segunda-feira, 29 de junho de 2015

Traduzido e comentado: o que Varoufakis disse na reunião que “não orgulha a Europa”



INTERNACIONAL
29/06/2015  -  20h35
Quando estiver quase a acabar este texto, que é comentado em vídeo por Pedro Santos Guerreiro, vai encontrar esta pergunta: “Onde é que estavas no 27 de junho? 
E o que fizeste para evitar o que aconteceu?”. 
Varoufakis colocou-a no Eurogrupo de sábado, que acabou como o mundo sabe: sem ninguém saber se o 27 de junho foi ou não o princípio de algo incontrolável. 
O Expresso traduziu o que Varoufakis pronunciou: para que você possa ler e fundamentar informadamente a sua opinião.


NOTA DE VAROUFAKIS NO SEU BLOGUE, ONDE DISPONIBILIZOU O TEXTO
A reunião de 27 de junho de 2015 do Eurogrupo não vai ficar na história da Europa como um momento de que nos possamos orgulhar. 
Os ministros recusaram o pedido do governo grego para que fosse concedido ao povo grego uma mera semana durante a qual diriam 'Sim' ou 'Não' às propostas das instituições — propostas cruciais para o futuro da Grécia na Zona Euro. 
A simples ideia de que um governo consulte o seu povo quanto a uma proposta problemática que lhe é feita pelas instituições foi tratada com incompreensão e muitas vezes desdém que roçava o desprezo. Chegaram a perguntar-me: 'Está à espera que as pessoas normais compreendam questões tão complexas?'. 
Na verdade, a democracia não teve um bom dia na reunião do Eurogrupo deste sábado! 
Mas as instituições europeias também não. 
Depois de o nosso pedido ser rejeitado, o presidente do Eurogrupo quebrou o pacto de unanimidade (emitindo uma declaração sem o meu consentimento) e tomou mesmo a dúbia decisão de convocar um encontro sem o ministro grego, ostensivamente para discutir os 'passos seguintes'.  
É possível a coexistência de uma união monetária e da democracia? 
Ou uma delas tem de desistir? 
Esta é a questão fundamental a que o Eurogrupo decidiu dar resposta colocando a democracia na gaveta de baixo. 
De momento, esperemos.


INTERVENÇÃO DE VAROUFAKIS NO EUROGRUPO
No nosso último encontro (25 de junho), as instituições colocaram na mesa a sua oferta final às autoridades gregas, em resposta à nossa proposta de Acordo ao Nível de Staff (SLA) apresentada a 22 de junho (e assinada pelo primeiro-ministro Tsipras). 
Depois de uma longa e cuidadosa apreciação, o nosso governo decidiu que, infelizmente, a proposta das instituições não podia ser aceite. Dada a grande proximidade do prazo de 30 de junho, data em que o acordo de empréstimo corrente expira, este impasse preocupa-nos muito a todos e as suas causas devem ser rigorosamente examinadas.

Rejeitámos as propostas de 25 de junho das instituições por causa de uma série de razões poderosas. 
A primeira razão é a combinação de austeridade e injustiça social que imporiam a uma população já devastada por… austeridade e injustiça social. 
Mesmo a nossa proposta SLA (de 22 de Junho) é austera, numa tentativa de aplacar as instituições e assim ficar mais perto de um acordo. 
Só que o nosso SLA tentava passar o fardo desta renovada carnificina austeritária para aqueles que estão mais capazes de a suportar — isto é, concentrando-nos no aumento das contribuições dos patrões para os fundos de pensões em vez de reduzir ainda mais as pensões mais baixas. 
Ainda assim, mesmo o nosso SLA contém muitas partes que a sociedade grega rejeita.

Assim, tendo-nos empurrado para aceitar uma dose substancial de nova austeridade, na forma dos absurdamente grandes superavits primários (3,5% do PIB a médio prazo, ainda assim um tanto abaixo do número fantasmagórico acordado com os anteriores governos – i.e. 4,5% – , acabámos por ser forçados a fazer escolhas recessivas entre, por um lado, aumento de impostos/encargos numa economia onde os que pagam o que lhes é imposto já pagam com a corda na garganta e, por outro, reduções nas pensões/benefícios sociais numa sociedade já devastada por cortes maciços nos rendimentos básicos dos cada vez mais numerosos necessitados.

Deixem que vos diga, colegas, o que já trouxemos às instituições a 22 de junho, quando colocávamos na mesa as nossas próprias propostas: mesmo este SLA, o que propúnhamos, seria muito difícil de passar no Parlamento, dado o nível de medidas de recessão e austeridade que implicava. 
Infelizmente, a resposta das instituições foi insistir em medidas ainda mais recessivas, o mesmo é dizer paramétricas (isto é, aumento do IVA dos hotéis de 6% para 23%!) e, ainda pior, em passar o fardo em massa das empresas para os mais fracos membros da nossa sociedade (isto é, reduzir as pensões mais baixas, retirar o apoio aos agricultores, adiar para as calendas legislação que dá alguma proteção aos trabalhadores violentamente explorados).

As novas propostas das instituições, como vêm expressas no seu documento SLA/Ações Prioritárias  de 25 de junho, transformariam um pacote politicamente problemático — da perspetiva do nosso Parlamento – num pacote extremamente difícil de passar no nosso grupo parlamentar. 
Mas não é tudo. 
Fica cada vez pior que isso quando damos uma vista de olhos ao pacote de financiamento proposto.

























O que torna a proposta das instituições impossível de passar no Parlamento é a falta de resposta a uma pergunta:  estas medidas dolorosas dão-nos pelo menos um período de tranquilidade durante o qual podemos realizar as reformas e medidas acordadas? 
Haverá um choque de otimismo contra o efeito recessivo de uma consolidação fiscal extra que é imposta a um país que está em recessão há 21 trimestres consecutivos? 
Não, a proposta das instituições não oferece essa perspetiva.

