sexta-feira, 26 de junho de 2015

Passos: Grécia teve "flexibilidade muito maior" que Portugal e Irlanda

Alexandre Frade Batista e Paulo Zacarias Gomes
13:38 
O primeiro-ministro admite discutir sustentabilidade da dívida grega e novo envelope financeiro, mas só depois do actual programa estar fechado.



















Passos Coelho afirmou hoje, à saída da cimeira europeia em Bruxelas, esperar uma solução para a Grécia. 
Mas disse que o programa de reforma helénico, apesar da flexibilidade já revelada pelas instituições, continua a não ter uma dimensão estrutural para que os mercados possam acreditar numa solução.

Questionado sobre a declaração do primeiro-ministro grego, de que Portugal e Irlanda não sofreram a pressão que tem pendido sobre Atenas, Passos Coelho diz que "é uma falsa questão. 
Nem Irlanda nem Portugal beneficiaram de total flexibilidade nas negociações com a 'troika".

Apesar de referir que não há comparação entre as duas situações, acabou por fazer alguns paralelismos entre o cumprimento que Portugal fez do programa e a instabilidade por que passou o processo em Atenas, exemplificando que a Grécia já vai no quarto governo e ainda não conseguiu fechar a quinta avaliação.

O primeiro-ministro confirmou que as instituições apresentaram ao Eurogrupo uma proposta de extensão do programa - de seis meses -, de forma a dar à Grécia tempo para "endereçar" os actuais problemas. Mas negou que a questão orçamental resolva, só por si, a situação grega.

"Se [os problemas] forem bem respondidos, há abertura para que outros aspectos sejam endereçados no final desse prazo", deixando em aberto a possibilidade de discutir a sustentabilidade da dívida e a garantia de mais financiamento à Grécia "se isso for necessário no final desses 6 meses".

"Mas, primeiro, é preciso saber se se consegue ou não fechar um programa que faça sentido, que permita acreditar que a Grécia sobreviverá a esse ajustamento e pode posteriormente recuperar o crescimento e o emprego de forma sustentada. 
É isso que está em causa", acrescentou, em declarações transmitidas pelas televisões.

 Schäuble critica Atenas por não querer cortar na despesa

Antes das palavras de Passos Coelho, outras reacções ao impasse vivido entre Atenas e os credores foram chegando ao longo do dia de hoje, na véspera da reunião dos ministros das Finanças do euro.

Um dos membros do Eurogrupo, o ministro das Finanças alemão, defendeu que "se apenas chutarmos a lata pela rua abaixo, a situação será pior mais tarde". 
Schäuble afirmou, citado pela Reuters, que as propostas gregas estão apenas a aumentar impostos e contribuições, sem incluir cortes.

Outro responsável do governo alemão, o porta-voz Martin Jaeger, garantiu ser propósito para sábado encontrar uma solução, sublinhando que, contudo, falta um ingrediente essencial. 
É ele a vontade dos gregos de concordarem com as propostas dos credores. 
"Só então haverá uma solução. 
O governo grego tem de aproximar-se das instituições e aceitar a sua generosa oferta", afirmou.

Menos contundente, Matteo Renzi, primeiro ministro italiano, diz esperar "que seja possível atingir um acordo. 
A minha previsão é optimista".

Também a presidente lituana, Dalia Grybauskaite, diz achar que "ainda é possível um acordo". 
No entanto, frisa que "temos de esperar pela reunião de sábado e veremos. 
Não considero positivo discuti-lo agora, porque nem para a Grécia nem para o povo grego, nem para a Europa é bom falar disso. Necessitamos de avançar e tentar chegar a um acordo".

Wolfgang Faymann, chanceler austríaco, diz, por seu lado, não querer "especular". 
"Quero evitar o ‘Grexit'. 
Certamente não quero entrar num cenário negativo de ‘e se'. Necessitamos de optimismo", refere Faymann, para quem agora é necessário "puxar pelo plano A a toda a força".

Esta manhã, a Reuters noticiou várias medidas incluídas num programa de emergência criado pelo Eurogrupo para resolver a emergência financeira de Atenas. 
Estendendo a ajuda, numa primeira fase, até Novembro, os países do euro, em conjunto com o BCE, libertarão, ao abrigo desse plano, 16.300 milhões de euros para a Grécia cumprir com os pagamentos de 14.300 milhões de euros que tem de fazer à 'troika' ao longo dos próximos meses.

Sem comentários:

Enviar um comentário