sábado, 25 de julho de 2015

FMI valida política económica de Cabo Verde

CABO VERDE
Agência Lusa - 4/3/2015, 16:11


Apesar da validação, o Fundo Monetário Internacional alerta para os problemas de dívida e défice do país.
A economia cabo-verdiana passou em 2014 por grandes dificuldades.

Cidade da Praia, 04 mar (Lusa) – O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê o aceleramento do crescimento económico de Cabo Verde este ano, mas alertou para a dívida e o défice, foi anunciado na Cidade da Praia.

Segundo Ulrich Jacoby, chefe da primeira missão anual do FMI, que esteve em Cabo Verde nos últimos 15 dias para proceder a uma avaliação da situação macroeconómica do país, a economia cabo-verdiana passou em 2014 por grandes dificuldades.

A razão deve-se à falta de retoma económica na Europa, de que a economia cabo-verdiana é muito dependente, e também com os efeitos do Ébola, que diminuiu o fluxo turístico na região da África Ocidental.

Por outro lado, Ulrich Jacoby saudou o aumento das exportações, sobretudo de pescado, a retoma nos investimentos diretos estrangeiros, a política económica flexibilizada e as medidas tomadas recentemente pelo Banco de Cabo Verde (BCV) para estimular o crédito à economia.

Para 2015, o chefe da missão do FMI prevê que o aceleramento do crescimento da economia, refletindo a retoma na Europa, a recuperação do turismo, aumento dos investimentos diretos estrangeiros e descidas dos preços do petróleo, mas alertou para duas questões: a dívida, que deverá atingir os 112,7% do PIB, e o défice.

“Também há indícios de que os empréstimos bancários ao setor privado serão retomados, enquanto a economia está a fazer progressos para diminuir a dívida”, notou o chefe da missão, que integrou o vice-diretor do Departamento de África do FMI, David Owen.

O FMI saudou ainda “progressos encorajadores” a nível operacional e do desempenho de empresas estratégicas para o Estado cabo-verdiano, nomeadamente os Transportes Aéreos de Cabo Verde e a Electra, e disse que o país aproveitou “muito bem” os empréstimos concessionais para a infraestruturação.

Aquele responsável apelou ao Governo a ajustar o programa de investimentos público e a continuar com as reformas no setor económico e desafiou o setor privado a ser mais ativo para aproveitar as oportunidades e ser o motor da criação de empregos e do crescimento.

A ministra das Finanças e do Planeamento de Cabo Verde, Cristina Duarte, reconheceu também que 2014 foi um ano “difícil” para o país, por causa de “aspetos negativos” para as despesas orçamentais, como a não retoma na Europa, o vírus Ébola, a seca e a erupção vulcânica na ilha do Fogo, mas lembrou que a política económica foi ajustada e o ano terminou com “balanço positivo”.

Enaltecendo o “grande controlo” na gestão e despesas orçamentais, Cristina Duarte recordou que, em 2014, Cabo Verde tinha projetado um défice na ordem dos 8%, mas devido às “pressões adicionais” sobre as despesas orçamentais, para este ano rondará os 8% a 9%.

Quanto ao crescimento económico, disse que as perspetivas são melhores para este ano, situando-se nos 3%.

Relativamente aos níveis de dívida e défice, Cristina Duarte indicou que o Governo vai diminuir e reprogramar os investimentos públicos, mas isso não será feito “de forma brusca”, alertou, para continuar a alimentar o crescimento económico e manter o país a classificação de risco moderado.

“Tendo em conta a infraestruturação feita até à data, às reformas económicas, nomeadamente na frente fiscal e de negócios, na gestão portuária e do aeronegócio e energética, e às medidas do BCV, as expectativas para a economia cabo-verdiana são melhores para 2015 e espera-se que o setor privado reaja e haja um aumento do crédito à economia”, espera.

“É possível, sim, manter os investimentos públicos e, de forma continuada, reduzir o défice. 
É o que fazemos nos últimos dois, três anos e continuamos a fazê-lo”, continuou a ministra, para quem o Governo pretende aumentar a arrecadação tributária em 2015 para diminuir o défice e manter níveis de investimentos públicos.

Esta primeira missão do FMI encontrou-se com membros do Governo, o Governador do BCV, João Serra, deputados, representantes da sociedade civil, parceiros de desenvolvimento e setor privado.

A segunda missão deverá voltar a Cabo Verde no último trimestre do ano.






















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