E isso porque o financiamento proposto para os próximos cinco meses é problemático de várias maneiras:

. primeiro, não estabelece nenhuma provisão para as perdas do Estado, causadas por cinco meses a fazer pagamentos sem desembolsos e de rendimentos fiscais em queda como resultado da constante ameaça da saída da Grécia do Euro que tem andado no ar, por assim dizer;

. segundo, a ideia de canibalizar o Fundo de Garantia para pagar as obrigações da era do programa SMP do BCE constitui um claro perigo: estes montantes eram reservados, corretamente, para reforçar os frágeis bancos gregos, possivelmente através de uma operação que joga com os seus tremendos Empréstimos Não-Rentáveis que devoram a sua capitalização. 
A resposta que me foi dada por altos responsáveis do BCE, cujos nomes não revelo, é que, se for preciso, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF) será reposto para estar ao nível das necessidades de capitalização dos bancos. 
O ESM é a resposta que me deram. 
Mas, e este é um mas gigantesco, isto não faz parte do acordo proposto e, mais, não pode fazer parte do acordo uma vez que as instituições não têm mandato para comprometer o SME desta maneira – o que tenho a certeza Wolfgang não deixará de nos recordar. 
E, mais ainda, se este novo acordo pudesse ser feito, porque é que então a nossa proposta, sensata, moderada, de novo empréstimo do SME à Grécia, que ajude a passar a labilidade dos SMP do BCE para o SME, não é discutida?  
A resposta "não discutimos porque não" será muito difícil de transmitir ao meu Parlamento juntamente com mais um pacote de austeridade;

. terceiro, o plano de desembolsos proposto é um campo de minas de avaliações — uma por mês — que asseguraria duas coisas: primeiro, que o governo grego estivesse imerso, todos os dias, todas as semanas, no processo de avaliação durante cinco meses; e bem antes de estes cinco meses terminarem, entraríamos noutra entediante negociação do programa seguinte — uma vez que não há nada nas propostas das instituições capaz de inspirar a mais leve das esperanças de que no final de mais esta extensão a Grécia possa levantar-se sozinha nos dois pés;

. Quarto, dado que é claro à sociedade que a nossa dívida continuará insustentável no fim deste ano, e que o acesso aos mercados estará tão distante nessa altura como agora, não se pode contar com o FMI para desembolsar a sua parte, os 3,5 mil milhões com que as instituições estão a contar como parte do pacote de financiamento sobre a mesa.

Estas são razões sólidas para que o nosso governo não considere que tem mandato para aceitar a proposta das instituições ou para usar a sua maioria no Parlamento de forma a empurrá-la contra os estatutos.




























Ao mesmo tempo, não temos mandato para rejeitar também as propostas das instituições, sabendo do momento crítico da história que vivemos. 
O nosso partido recebeu 36% dos votos e o governo no seu todo representa pouco mais de 40%. 
Conscientes do peso da nossa decisão, sentimo-nos obrigados a colocar a proposta das instituições ao povo da Grécia. 
Empenhar-nos-emos a explicar-lhes completamente o que significa um "Sim" à proposta das instituições, a fazer o mesmo relativamente a um voto "Não", e a deixá-los decidir. 
Da nossa parte aceitaremos o veredito do povo e faremos tudo o que for necessário para o implementar — para um lado ou para outro.

Há alguma preocupação de um voto "Sim" ser um voto de desconfiança no nosso governo (já que recomendamos o "Não"), caso em que não podemos prometer ao Eurogrupo que estaremos em posição de assinar e implementar o acordo com as instituições. 
Não é assim. 
Somos democratas convictos. 
Se o povo nos der uma clara instrução para assinarmos as propostas das instituições, faremos tudo o que for preciso para o fazer - mesmo que isso signifique um governo remodelado.

Colegas, a solução do referendo é ótima para todos, dados os constrangimentos que enfrentamos:

. se o nosso governo aceitasse hoje a oferta das instituições, prometendo levá-la ao Parlamento amanhã, seríamos derrotados no Parlamento com o resultado de umas novas eleições a serem convocadas dentro de um longo mês – depois, o atraso, a incerteza e as perspetivas de uma solução bem-sucedida seriam muito, muito mais diminutas;

. mas mesmo se conseguíssemos fazer passar no Parlamento as propostas das instituições, enfrentaríamos um problema maior de propriedade e implementação. 
Em termos simples, tal como no passado os governos que impuseram políticas ditadas pelas instituições não puderam ganhar o povo para as tarefas, também nós iríamos falhar em consegui-lo.
























Quanto à questão que será colocada ao povo grego, muito se disse sobre qual devia ser. 
Muitos de vós disseram-nos, aconselharam-nos, instruíram-nos até, que deveríamos fazê-la como uma pergunta de "Sim" ou "Não" ao Euro. Deixem-me ser claro nisto. 
Primeiro, a questão foi formulada pelo Governo e já passou no Parlamento — e ela é "Aceita a proposta das instituições como nos foi apresentada a 25 de junho, no Eurogrupo?”  
Esta é a única questão pertinente. 
Se tivéssemos aceitado essa proposta há dois dias, teríamos tido um acordo. 
O governo grego está agora a fazer ao eleitorado a pergunta que você me fez, Jeroen – especialmente quando disse, e passo a citá-lo, "pode considerar, se quiser, isto como uma proposta de pegar ou largar". 
Bem, foi assim que a encarámos e estamos agora a honrar as instituições e o povo grego pedindo a este último que dê uma resposta clara à proposta das instituições.

Para os que dizem que, efetivamente, este é um referendo ao Euro, a minha resposta é: podem muito bem dizer isso, mas não faço comentários. 
É o vosso julgamento, a vossa opinião, a vossa interpretação. 
Não é a nossa! 
A vossa visão tem uma lógica mas apenas se contiver uma ameaça implícita de que um "Não" do povo grego à proposta das instituições seria seguido por manobras para expulsar a Grécia, ilegalmente, do Euro. 
Tal ameaça não seria consistente com os princípios básicos da governação democrática europeia e com o Direito Europeu.

Para os que nos dão instruções para colocar a questão do referendo como um dilema euro-dracma, a minha resposta é cristalina: os tratados europeus preveem saídas da Uniâo Europeia. 
Não preveem nenhuma medida para uma saída da Zona Euro. 
Com razão, claro, uma vez que a indivisibilidade da nossa União Monetária faz parte da sua razão de ser. 
Pedir-nos  que coloquemos a pergunta do referendo em termos de uma escolha envolvendo a saída da Zona Euro é pedir-nos para violarmos os Tratados da União Europeia e as leis da EU. 
Sugiro a quem queira que nós, ou outro governo, faça um referendo sobre a participação na União Monetária Europeia que recomende antes uma mudança dos Tratados.
























Colegas,

É tempo de tomar medidas. 
A razão por que estamos hoje neste impasse é só uma: a proposta de base do nosso governo ao Eurogrupo e às instituições, que fiz aqui no Eurogrupo na minha primeira intervenção de sempre, nunca foi levada a sério. 
Era uma sugestão de que fosse criado terreno comum entre o Memorando existente e o nosso novo programa de governo. 
Por instantes, a declaração do Eurogrupo de 20 de fevereiro levantou a hipótese desse terreno comum - dado que não fez referência ao Memorando e se concentrou numa nova lista de reformas do meu governo que seria apresentada às instituições.

Lamentavelmente, logo após o 20 de fevereiro, as instituições e a maioria dos colegas aqui na sala desejaram trazer de novo o Memorando para o centro da discussão e reduzir o nosso papel a mudanças marginais no mesmo. 
Foi como se nos dissessem, parafraseando Henry Ford, que podíamos ter qualquer lista de reformas, qualquer acordo, desde que fosse o memorando. 
O terreno comum foi assim sacrificado a favor da imposição ao nosso governo de um recuo humilhante. 
É a minha visão. 
Mas não é importante neste momento. 
Agora é o povo grego que decide.

