09/07/2015 - 17h04
Presidente francês tem sido acusado por alguns de ter sido até agora “demasiado mole” na gestão da crise grega. Oficialmente, a presidência francesa apenas diz que procura “um compromisso entre os europeus”. Primeiro-ministro francês tweetou em grego para defender o povo helénico.
Thomas Piketty, economista e autor do best-seller mundial “O capital no século XXI”, não se cansa de dar entrevistas neste momento crucial para a União Europeia.
Defende a permanência da Grécia na zona euro e pede ao presidente francês, François Hollande, para tomar uma posição clara, frontal e mesmo radical, sobre o assunto.
“Ele deve fazer uma declaração solene, opor um veto à expulsão da Grécia da zona euro, deve defender a reestruturação da dívida grega, deve fazer tudo para travar o risco da destruição da Europa, que é o que os conservadores farão se expulsarem um país como a Grécia do euro”, diz o professor de economia.
Pikety não é o único a lançar este apelo ao chefe de Estado francês.
Diversos intelectuais e socialistas franceses fazem o mesmo.
“A França deve opor-se à expulsão da Grécia e ao projeto dos liberais, deve defender a reestruturação da dívida grega, vetar a saída deste país da zona euro e assim salvar o euro e União Europeia”, explica ao Expresso o deputado socialista Pascal Cherki.
A pressão sobre François Hollande, acusado por alguns de ter sido até agora “demasiado mole” na gestão da crise grega, é muito forte.
Mesmo o seu primeiro-ministro, Manuel Valls, escreveu há algumas horas, em língua grega, na rede twitter: “Ao povo grego, eu digo: a Europa é a Grécia”.
Este “tweet” surgiu depois de, na tarde de quarta-feira, na Assembleia Nacional, Valls ter proferido um discurso muito favorável a Alexis Tsipras.
“As últimas propostas do Governo grego sobre as negociações e as reformas que propõe são equilibradas e positivas. (…)
França é contra a expulsão da Grécia da zona euro e recusa a sua saída. (…)
Os gregos aceitam reformas e nós temos de lhes dar perspetivas claras sobre o tratamento da dívida. (…)
Temos um acordo ao alcance da mão, é muito urgente fazê-lo, faremos tudo para o alcançar”, afiançou o chefe do Governo francês.
Oficialmente, a presidência francesa apenas diz que procura “um compromisso entre os europeus” nas intensas negociações atuais no seio do Eurogrupo sobre a Grécia.
Mas o Palácio do Eliseu deu sem dúvida luz verde a Manuel Valls antes de ele avançar com o seu discurso na Assembleia francesa.
“Estamos determinados, tanto o Governo como o presidente Hollande, a fazer tudo para chegarmos a um compromisso que permita à Grécia continuar no euro”, garantiu Valls.
"As consequências de uma saída da Grécia seriam terríveis, porque ela nunca se faria com calma e sem dramas”, acrescentou o chefe do Governo francês.
“François Hollande terá de pôr o peso todo da França na balança e dizer a Ângela Merkel e aos outros europeus que o compromisso para garantir o futuro da zona euro tem de ser concluído à volta da reestruturação da dívida grega”, explica ao Expresso o deputado socialista Pascal Cherki.
“A expulsão da Grécia da zona euro criaria uma instabilidade terrível em toda a Europa e reforçaria sobretudo as teses da extrema-direita, que defende a destruição do euro”, acrescenta Pikety.
O próprio Governo da Grécia parece reconhecer, oficiosamente, que a França é, neste momento, o seu principal aliado na União Europeia.
O discurso de quarta-feira de Valls, na Assembleia francesa, foi transmitido em direto para a Grécia e foi muito aplaudido nos cafés de Atenas, segundo correspondentes da imprensa francesa.
Por outro lado, informadores seguros garantiram esta quinta-feira ao Expresso, em Paris, que o Governo francês enviou especialistas para ajudarem a equipa do novo ministro grego das Finanças, Euclide Tsakalotos, a elaborar o novo plano de reformas que a Grécia deverá apresentar nas próximas horas ao Eurogrupo.
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