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Para a ex-ministra das Finanças, é o FMI que está a complicar as negociações entre a Grécia e os credores. “Deixem-nos experimentar” diz Manuela Ferreira Leite, e se não resultar “volta-se a falar”
Manuela Ferreira Leite atribui ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a responsabilidade pela demora nas negociações entre Bruxelas e Atenas.
No habitual espaço semanal de comentário na TVI 24, a antiga líder do PSD defendeu que Christine Lagarde, diretora-geral do FMI, está em campanha eleitoral e quer passar boa imagem, daí que esteja a dificultar todo processo.
"A senhora Lagarde anunciou há uns dias que está disponível para o segundo mandato.
É evidente que está em campanha eleitoral", por isso está "preocupada" em seguir os valores da instituição que representa, justificou Ferreira Leite.
O FMI é a instituição mais técnica presente nas negociações, e pelas dificuldades que tem colocado, está a tornar a discussão sobre a Grécia "numa questão mais técnica do que política", frisou.
Insistir no pagamento não é a solução para a comentadora, pois "vale pouco largar-me aos gritos e dizer que me têm de pagar, se quem me deve não tem dinheiro".
"Não percebo como um credor não deseja que o devedor tenha dinheiro e enriqueça", acrescentou Ferreira Leite.
Para a antiga ministra das Finanças, as medidas que o FMI propõe para Grécia vão afundar o país ainda mais, pois com os cortes as pessoas deixam de consumir.
É precisamente no consumo que a Grécia "tem algum motor de crescimento".
"O FMI faz exigências que não são exequíveis, o que torna tudo isto bizarro", afirmou.
Manuela Ferreira Leite insiste em apontar o dedo à troika: "há falta de boa vontade de aceitar as propostas gregas" e um dos problemas é o facto de o Syriza "ser um partido de esquerda".
"Deixem-nos experimentar", referiu Ferreira Leite, apontado que talvez seja altura da Grécia ter uma oportunidade.
Depois, se não resultar "volta-se a falar".
A fragilidade do projeto europeu
"Não estão a querer salvar a Grécia pelo valor do país ou pelo valor euro.
Estão a querer salvar porque têm medo do que pode acontecer se a Grécia sair do euro", acusa Ferreira Leite.
Este tipo de discurso "mostra a fragilidade do projeto europeu".
A antiga ministra admite que o que mais a preocupa é "o discurso de receio que desmoraliza o projeto".
No entanto, e para salvar a moeda única, a comentadora acredita que "não seja possível deixar cair a Grécia".
"A engolir mais sapo menos sapo, acredito que vão arranjar solução", conclui.
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