A nossa tarefa, no Eurogrupo de hoje, deve ser limpar o chão para uma passagem suave para o referendo de 5 de julho. 
Isto significa uma coisa: que o nosso acordo de empréstimo seja prolongado por poucas semanas para que o referendo decorra em condições de tranquilidade. 
Logo após 5 de julho, se o povo votar "Sim", assinaremos a proposta das instituições. 
Até lá, durante a próxima semana, à medida que se aproximar o referendo, qualquer desvio à normalidade, especialmente no setor bancário, seria invariavelmente interpretada como uma tentativa para coagir os eleitores gregos. 
A sociedade grega pagou um enorme preço, através de uma enorme contração fiscal, no sentido de fazer parte da nossa união monetária. 
Mas uma união monetária democrática que ameaça um povo prestes a dar o seu veredito com controlos de capitais e encerramentos de bancos é uma contradição nos termos. 
Gostava de pensar que o Eurogrupo respeitará este princípio. 
Quanto ao BCE, que tem a custódia da nossa estabilidade monetária e da própria União, não tenho dúvida de que, se o Eurogrupo tomar hoje a decisão responsável de aceitar um pedido de extensão do nosso acordo de empréstimo que acabo de colocar na mesa, fará o que é preciso para dar ao povo grego mais uns dias para exprimir a sua opinião.

Colegas, este é o momento e as decisões que tomamos são momentosas. Daqui a uns anos poderão mesmo perguntar-nos: "Onde é que estavas no 27 de junho? 
E o que fizeste para evitar o que aconteceu?" 
E no mínimo deveríamos ser capazes de responder: demos a um povo que vive sob a maior depressão uma hipótese de reconsiderar as suas opções. 
Tentámos a democracia como meio de quebrar um impasse. 
E fizemos o que tínhamos a fazer para lhes dar uns dias para pensar e decidir.


























POST SCRIPTUM DE VAROUFAKIS NO SEU BLOGUE
O dia em que o presidente do Eurogrupo quebrou a tradição da unanimidade e excluiu por sua vontade a Grécia de um encontro do Eurogrupo 
Na sequência da minha intervenção, o presidente do Eurogrupo rejeitou o nosso pedido de extensão, com o apoio do resto dos membros, e anunciou que o Eurogrupo iria emitir uma declaração colocando o ónus deste impasse na Grécia e sugerindo que os 18 ministros (ou seja, os 19 ministros das Finanças da Zona Euro, exceto o ministro grego) se reunissem mais tarde para discutir formas e meios de se protegerem.

Nesse ponto pedi conselho jurídico ao secretariado sobre se uma declaração do Eurogrupo podia ser emitida sem a convencional unanimidade e se o presidente do Eurogrupo podia convocar uma reunião sem convidar o ministro das Finanças de um Estado-membro. Recebi a seguinte e extraordinária resposta: "O Eurogrupo é um grupo informal. 
Por isso não está sujeito aos tratados ou a regulamentos escritos. Embora a unanimidade seja convencionalmente usada, o presidente do Eurogrupo não está preso a regras explícitas". 
Deixo os comentários ao leitor.

Pela minha parte, tiro esta conclusão:
Colegas, recusar alargar o prazo do acordo de empréstimo por um par de semanas e assim dar tempo ao povo grego para deliberar em paz e calmamente sobre a proposta das instituições, especialmente dada a alta probabilidade de o povo aceitar estas propostas (contrariando o conselho do nosso governo), causará danos permanentes na credibilidade do Eurogrupo como um corpo democrático de decisão que reúne estados parceiros que partilham não só uma moeda comum, mas também valores comuns.

Tradução de António Costa Santos

Teodora Cardoso: Cenário grego pode comprovar vulnerabilidade de Portugal

29-06-2015 10:13
Economista lembra que a maior parte da dívida foi financiada pelo exterior, estando assim susceptível a factores externos. 















A presidente do Conselho de Finanças Públicas diz que o cenário grego pode comprovar a vulnerabilidade de Portugal do ponto de vista económico.
Teodora Cardoso sublinha a susceptibilidade da economia a factores externos, nomeadamente a situação grega, uma razão para acentuar a aposta nas exportações. 
“O problema de dívida no Estado, é que a maior parte da nossa dívida, quer pública, quer privada, foi financiada pelo exterior. 
Isso criou uma vulnerabilidade muito grande à economia”, observa.
“Como continuamos a estar vulneráveis, independentemente de termos melhorado muitas coisas, temos de continuar a garantir muita atenção às exportações. 
As importações vão ter de acontecer, quer para consumo, quer para investimento, as pessoas precisam de importar, mas temos, o mais possível, de encaminhar a economia para garantir que as exportações cobrem essa necessidade”, defende a economista.
A partir desta segunda-feira e ao longo de toda a semana, a presidente do Conselho de Finanças Públicas vai comentar, na Renascença, os temas determinantes para o futuro do país. 

A Grécia e os parceiros da Zona Euro terminaram as negociações no sábado, depois do anúncio por Atenas de um referendo a 5 de Julho às propostas dos europeus sobre o programa de resgate, que termina na terça-feira. 
Até 6 de Julho, os gregos só vão poder levantar 60 euros por dia. 
O pagamentos das pensões ficam isentos das restrições impostas às transacções bancárias e os estrangeiros, com cartão de crédito, não têm limitações.

Em termos políticos, o dia é marcado por encontros ao mais alto nível na Alemanha, em França e em Espanha. 
Angela Merkel, François Hollande e Mariano Rajoy reúnem-se com ministros e partidos. 
A Grécia está no topo da agenda. 

Atenas tem até ao final do mês para pagar 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). 
Se não conseguir pagar a prestação, entra em incumprimento. 
Os credores apresentaram uma nova proposta para resolver a crise da Grécia e manter o país no euro. 
As instituições internacionais pedem o agravamento de impostos e o fim de alguns subsídios. 




Será que o BCE cometeu um erro com a Grécia?

Charles Wyplosz
29 de junho de 2015














O BCE decidiu manter seu atual nível de liquidez de emergência para a Grécia (BCE de 2015) 
Ao se recusar a estender liquidez de emergência adicionais, o BCE decidiu que a Grécia deve sair da Zona Euro.
Esta pode ser uma necessidade legal ou um julgamento político, ou ambos.
De qualquer forma, ele levanta uma série de perguntas desagradáveis sobre o tratamento de um país membro e quanto à independência do banco central.

