sexta-feira, 26 de junho de 2015

Ferreira Leite: “Lagarde está em campanha eleitoral”

POLÍTICA
00:00 
Para a ex-ministra das Finanças, é o FMI que está a complicar as negociações entre a Grécia e os credores. “Deixem-nos experimentar” diz Manuela Ferreira Leite, e se não resultar “volta-se a falar”

Manuela Ferreira Leite atribui ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a responsabilidade pela demora nas negociações entre Bruxelas e Atenas. 
No habitual espaço semanal de comentário na TVI 24,  a antiga líder do PSD defendeu que Christine Lagarde, diretora-geral do FMI, está em campanha eleitoral e quer passar boa imagem, daí que esteja a dificultar todo processo. 

"A senhora Lagarde anunciou há uns dias que está disponível para o segundo mandato. 
É evidente que está em campanha eleitoral", por isso está "preocupada" em seguir os valores da instituição que representa, justificou Ferreira Leite.  
O FMI é a instituição mais técnica presente nas negociações, e pelas dificuldades que tem colocado, está a tornar a discussão sobre a Grécia "numa questão mais técnica do que política", frisou.

Insistir no pagamento não é a solução para a comentadora, pois "vale pouco largar-me aos gritos e dizer que me têm de pagar, se quem me deve não tem dinheiro".  
"Não percebo como um credor  não deseja que o devedor tenha dinheiro e enriqueça", acrescentou Ferreira Leite. 

Para a antiga ministra das Finanças, as medidas que o FMI propõe para Grécia vão afundar o país ainda mais, pois com os cortes as pessoas deixam de consumir. 
É precisamente no consumo que a Grécia "tem algum motor de crescimento". 
"O FMI faz exigências que não são exequíveis, o que torna tudo isto bizarro", afirmou. 

Manuela Ferreira Leite insiste em apontar o dedo à troika: "há falta de boa vontade de aceitar as propostas gregas" e um dos problemas é o facto de o Syriza "ser um partido de esquerda". 

"Deixem-nos experimentar", referiu Ferreira Leite, apontado que talvez seja altura da Grécia ter uma oportunidade. 
Depois, se não resultar "volta-se a falar". 

A fragilidade do projeto europeu 

"Não estão a querer salvar a Grécia pelo valor do país ou pelo valor euro. 
Estão a querer  salvar porque têm medo do que pode acontecer se a Grécia sair do euro", acusa Ferreira Leite. 
Este tipo de discurso "mostra a fragilidade do projeto europeu". 

A antiga ministra admite que o que mais a preocupa é "o discurso de receio que desmoraliza o projeto". 
No entanto, e para salvar a moeda única, a comentadora acredita que "não seja possível deixar cair a Grécia". 

"A engolir mais sapo menos sapo, acredito que vão arranjar solução", conclui.

Sem comentários:

Enviar um comentário