáfora da divergência europeia sobre a situação da Grécia, Alexis Tsipras teve nesta quarta-feira uma recepção acalorada no Parlamento Europeu.
'Rock-star' foi um adjectivo que cedo se colou a Yanis Varoufakis quando o Syriza subiu ao poder.
Mas nesta quarta-feira, já sem o economista motociclista como ministro das Finanças, foi Alexis Tsipras que mereceu uma recepção entre apupos e ovação.
Primeiro, aplausos espaçados, como antes da entrada da banda em palco.
Depois, assim que Tipras pisa o "palco" do Parlamento Europeu, ouvem-se alguns "Bravo, Bravo".
O grego começou logo à entrada a cumprimentar meia-dúzia de personalidades que o esperavam logo à entrada do plenário.
Entre estas, o líder do Podemos, o espanhol Pablo Iglesias, que ficou de mão estendida, enquanto Tsipras prosseguia até ao seu lugar.
Sentado, reuniu em seu torno repórteres fotográficos e vários dos deputados eleitos pelos países membros da União Europeia.
Martin Schulz, que entrou na sala à frente do primeiro-ministro grego, mas logo ficou na sombra deste, acabaria por interromper a sessão dando início aos trabalhos.
Enquanto fazia a primeira declaração no seu alemão de nascimento, Tsipras terminava de ser beijado.
Mais tarde, no esperado discurso na instituição de Estrasburgo, Tsipras afirmou acreditar num acordo até final da semana, o qual não repita "os erros do passado, que levaram a economia grega a um ciclo vicioso de recessão".
O seu Governo não pretende "procurar o confronto com a Europa", mas são necessárias medidas "socialmente justas e economicamente sustentáveis".
Numa alusão ao passado, referiu que todos devem "reconhecer que a responsabilidade básica do impasse em que a Grécia e a zona euro estão neste momento não se deve apenas aos últimos cinco meses e meio, mas aos últimos cinco anos e meio, com programas que falharam" e que não distribuíram de forma equitativa "o fardo" dos sacrifícios.
"As propostas do governo grego não serão concebidas para ser mais um fardo para os contribuintes europeus", garantiu Alexis Tsipras, deixando nova alfinetada relativa ao passado: o dinheiro emprestado à Grécia não foi direccionado aos cidadãos gregos, servindo sim "para salvar bancos".
Os aplausos repetiram-se no final mas houve quem - como Jean Claude Juncker - não batesse palmas.
A quatro dias do mais recente ultimato para chegar a um acordo com os credores, o presidente da Comissão Europeia estará à espera para saber como Tsipras fechará a sua digressão por Bruxelas.
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