Como antecipado (Wyplosz, 2015)  , as negociações entre a Grécia levaram a lugar nenhum.
Como resultado, a Grécia é obrigada a usar como default em todas as dívidas com vencimento nos dias e semanas que virão.
Com um orçamento próximo do equilíbrio primário, o governo grego poderia ter seguiu em frente até que novas negociações sobre o inevitável write-down de sua dívida.

O risco para os gregos dessa "estratégia default 'tem sido sempre que dependia inteiramente da vontade do BCE para continuar a fornecer o sistema bancário grego com liquidez, especialmente em um momento de um banco gerido por depositantes racionais que colocam um risco diferente de zero de Grexit.
Ao longo das últimas semanas, o BCE forneceu a liquidez necessária em face de um "slow-motion run" em bancos gregos.

De repente, na manhã de 28 de Junho, o BCE parou de fornecer fundos de emergência para os bancos gregos.
Em uma auto-realizável crise forma clássica, é obrigado a decisão de transformar o "slow-motion run" em pânico.
  • As férias e de capitais controles bancários anunciadas irá criar algum espaço para respirar, mas muito brevemente.
Estas medidas não impedirá que o sistema bancário do colapso.
  • A consequência natural será o colapso do sistema bancário grego.
  • Nessa fase, possivelmente mais cedo, as autoridades gregas não terão escolha a não ser deixar a zona do euro e fornecer aos bancos o dracma re-criado.
O caos é obrigado a seguir na Grécia.

Por que o BCE fez isso

Por que o BCE congelar sua Assistência de Liquidez de Emergência (ELA) para a Grécia? O BCE irá, sem dúvida, vir acima com todos os tipos de justificativas legais. Seja verdade ou não, isso não vai mudar o resultado.

Se o BCE é verdadeiramente legalmente obrigados a parar ELA, isso significa que a arquitetura da zona euro é profundamente falhanço.
  • Se não, o BCE terá feito uma decisão política de importância histórica.
De qualquer maneira, este é um passo desastroso.

Quer se goste ou não, a cada banco central é um emprestador de última instância para os bancos comerciais.
  • Por não manter o sistema bancário grego à tona, o BCE está a falhar em uma responsabilidade central.
Uma explicação é que o BCE teme prejuízos.
Isto é parcialmente incorreto, parcialmente mal orientado.
É incorreto porque os empréstimos ELA são fornecidos pelo Banco Central da Grécia.
É o Banco Central da Grécia, e, portanto, o povo grego, que significa a sofrer perdas com inadimplência de bancos comerciais.
É mal orientado porque os bancos centrais não são entidades comerciais.
Aceitando perdas faz parte da sua missão de serviço público. Mantendo o sistema bancário à tona é parte de sua missão principal.

É verdade, quando os defaults do governo grego sobre o BCE em meados de julho, haverá perdas.
Aqui, novamente, este não é um bom motivo para parar de ELA.
  • Primeiro, porque Grexit vai garantir que a Grécia será default.
  • Em segundo lugar, porque, como mencionado acima, os bancos centrais devem aceitar perdas cumprir as suas missões.
  • Em terceiro lugar, esses defaults dizem respeito a obrigações com vencimento em tesouraria adquiridas pelo BCE, no auge da crise, como parte das operações de resgate realizadas em conjunto com o FMI e outros países da Zona Euro.
O problema é que o BCE estava vinculado pela cláusula de não resgate dos Tratados.
Ele escolheu para contornar a lei, e este deve estar no seu próprio risco.
Houve uma boa razão para ter uma cláusula de não-resgate, depois de tudo.
Seria moralmente correto que o BCE sofresse as conseqüências, e não a Grécia, que não tiveram nenhuma escolha, então, como explicado abaixo.

BCE deve aceitar a responsabilidade por suas escolhas passadas

Em termos mais gerais, o BCE deve aceitar a sua parte de responsabilidade pela gestão desastrosa da crise da dívida soberana grega.
Foi o BCE que recusou no início de 2010 um write-down da dívida grega (Blustein 2015) 

Contrafactuais nunca estão totalmente convincentes, mas um bom caso pode ser feito que esta decisão é a razão pela qual os programas gregos falharam.
Um início de write-down teria proporcionado alívio suficiente para evitar a estabilização fiscal profundo e carregado-frente que mergulhou a Grécia em uma depressão de longa duração.
Uma dívida write-off cedo teria reduzido as suas necessidades de financiamento e da dívida íngreme build-up que se seguiu.
Dívida de hoje poderia muito bem ser perfeitamente sustentável.

França, Alemanha e responsabilidade FMI

Os governos francês e alemão rapidamente apoiou a posição do BCE para proteger seus grandes bancos, que realizou grandes quantidades de títulos do governo grego.
Ele também foi apoiado por os EUA, que temia um novo "mega-Lehman" crise bancária.

Em maio de 2010, o FMI não foi capaz de atestar que, seguindo os empréstimos do programa, a dívida grega teve uma alta probabilidade de ser sustentável, por isso inventou uma nova cláusula: empréstimos que impedem uma dívida potencialmente insustentável pode ser autorizada se existe um sistémico risco para a economia global (Sterne 2014) 
Pode muito bem ter sido um tal risco sistémico , então recusando-se a escrever a dívida grega não pode ter sido um erro, nós simplesmente não sabemos com certeza.
Ainda assim, esse raciocínio carrega uma implicação perturbadora pois significa que a Grécia foi sacrificada para evitar o risco de uma crise global (Wyplosz 2011) 

As autoridades gregas foram coagidas a aceitar empréstimos para manter servir seus credores, incluindo instituições financeiras em outros lugares na Europa e os EUA.
A enorme dívida pública engavetamento que se seguiu é uma contribuição grega para a estabilidade financeira global.

Estranho papel do BCE na Troika

Além disso, juntando-se a Troika, o BCE também escolheu a desempenhar um papel estranho.
Nos programas normais, o FMI senta-se em um lado da mesa, enquanto as autoridades do país, o governo e o banco central, ocupam o outro lado.
Por estar do lado dos credores, o BCE viu-se na posição de impor condições e monitoramento.
Este é um aspecto do ponto mais geral feito por De Grauwe (2011) 

A razão profunda para a crise da dívida soberana da zona euro é que o euro é uma moeda estrangeira para os países membros.
Ele também fornece um exemplo de quão profundamente politizado o BCE tornou-se.
Nenhum outro banco central no mundo diz que seu governo deveria realizar reformas, nem como acentuada deve ser a consolidação fiscal.
Como membro da Troika, o BCE estava instruindo a Grécia para realizar políticas redistributivas profundamente, para que os políticos eleitos unicamente têm um mandato democrático.
No final, ele deve aceitar a culpa por políticas mal concebidas que provocaram uma profunda depressão e suas conseqüências políticas.

