sexta-feira, 10 de julho de 2015

Tsipras em Estrasburgo: “Se quisesse sair do euro, não tinha vindo aqui”

EUROCRISE
Tsipras  -  8 Julho, 2015





















Alexis Tsipras foi ao Parlamento Europeu responder aos eurodeputados sobre a crise da zona euro. E defendeu que depois do fracasso da austeridade, “a maioria do povo grego sente que não tem outra escolha senão sair deste caminho que não leva a lado nenhum”.

Depois de se ter congratulado na cimeira da zona euro por ver que os governantes finalmente entenderam que enfrentam um problema europeu e não um problema grego , o primeiro-ministro foi recebido com aplausos de vários eurodeputados à entrada para o hemiciclo em Estrasburgo.

“Como é que demos ao FMI autoridade para decidir e não ao Parlamento Europeu?”
Num discurso em que reafirmou o compromisso da Grécia com a Europa, Tsipras recordou que o momento alto da solidariedade europeia aconteceu em 1953, quando a dívida da Alemanha foi perdoada para que esse país se pudesse erguer de novo. E defendeu que o Parlamento Europeu devia ter um papel mais ativo no processo. “Como é que demos ao FMI autoridade para decidir e não ao Parlamento Europeu?”, questionou.

Alexis Tsipras repetiu o desejo expresso no referendo para um “acordo viável” que inclua  a distribuição dos sacrifícios a recair nos que mais têm, um forte programa de investimento para combater o desemprego, a cobertura das necessidades de financiamento da Grécia e a abertura do debate sobre a restruturação da dívida.

“As propostas que fazemos para financiar as nossas obrigações e restruturar a dívida não irão pesar sobre os contribuintes europeus”, garantiu Tsipras. O governo grego entregou esta manhã o pedido de financiamento ao Mecanismo Europeu de Estabiliadade , o dispositivo europeu criado para esse efeito a seguir à crise financeira.

“Vamos ser sinceros: o dinheiro dos resgates nunca chegou ao povo grego”

“Não sou daqueles políticos que põem a culpa nos estrangeiros por todos os males da Grécia”, prosseguiu Tsipras, lembrando que foram os anteriores governos, apoiados por socialistas e populares europeus, que “criaram um estado clientelar, fomentaram a corrupção e fortaleceram laços com a elite económica”, fazendo com que “10% dos gregos detenham 56% da riqueza nacional”. Para combater esta situação, Tsipras reafirma que o governo fez propostas que “os anteriores memorandos deixaram de lado de propósito”.

Afirmando que assume “toda a responsabilidade pelos últimos cinco meses de governo, mas não pelos últimos cinco anos” em que esteve na oposição, Tsipras lembrou aos eurodeputados que o dinheiro dos resgates serviu “para resgatar os bancos gregos e europeus” e nunca chegou ao povo grego.

A posição do primeiro-ministro e da maioria que venceu o referendo de domingo foi atacada pelas bancadas dos maiores partidos europeus, enquanto os líderes da extrema-direita como Marine Le Pen e Nigel Farage, defenderam que a Grécia devia aproveitar o mandato popular para negociar a saída do euro o quanto antes.

Na resposta, Alexis Tsipras disse que ainda na semana passada houve resposnáveis europeus a defender que o OXI abria caminho ao ‘Grexit’.  “Mas se o meu objetivo fosse o ‘Grexit’, não tinha vindo aqui”, acrescentou. O primeiro-ministro respondeu ainda ao liberal Guy Verhofstadt, que o acusou de não ter feito reformas. Tsipras reconheceu que nos últimos cinco meses, o governo foi obrigado a passar mais tempo a negociar do que a governar, mas que já apresentou 47 páginas de propostas. “Reservamo-nos o direito enquanto país soberano de decidir sobre os nossos impostos. Se assim não for, estaremos a dizer que não devia haver eleições”, acrescentou.

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