16/07/2015 - 13:57
Durante uma semana, a banca grega tem garantido o apoio da instituição, afirmou Mario Draghi.
A Grécia terá de reduzir a sua dívida necessariamente para restaurar a sua estabilidade financeira.
O presidente do Banco Central Europeu afirmou numa conferência de imprensa ao início da tarde desta quinta-feira que a instituição decidiu hoje aumentar o ELA, linha de emergência de liquidez aos bancos gregos.
O reforço será de 900 milhões de euros, elevando o total disponibilizado pelo ELA para 89.900 milhões.
As condições de confiança foram restauradas, afirmou Mario Draghi, que, no entanto, deixa o aviso: o apoio só se manterá se a Grécia se mantiver na zona euro, o que poderá ser colocado em causa na segunda-feira, se Atenas não fizer um pagamento de 3,5 mil milhões de euros que é devido ao Banco Central.
O governo grego e os estados membros são responsáveis pela manutenção da Grécia na zona euro, afirmou Mario Draghi.
"Não cabe ao BCE decidir se um membro se se mantém ou não na zona euro", disse.
Por isso se a Grécia se mantém na zona euro o BCE tem de manter o financiamento, continuou.
A aprovação das reformas acordadas no parlamento grego, bem como a aprovação do empréstimo intercalar concedido pelo entidades europeias à Grécia, a aprovação das negociações para o terceiro resgate nos vários parlamentos restauraram as condições para que o BCE possa aumentar o limite do recurso à liquidez de emergência para os bancos gregos.
"Tudo isto são factos que tornam o BCE mais confortável para aumentar liquidez de emergência para a banca grega".
"As condições para aumentar a ELA à Grécia foram restabelecidas", disse.
O BCE age assumindo que a Grécia irá manter-se no euro.
Draghi disse que o BCE aumentou na quinta-feira uma ajuda de emergência à Grécia.
O crescimento da ELA aumentou em 900 milhões de euros por mais de uma semana.
"O fornecimento de liquidez, de acordo com as nossas regras, nunca foi ilimitado e incondicional, uma vez que depende dos colaterais que são apresentados, refere o presidente do BCE".
Acabou ainda por esclarecer ainda que o BCE não teve qualquer intervenção na desvalorização dos colaterais da Grécia, em resposta aos jornalistas.
Mario Draghi recorda que o BCE aumentou desde Janeiro de 2015 (mês das eleições na Grécia) a sua exposição à banca grega, para explicar que deu suficiente liquidez aos bancos gregos.
Em Janeiro de 2015 os depósitos no BCE foram 13,3 mil milhões, o crescimento do empréstimo do eurosistema em ELA, foi de 25,2 mil milhões.
Em Junho de 2015, o mês do anuncio referendo na Grécia, o aumento dos depósitos no BCE foi de 8,1 mil milhões, o aumento de empréstimos em ELA à Grécia foi de 10,3 mil milhões. A ELA subiu de zero para 90 mil milhões de euros e agora o eurosistema tem um total exposto à Grécia de 130 mil milhões - "somos o maior depositante na Grécia", disse.
O responsável pelo banco central europeu, reforçou que é essencial que a Grécia venha a ser uma economia sustentável, que tenha crescimento, que assegure as necessidades sociais e possua um sistema fiscal sustentável e que garanta a sua estabilidade financeiro.
Por isso é necessário que a dívida grega baixe.
Deu ainda sinais que as fragilidades europeias têm de ser resolvidas nos próximos passos a caminho de uma maior integração.
Sobre a eventualidade de a Grécia falhar o pagamento ao BCE, de 3,5 mil milhões de euros. Mario Draghi disse a "informação que tem é que o BCE será reembolsado na próxima segunda-feira, tal como o FMI".
O BCE vai tentar apoiar sempre com liquidez, as reformas necessárias, para a restaurar a economia grega, e garantir que não volte a acontecer uma ruptura no sector financeiro grego.
Entretanto é esperado que mudanças económicas venham a melhorar os colaterais disponíveis dos bancos gregos.
A maioria dos colaterais são obrigações soberanas, se a economia grega melhorar, melhoram os colaterais dos bancos gregos.
Os bancos têm bons rácios de solvabilidade, "mas temos de ver em perspectiva", e a qualidade das obrigações soberanas da Grécia tem um impacto no core capital dos bancos.
O presidente do BCE começou a conferência de imprensa em Frankfurt por dizer que vai monitorizar os mercados financeiros e que o BCE irá agir caso exista qualquer deterioração das perspectivas de estabilidade dos preços.
Para isso, irá recorrer "a todos os instrumentos ao dispor", numa clara alusão ao 'quantitative easing'.
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