A decisão de congelar ELA está levando esse processo a politização a um novo patamar.
Com efeito, o BCE está empurrando a Grécia a sair da zona euro. Os políticos podem debater sobre a sabedoria de fazer a Grécia sair.
Como os funcionários não eleitos, as pessoas que se sentam no Conselho Directivo do Eurosistema não têm tal mandato.
A interpretação de caridade é que eles sentiram que muitos governos teria duramente criticado manter o fluxo de liquidez para os bancos gregos abertos depois que o governo grego em vigor fechou as negociações chamando um referendo.
Isso é verdade, mas a independência do banco central é projetada para evitar esse tipo de pressão.

Considerações finais: a independência do BCE minada

No papel, o BCE goza de independência total.
Seus membros do Conselho não podem ser revogados e o seu mandato longo de oito anos não pode ser renovado, de modo que que eles não têm de agradar governos dos países membros.
No entanto, eles relutantemente violaram a cláusula de não-resgate para agradar governos dos países membros.
Em seguida, eles levaram três anos para decidir sobre as transacções monetárias definitivas (OMT) programa de estudos - que trouxe alívio imediato - porque alguns governos membros se opuseram a ela.
Pela mesma razão, eles começaram a QE, sete anos após o Fed, provavelmente contribuindo para o período mais longo de sempre de ausência de crescimento na Europa.
E agora eles estão provocando Grexit, que vai transformar radicalmente a Zona Euro.
A adopção do euro já não é irrevogável, um fato que é obrigado a agitar os mercados financeiros com consequências desconhecidas.
A Grécia não é a única vítima; a governação da zona euro foi abalada.


References
De Grauwe, Paul (2011), “Managing a fragile Eurozone”, VoxEU.org, 10 May.
Paul Blustein (2015) “Laid low: the IMF, the Euro Zone and the first rescue of Greece”, CIGI Papers No. 61.
Sterne, Gabriel (2014) “The IMF crisis and how to solve it”, Oxford Analytics.
Wyplosz, Charles (2011) “The R word”, VoxEU, 29 April.
Wyplosz, Charles (2015) “The coming defaults of Greece” VoxEU, 27 April.
This article is published in collaboration with VoxEU. Publication does not imply endorsement of views by the World Economic Forum.

EM DIRETO : Grécia não vai pagar ao FMI

FUTURO DA GRÉCIA

A Grécia devia pagar, nesta terça-feira, 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional, mas não o vai fazer, de acordo com uma fonte oficial do executivo de Atenas. 
Siga em direto.



















Atualizações em direto
30/06/2015    0:20 Maria Catarina Nunes
Acordo sim, mas só depois do referendo

Há dois pontos chave que ficam das palavras de Alexis Tsipras: o governo grego ainda quer chegar a um acordo com a Europa, mas não através das propostas dos credores. 
É por isso que apela ao voto contra o resgate financeiro no referendo do próximo domingo, para dar a Atenas margem de manobra nas próximas negociações com Bruxelas.

“A democracia é o principal valor nesta terra. 
Já havia democracia neste país antes da União Europeia, zona euro e euro. 
Não vamos enterrar a democracia no seu local de nascimento porque algumas pessoas decidem que não podem dar extensão aos gregos para que decidam o seu futuro”, declarou o primeiro-ministro.

O liveblog do Observador termina hoje por aqui, retomamos a ligação amanhã com novas notícias e os próximos desenvolvimentos.


Obrigada por acompanhar-nos desse lado.

29/06/2015   23:30 Maria Catarina Nunes
Obama e Hollande discutem a crise grega

As últimas notícias juntaram ainda os presidentes americano e francês, que estão de acordo sobre a urgência de retomar a discussão sobre a Grécia. 
Recorde-se que o Francois Hollande abandonou a reunião do Eurogrupo, na passada sexta-feira, depois das notícias do atentado terrorista na fábrica “Air Products“, em França.

29/06/2015   22:57 Maria Catarina Nunes
Tspiras apela ao "Não" no Twitter

Apanhando os credores desprevenidos ao anunciar o referendo do próximo dia 5, Tsipras lançou o país na incerteza política e na agitação económica. 
Depois de tomadas as medidas que evitam a ruína (ainda maior) do sistema financeiro grego, o primeiro-ministro escreve no Twitter: “O referendo reforçará a nossa posição negocial”. 
Seja qual for o meio – redes sociais ou canal público de televisão – o primeiro apela constantemente à votação massiva: “Quanto mais alta a participação e o número de pessoas a votar “Não” mais forte será a nossa posição”.

Terminada a entrevista na ERT TV, o responsável grego agarra-se à sua conta no Twitter para carregar no assunto que já tinha puxado na televisão: “As instituições não estão interessadas em encontrar uma base comum, mas em impor medidas extremas”.

Recorde-se que nem Angela Merkel, nem Francois Hollande, líderes das duas maiores economias do euro, mostraram qualquer sinal de concessão. 
Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deu a sua opinião: “Se votarem “não” vai ser um desastre (…) 
Todo o planeta vai achar que os gregos querem distanciar-se da Europa”. 
Por outro lado, Wolfgang Schaeuble, ministro das Finanças alemão, disse em entrevista à ARD TV: “Não é possível destruir a Europa. 
A Europa está estável e vai permanecer unida”

29/06/2015   22:34 Maria Catarina Nunes
Depois da imposição do controlo de capitais na Grécia, Alexis Tsipras desafia os credores afirmando que os líderes europeus não se atreveriam a empurrar o país para fora do euro.

Durante a tarde de hoje, horas antes da entrevista do primeiro-ministro ao canal público grego, cerca de 12 mil pessoas juntaram-se na Praça Syntagma numa manifestação pelo “Não” ao referendo do próximo domingo. 
Munidos de cartazes e faixas onde se lia “Oxi” (palavra grega para “não”) ou “As nossas vidas não pertencem aos credores”, os gregos voltam às ruas de Atenas enquanto enfrentam a dura realidade de ver o seu dinheiro preso nos bancos. 

Tsipras, que passou pelos manifestantes quando ia a caminho da entrevista, disse que se o país saísse do euro o custo seria “enorme” e que não é isso que os credores pretendem.

29/06/2015   21:54 Diogo Queiroz de Andrade
Benoît Coeuré, francês da direção do BCE, assumiu em entrevista ao Les Echos que a saída da Grécia do Euro “já não pode ser excluída”. 
É a primeira vez que um elemento da direção do Banco Central Europeu assume de forma clara o cenário de exclusão dos gregos.

29/06/2015   21:52 Diogo Queiroz de Andrade
Visivelmente cansado, o primeiro-ministro diz que o Eurogrupo “não tratou a Grécia com respeito”, mas que a ideia do referendo é prolongar as negociações. 
E mais, não só as quer retomar, como avança que “o governo grego está na mesa de negociações, de onde nunca saiu” disse Tsipras em entrevista a ERT, estação de televisão pública que retomou a emissão este mês.

