sexta-feira, 26 de junho de 2015

Atenas quer que credores garantam financiamento e reestruturação da dívida

Lusa
01:48
Apesar das dificuldades, os dois elementos do Governo grego disseram acreditar num acordo este fim de semana

O Governo grego quer os credores garantam que Atenas tem financiamento assegurado nos próximos meses e aceitem algum tipo de reestruturação de dívida, acreditando que assim conseguirá passar um acordo no Parlamento no início da próxima semana.

Segundo um alto responsável do Governo grego, apesar do que hoje disseram alguns líderes europeus, as divergências entre os credores e Atenas não são agora maiores do que já foram, mas admitiu que ainda há pontos importantes a discutir.

Além de medidas como aumentos no IVA ou redução das pensões, a mesma fonte do executivo liderado por Alexis Tsipras disse em Bruxelas que Atenas quer que no acordo final haja "algo para a dívida e o financiamento" do Estado grego.

Mesmo com um saldo orçamental primário (diferença entre receitas e despesas, excluindo os juros da dívida) positivo, a Grécia precisa de financiamento para os próximos meses para fazer face a vários compromissos, como os reembolsos de dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI) ou ao Banco Central Europeu (BCE).

Atenas quer ainda um entendimento para aliviar a elevada dívida do país, que ascende a 180% do Produto Interno Bruto (PIB), quase o dobro da riqueza produzida por ano no país.

As medidas em causa podem passar por o BCE levantar os limites actualmente existentes à emissão de dívida pública do Estado grego e também os limites à exposição dos bancos gregos a essa dívida, pela entrega a Atenas dos 1.900 milhões de euros dos lucros do BCE com a dívida pública grega ou do uso para outros fins dos cerca de 10 mil milhões de euros que sobram do fundo destinado à recapitalização da banca.

Quanto à dívida especificamente, é proposta uma troca de dívida entre o BCE e o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira, o fundo de resgate do euro, ficando depois a pagar a dívida ao mecanismo em circunstâncias mais favoráveis, caso de prazos mais dilatados.

A Grécia está a cinco dias de ter de pagar 1,6 mil milhões de euros ao FMI, a 30 de junho. 
Além disso, em julho e agosto, tem ainda de amortizar 6.700 milhões de euros de dívida ao BCE.

Questionado sobre se num acordo para a reestruturação da dívida o FMI é aliado da Grécia, o responsável do Governo grego afirmou que é fácil mandar cortar a dívida quando o "dinheiro é dos outros".

"Não nos interessa ter uma reestruturação de dívida se tivermos um programa que só imponha recessão. 
Só estaremos a criar mais dívida", disse.

Quanto às outras medidas que estão a ser negociadas, o plano apresentado pelos Gregos é considerado pelos credores como tendo demasiado foco nos aumentos de impostos e contribuições das empresas, em vez de cortes na despesa.

Outra fonte do Governo grego, que falou aos jornalistas, lamentou que, ao contrário do que aconteceu com Portugal e Irlanda, os credores tenham rejeitado propostas alternativas do Governo grego com idêntico impacto orçamental.

Apesar das dificuldades, os dois elementos do Governo grego disseram acreditar num acordo este fim de semana.

Se houver entendimento na reunião do Eurogrupo que acontecerá no sábado, a quinta em dez dias, as medidas acordadas entre Atenas e os credores devem ir ao Parlamento grego na segunda-feira, a tempo de estarem aprovadas até terça-feira, data em que termina a extensão do actual programa de resgate - que deverá ser prolongado até final do ano - e quando a Grécia tem de pagar ao FMI.

As fontes do Governo grego afirmaram estar convencidas de que o Parlamento aprovará o plano com o apoio dos deputados dos dois partidos que suportam a coligação governamental: o Syriza e os Gregos Independentes.

Caso não haja acordo no Eurogrupo deste sábado, deverá haver uma cimeira de emergência sobre a Grécia no domingo.

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