14/07/2015 - 09:23
Economistas mantêm Grexit no radar.
Consideram que novo pacote de resgate forçará Grécia a sair do euro por questões económicas e políticas.
A Grécia garantiu um adiamento da saída do euro.
Mas as exigências de austeridade para manter o país na zona euro, na sequência do acordo ontem alcançado sobre um terceiro programa de ajuda, poderão agravar a situação frágil da Grécia já afectada pela recessão e, em última análise, forçá-la a abandonar a moeda única, dizem os economistas citados pela agência Reuters.
Para alguns desses economistas, não diminuíram as hipóteses de um Grexit - saída grega do euro, agora que os helénicos e os seus credores acordaram um terceiro programa de ajuda, solicitado pela Grécia que poderá ascender a 86 mil milhões de euros.
A maior parte do financiamento seria proveniente do novo fundo de resgate permanente da zona euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
Este novo pacote de resgate, segundo alguns analistas, irá aumentar a dívida grega, e levar a um aumento de impostos e privatizações.
O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, eleito em Janeiro com a bandeira anti austeridade, foi forçado a ceder a grande parte das exigências dos credores na manhã de segunda após 17 horas de reunião entre os líderes da zona do euro.
Syriza critica acordo
O programa de ajuda, se for implementado, obriga a Grécia a pedir mais empréstimos e terá efeitos negativos nos consumidores, empresas e departamentos governamentais face às novas e duras medidas de austeridade que terão de ser implementadas.
As novas medidas vão desde agravamento de impostos às empresas, maiores cortes nas despesas no sector da defesa, reduções de pensões e cortes automáticos de despesas públicas.
O terceiro programa de resgate exige ainda reformas profundas, tais como a liberalização do mercado de trabalho para aumentar a competitividade da economia helénica.
O Syriza, partido vencedor das eleições gregas, classificou acordo de segunda-feira como o "pior negócio possível".
Numa declaração publicada no Iskra, o órgão da corrente Plataforma de Esquerda, lê-se que o novo memorando alarga a escravatura social e faz do país "uma colónia da dívida sob uma Europa tutelada pela Alemanha".
Grexit no radar de economistas
No entanto, alguns economistas ainda sinalizam perigo no âmbito da crise grega.
Numa nota publicada segunda-feira, Manulife economista-chefe Megan Greene disse que o acordo se for aprovado por ambos os lados e pelos parlamentos nacionais dos países da zona do euro "quase certamente será um fracasso, por razões políticas e económicas".
Este responsável realça mesmo que "o risco imediato de Grexit pode ser ligeiramente inferior na sequência das conclusões da cimeira deste fim de semana, mas o risco global de Grexit é materialmente mais elevado".
Também a equipa de economistas do banco francês Société Générale assinala a possibilidade de um Grexit, mantendo intacta a sua previsão de 65% de probabilidades.
Por sua vez, economista Carsten Brzeski do ING Financial alerta: "Enquanto todos os líderes europeus tentaram dar ao acordo uma tónica positiva, no nosso ponto de vista, as dúvidas e preocupações superam o optimismo e a euforia".
Steen Jakobsen, diretor de investimentos da Saxo Bank da Dinamarca, defende que as condições de resgate parece terem sido concebidas para falhar.
"As condições definidas para o resgate são tão difíceis que a Grécia está quase obrigada a não implementá-las", disse.
Tsipras faz marcha atrás
Na última ronda negocial, Tsipras teve pouco espaço negocial, com reduzida influência política e financeira, apesar do ‘Não' ter ganho o referendo na Grécia
Com as restrições de capitais, e os bancos fechados há três semanas, a economia grega está à beira do colapso.
Caso Tsipras rejeitasse as exigências dos credores a Grécia seria empurrada para fora da zona euro.
Sabendo que 80% dos gregos querem manter o euro, o primeiro-ministro helénico fez inversão de marcha, capitulando em quase todas as exigências anti austeridade de seu partido Syriza.
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