O primeiro-ministro helénico sublinha que o governo tentou tudo o que estava ao seu alcance para chegar a um acordo e fala das consequências e impacto de uma eventual saída da moeda europeia: “O custo de tirar o país da zona euro é enorme”. 
Reforça ainda, confiante, que a “Grécia não vai sair do euro porque o custo é demasiado grande.”


Na entrevista, que começou pelas cerca das 22h15, hora grega, Alexis Tsipras deixa claro que o “Eurogrupo não tratou a Grécia com respeito” e sublinha que uma eventual saída do euro não significa um abandono da democracia.

29/06/2015   21:02 Maria Catarina Nunes
“A Grécia vai implementar a decisão que ganhar pelos votos”, diz o primeiro-ministro helénico, referindo que os “credores não querem o referendo grego”. 
Alexis Tsipras já tinha dito que o objetivo do referendo era prolongar as negociações e acrescenta que, no final, a estratégia vai proporcionar ao governo grego “uma posição de negociação forte”.

29/06/2015   20:50 Maria Catarina Nunes
"Credores não querem a Grécia fora do euro", diz Tsipras

O primeiro-ministro grego acredita que “os credores não querem a Grécia fora do euro”, mas mesmo assim não facilitaram o entendimento: “Ofereceram um acordo que não é solução”. 
Alexis Tsipras fala ainda do berço do país: “A Grécia não abandona a democracia porque o programa termina”.

29/06/2015   20:35 Maria Catarina Nunes
"Queremos retomar as negociações", diz Tsipras

Em entrevista à televisão pública ERT, que retomou a emissão a 11 deste mês, Alexis Tsipras diz, que o “Eurogrupo não tratou a Grécia com respeito” e volta a referir que “querem retomar as negociações”.

Reforçando que o governo grego tentou tudo o que estava ao seu alcance para chegar a um acordo com os credores, Tsipras sublinha que recebeu um ultimato e que o objetivo do referendo é chegar a mais negociações.

O primeiro-ministro fala sobre o impacto e consequências de um eventual Grexit: “O custo da tirar o país da zona euro é enorme”. 

E acrescenta: “a Grécia não vai sair do euro porque o custo é demasiado grande”

29/06/2015   18:32 João Cândido da Silva
Grécia não vai pagar ao FMI

A Grécia não vai pagar ao Fundo Monetário Internacional o reembolso de 1,6 mil milhões de euros que era suposto ser liquidado nesta terça-feira, 30 de junho. 
A informação está a ser avançada pelo Wall Street Journal, que cita uma fonte oficial do governo grego.

29/06/2015   18:24 Filomena Martins
António Costa pede respeito pelo referendo

António Costa pronunciou-se também já sobre o referendo na Grécia. 
O secretário-geral do PS, apelou ao fim do confronto entre Governo grego e parceiros europeus e ao respeito pelo referendo de domingo, defendendo que, independentemente do resultado, deve ficar salvaguardada a integridade da zona euro, num resumo da agência Lusa.

As posições de António Costa constam de uma declaração publicada na edição digital do jornal oficial do PS, www.accaosocialista.pt, ao longo do qual insiste na importância de uma “negociação construtiva” e volta a criticar o Governo Português, considerando que demonstrou “imprudência” ao demonstrar uma alegada ausência de empenhamento na obtenção de um acordo entre as instituições internacionais e o Governo do Syriza, diz ainda a Lusa.
Não é a primeira vez que um Estado-membro recorre ao referendo para decidir questões com a União Europeia – e devemos respeitar essa decisão, como sempre respeitámos nos outros Estados-membros. É o povo grego que deve decidir e compete-nos a nós respeitar esse debate que nesta fase lhe pertence, nunca esquecendo, porém, que não há divergências políticas que possam ignorar a solidariedade devida ao povo grego”.
Para o secretário-geral do PS é “decisivo que, qualquer que seja o resultado do referendo, com este ou outro plano, seja garantida a integridade da zona euro, o financiamento das economias e uma política económica que permita o crescimento, a convergência e a criação de emprego”.
A Grécia é o trágico exemplo do insucesso da austeridade. Na zona euro nenhum país sofreu tanta austeridade e nenhum está em pior situação”, sustenta o líder do PS, numa crítica à linha económico-financeira seguida na zona euro desde 2010.
António Costa aproveita também para traçar uma linha de demarcação face à atitude que diz estar a ser seguida pelo executivo PSD/CDS.
O interesse nacional, o interesse das famílias e das empresas portuguesas, é fortalecer a zona euro e a capacidade de intervenção do BCE (Banco Central Europeu), como sempre defendeu o PS, contra a posição do Governo. É urgente substituir o confronto entre posições radicais por uma negociação construtiva. A intranquilidade que estamos a viver demonstra a imprudência de quem, como o governo português, não se empenhou num acordo e o erro estratégico de quem pensa ser possível virar a página da austeridade numa posição unilateral de confronto”.

29/06/2015   16:42 Edgar Caetano
Sobre a queda das bolsas, que estão prestes a encerrar na Europa, o comentário de Eduardo Silva, gestor da corretora XTB Portugal.

“Apesar das fortes quedas nos índices europeus, a sensação é de que existe alguma contenção e de que estes movimentos poderão escalar de uma forma dramática, perante um cenário de rutura total”.

Neste cenário de “risk-off” (fuga aos ativos vistos como mais arriscados), “o PSI20 é um dos índices mais visados e os preços das obrigações dos países periféricos seguem a oscilar em alta, diz o especialista.

Eduardo Silva nota que “com os últimos desenvolvimentos existe muita incerteza, o que parecia um cenário de afastamento definitivo, rapidamente evoluiu para indefinição em que nenhum cenário parece definitivo”.

“Assim, o referendo é agora o alvo da atenção dos investidores. Um sim significa que o governo deverá demitir-se para manter a credibilidade política, já que um governo mais moderado poderá aceitar o acordo”.

“Se, por outro lado, ganhar o não, poderemos assistir a uma saída da UE e do euro”, atira o especialista da XTB Portugal. 
“Os índices irão cair ainda muito mais do que vimos hoje, enquanto os juros vão realmente sentir a pressão”.

29/06/2015   16:01 Nuno André Martins
Alexis Tsipras será hoje entrevistado às 22h00 na televisão estatal grega, a ERT (20h00 hora de Lisboa). 
A confirmação foi dada no twitter na conta oficial do primeiro-ministro grego.


29/06/2015   15:55 Nuno André Martins
Jean-Claude Juncker pediu o ‘sim’ no referendo e ao Governo grego para dizer a verdade ao povo grego. 
O discurso onde o presidente da Comissão Europeia tentou explicar as propostas de Bruxelas e o que se passou durante as negociações pode ser lido na íntegra aqui .

