14/07/2015 - 15:43
Nas 17 horas em que Alexis Tsipras esteve debaixo de fogo, os governantes que com ele negociavam já tinham recebido o relatório do FMI hoje divulgado.
Quando os responsáveis da zona euro se reuniram com Tsipras, o relatório do FMI hoje divulgado pela Reuters, que aponta necessidade de reestruturação da dívida, já era conhecido.
Uma fonte da União Europeia disse hoje que os responsáveis europeus que passaram 17 horas na cimeira que levou ao acordo de terceiro resgate à Grécia já conheciam então o relatório do FMI que a Reuters hoje revelou.
Este documento aponta claramente a necessidade de reestruturação da dívida grega.
A agência cita uma fonte da UE que garante o conhecimento por parte dos líderes da zona euro desta última análise do Fundo, segundo a qual a Grécia precisará de alívio de dívida muito além daquilo que os parceiros europeus se têm revelado preparados a considerar.
A devastação da economia e dos bancos do país nas últimas duas semanas são pontos críticos para a instituição de Christine Lagarde.
Apesar de terem conhecimento, os chefes de Estado e de Governo colocaram Tsipras perante a saída do euro e a aceitação de um reforço da austeridade.
O documento do FMI indica que o encerramento dos bancos e a imposição de controlo de capitais na Grécia a 29 de Junho levou "a uma deterioração ainda mais significativa na sustentabilidade da dívida relativamente ao que foi projectado" no anterior relatório do Fundo.
Nessa análise - conhecida a 2 de Julho, apenas três dias antes do referendo grego -, já o FMI referia a necessidade de um corte na dívida grega.
O primeiro-ministro grego e o então ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, aproveitaram esses dados para provar a intransigência dos restantes países da zona euro.
Varoufakis referiu mesmo, numa entrevista, que preferia cortar um braço a assinar um acordo com a Europa que não incluísse reestruturação da dívida.
O FMI dizia então que a dívida grega se aproximará dos 200% no prazo de dois anos.
Agora, o Fundo Monetário Internacional reitera que a Grécia necessitará de um alívio de dívida muito maior do que a zona euro tem admitido como possível.
Oficialmente, esta nova análise da sustentabilidade da dívida foi enviada para os governos da área da moeda única no final da tarde desta segunda-feira, dia em que Alexis Tsipras aceitou os termos impostos pelos restantes 18 parceiro, no sentido de ser concedido um empréstimo de 86 mil milhões de euros em troca de mais medidas de austeridade e reformas estruturais.
"A dramática deterioração da sustentabilidade da dívida aponta para a necessidade de alívio da dívida a uma escala que necessitaria de ir bem para lá do que tem estado sob consideração até à data - e o que foi proposto pelo ESM" [Mecanismo Europeu de Estabilidade], refere o FMI no documento acedido pela Reuters.
O Fundo aponta para um período de 30 anos em que a Grécia não teria de fazer pagamento da sua dívida, incluindo novos empréstimos, e uma dramática extensão da maturidade.
Em alternativa, fazer transferências fiscais anuais para o orçamento grego ou aceitar "cortes profundos" ao valor já concedido a Atenas nos empréstimos anteriores.
No país visto como o líder da resistência ao resgate à Grécia, a Alemanha, o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, terá dito que vários membros do Governo de Angela Merkel consideravam que seria melhor um período "sabático" da Grécia no euro do que um novo ‘bailout'.
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