O vídeo do discurso poder ser encontrado aqui e o das respostas aos jornalistas aqui .

29/06/2015   15:28 Edgar Caetano
Reuters: Grécia pediu 6 mil milhões ao BCE. Banco central recusou

O governo grego pediu um aumento de seis mil milhões de euros na liquidez de emergência do BCE, um pedido a que Frankfurt não acedeu. 
A notícia está a ser avançada pela Reuters 
Atenas pedia ao BCE que subisse o limite para 95 mil milhões de euros, face aos atuais 89 mil milhões, para fazer face ao aumento da fuga de depósitos nos últimos dias. 
Face à recusa do BCE deste aumento, que seria o maior de sempre, a opção foi anunciar o fecho dos bancos até 7 de julho.

29/06/2015   14:57 Edgar Caetano
Merkel não quer "influenciar" referendo que, admite, "tem a ver com o euro"

Depois de Jean-Claude Juncker ter instado os gregos a votar “sim” no referendo, Angela Merkel diz que “ninguém quer influenciar” o sentido do voto dos gregos, mas é responsabilidade dos líderes “explicar as consequências” de cada um dos cenários.

Em curtas declarações aos jornalistas em Berlim, Angela Merkel afirmou que “temos de ter cuidado com a mensagem que passamos”. 
Mas reconheceu que “este referendo tem alguma coisa a ver com o futuro do euro“. 
“É claro que sim”, atirou a chanceler alemã.

Angela Merkel repetiu os comentários feitos minutos antes num evento do partido CDU dizendo que as instituições fizeram uma “oferta generosa” a Atenas, mas que “não houve vontade de chegar a compromisso por parte do governo grego”. 
De qualquer forma, a Alemanha está pronta para voltar à mesa das negociações a qualquer momento, garantiu Merkel.

29/06/2015   14:20 Edgar Caetano
A (longa) pergunta que vai a referendo. Hipótese "não" surge em primeiro

A pergunta no referendo grego, traduzida para inglês.


Em português, podemos tentar traduzir da seguinte forma: “Deve o plano do acordo ser aceite, aquele que foi proposto pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional na reunião do Eurogrupo de 25 de junho de 2016 e que está dividido em duas partes, que constituem a sua proposta unificada? 
O primeiro documento tem o título “Reformas para a Conclusão do Programa Atual e Além” e o segundo “Análise Preliminar de Sustentabilidade da Dívida”.

Não aceitar/Não

Aceitar/Sim”

Esta será, segundo informação que está a ser divulgada, a longa questão à qual os cidadãos gregos serão convidados a responder. Ao contrário do que é comum nestas situações, o “não” aparece em cima.

29/06/2015   13:41 Edgar Caetano
PS critica governo de Passos Coelho e, também, o Syriza

O PS criticou hoje o Governo português por alegada falta de empenhamento num acordo entre a Grécia e os restantes Estados-membros da zona euro e o executivo do Syriza por optar por uma estratégia de “confrontação”.

Marcos Perestrello, líder da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, falava em conferência de imprensa, depois de interrogado sobre a ausência de acordo entre o Governo grego e os credores, representados pelas instituições da ‘troika‘ (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia).

“O PS acompanha a evolução da situação da Grécia e da Europa com elevada preocupação, já que a falta de acordo é uma péssima notícia para a Europa e para Portugal”, declarou o vice-presidente da bancada socialista.

Na perspetiva do dirigente socialista, o Governo português “errou ao não se empenhar na obtenção desse acordo, mas também consideramos que o Governo grego do Syriza errou ao assumir uma opção estratégica de confrontação com as instituições europeias”.

Mais do que as consequências do referendo convocado pelo Governo do Syriza sobre o acordo que é proposto pelos credores à Grécia, Marcos Perestrello preferiu salientar que “um não acordo é muito prejudicial para a Europa e para Portugal”.

“Deve haver um esfoço de todas as partes envolvidas na obtenção de um acordo”, frisou, antes de criticar também “o excesso de austeridade” a que a Grécia foi sujeita desde 2010.

29/06/2015   13:40 Edgar Caetano
Paulo Portas diz, "com todo o respeito", que Portugal não é a Grécia

O vice-primeiro-ministro Paulo Portas voltou a frisar hoje que Portugal está muito longe da situação da Grécia, enumerando uma série de objetivos cumpridos pelo país, não só na altura da assistência financeira mas também no ‘pós-troika’.

Paulo Portas, que falava na conferência “Caixa 2020 – Serviços, Comércio e Restauração”, no Estoril, afirmou que Portugal conseguiu fechar o programa com a ‘troika‘ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) “no primeiro momento possível, teve a liberdade de não escolher um programa cautelar, não pediu mais tempo e não pediu mais dinheiro”.

O vice-primeiro-ministro adiantou que o país “terá pela primeira vez um défice abaixo dos 3% [do PIB]“, ficando “livre de sanções ou de ameaças”, fazendo “um reembolso antecipado do empréstimo do FMI” e estando “num ciclo de crescimento económico”.


“Com todo o respeito, não há qualquer comparação entre a situação de Portugal e da Grécia”, observou Paulo Portas no dia em que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, se afirmou “entristecido com o espetáculo que a Europa deu no passado sábado”, considerando que a rutura das negociações sobre a Grécia no Eurogrupo constitui um rude golpe na consciência europeia.

29/06/2015   13:35 Edgar Caetano
Cavaco Silva pede entendimento mas lembra que "até Portugal" emprestou dinheiro à Grécia

“Gostaria que houvesse um entendimento” entre a Grécia e os credores, afirmou esta segunda-feira o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, em Paços de Ferreira. E acredita que esse entendimento chegará? 
“Acreditar é uma coisa diferente”, respondeu Cavaco Silva, em resposta a uma questão de um jornalista.

O Presidente da República notou que os contribuintes europeus já emprestaram “muito mais do que 200 mil milhões de euros” à Grécia – “Até Portugal emprestou bastante à Grécia”, considerou o Presidente da República. 
“O que me chega de informação do Eurogrupo é que a proposta apresentada tem em boa linha de conta as pretensões da Grécia mas sem esquecer que a união monetária nunca poderá funcionar se não forem respeitadas as regras que constam dos Tratados”, defendeu o responsável.

Cavaco Silva acrescentou que “o euro não irá fracassar”, mesmo que a Grécia saia. 
“A zona do euro são 19 países. 
Eu espero que a Grécia não saia, mas a zona euro são 19 países, há mais 18 países e existem países que querem entrar no euro”, notou.

“Penso que a zona euro irá sobreviver com a mesma força que teve no passado. 
Quanto a isso eu não tenho dúvidas, mas é bom não especular” sobre uma saída da Grécia da zona euro, concluiu

29/06/2015   13:01 João Cândido da Silva
No site do World Economic Forum, Charles Wyplosz, professor de Economia Internacional em Genebra, Suíça, questiona a atuação do Banco Central Europeu na crise grega, sobretudo a decisão de não aumentar o limite da Emergency Liquidity Assistance, o que ajudaria o banco central grego a assegurar recursos aos bancos comerciais do país. 
No artigo, Wyplosz afirma que este foi um “passo desastroso” e que, “quer se goste ou não, todos os bancos centrais são credores de último recurso para os bancos comerciais”. 
Ao decidir não manter o sistema financeiro grego à superfície, o BCE está a faltar a uma “responsabilidade crucial”.

29/06/2015   12:35 Nuno André Martins
Jean-Claude Juncker diz que foi surpreendido pela decisão de avançar para um referendo o surpreendeu e que Alexis Tsipras não o avisou dessa intenção, depois de vários dias de negociações entre os dois responsáveis, afirma-se desiludido.

“Eu não fui informado pelo senhor Tsipras que iria avançar para um referendo. (…) 
Foi uma surpresa para mim. (…) 
Fiquei desiludido, a um nível político e…como posso dizer… como ser humano. 
Tentei tudo e eles sabem disso”

29/06/2015   12:30 Nuno André Martins
Juncker: Governo grego devia dizer a verdade ao povo grego

O presidente da Comissão Europeia manteve esta manhã a porta aberta para ainda se conseguir um acordo, defende que a Grécia tem o direito de colocar a questão a referendo, mas acusa Tsipras de não dizer toda a verdade ao povo grego.

Jean-Claude Juncker apresentou as propostas da Comissão e diz que o faz para o povo grego saiba a verdade sobre as negociações e sobre as propostas que foram apresentadas pelos credores, defendendo o esforço e a flexibilidade europeia. 
Ao Governo de Atenas, diz para dizer a verdade em vez de passar uma mensagem simplificada de defesa do não no referendo.

As propostas dos credores mantêm-se.
Não tenho de fazer novas propostas hoje, estou a descrever as propostas que estavam em cima da mesa e com as quais podíamos ter chegado, devo dizer facilmente, a acordo no Eurogrupo do sábado passado. O que sabe o povo grego sobre a nossa flexibilidade e determinação para os ajudar? O que sabem sobre os detalhes das nossas propostas comuns? O que sabem sobre esta ultima oferta?”
O que sabe o que o povo grego sobre tudo isto? A razão pela qual estou a falar à imprensa, e através de vocês ao povo grego, é que eles têm de saber a verdade, têm de saber o que estava em cima da mesa, têm de saber todos os detalhes”.
O governo grego devia dizer toda a verdade ao povo grego em vez de simplificar a sua mensagem para uma mensagem de campanha pelo ‘não’ no próximo domingo. (…) A democracia grega tem todo o direito de colocar esta questão, mas todo o cidadão merece saber a verdade e tem de saber que do nosso lado a porta ainda está aberta”

29/06/2015   12:18 Nuno André Martins
Bruxelas disse a Tsipras que negociaria dívida pública já no outono

“Dissemos [Juncker e Jeroen Dijsselbloem] que o Eurogrupo estaria disposto a conversar sobre medidas de alívio de divida, em linha com o acordado no Eurogrupo, já este outono. 
Já falamos com o presidente do MEE sobre como isto poderia funcionar isto. 
O primeiro-ministro Tsipras adorou isto”, diz o presidente da Comissão Europeia.

29/06/2015   12:15 Nuno André Martins
“São exigidos menos 12 mil milhões de euros de poupanças à Grécia nos próximos anos. 
E o Governo grego até já concordou, depois de intensas negociações”, diz Jean-Claude Juncker, que agora defende a proposta feita pelos credores.

O responsável europeu diz que o programa apresentada “não é um programa de austeridade estúpido” e que “algumas medidas vão custar no início, mas o programa vai muito além da austeridade”.

Juncker diz mesmo que em certas alturas foi mesmo a Comissão a insistir em medidas de apoio social perante o próprio Governo grego.

O presidente da Comissão Europeia garante que em nenhuma das propostas da troika estavam previstos cortes de salários ou cortes de pensões.

“É um programa que cria mais justiça social, mais crescimento, uma administração pública mais moderna e transparente”, acrescenta.

Juncker defende também os cortes na despesa militar: “Nós defendemos cortes no orçamento para a Defesa. 
E acho que estamos completamente certos em pedir mais cortes no orçamento para a Defesa”.

29/06/2015   12:02 Edgar Caetano
Líderes do Parlamento Europeu reúnem-se de emergência com Juncker

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e os líderes dos grupos parlamentares vão ter hoje uma reunião de emergência com o presidente da Comissão Europeia para discutir a situação da Grécia.

O encontro entre os líderes do Parlamento Europeu e Jean-Claude Juncker arrancará pelas 14h45 (hora de Bruxelas, menos uma em Lisboa).

29/06/2015   12:00 Nuno André Martins
O presidente da Comissão Europeia critica ainda os líderes do Governo grego, acusando-os de faltar à verdade e de tentarem colocar a Grécia contra a União Europeia, falando de interesses partidários.
Os nossos esforços foram quebrados com o anúncio do referendo e pela campanha pelo não, sem dizer toda a verdade“.
Jogar uma democracia contra a outra não é uma atitude digna da grande democracia grega”
 29/06/2015   11:58 Nuno André Martins
Juncker: "Sinto-me um pouco traído"
“Sinto-me um pouco traído, porque não se deu grande consideração pelos meus esforços pessoais e pelos esforços dos outros”, diz Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia na conferência de imprensa em Bruxelas onde fala agora sobre a Grécia.

“Fiz tudo o que pude, outros fizeram tudo o que puderam, e não merecemos o esforço que nos é dirigido. 
Eu não mereço, o presidente do Eurogrupo não merece, que fez todos os esforços para conseguir um acordo”, acrescenta.

Juncker ataca as táticas e os jogos e diz que esta negociação não é um jogo: “Não há vencedores ou perdedores. 
Ou vencemos todos ou perdemos todos”.

O presidente da Comissão Europeia diz também que nenhuma democracia vale mais que as outras na Europa, e que quer manter a zona euro com 19 membros, e alargar este número mais tarde.

29/06/2015   11:56 Edgar Caetano
"Tsipras é um mentiroso e um cínico", acusa Nicolas Sarkozy

“A Grécia escolheu um governo que quer todas as vantagens e nenhuma responsabilidade”, diz o ex-Presidente francês Nicolas Sarkozy. 
Assim, o povo grego elegeu um “governo irresponsável e cínico” e um primeiro-ministro (Alexis Tsipras) que “mentiu” de forma cínica ao “fazer promessas que sabia que não conseguiria cumprir”.

As declarações de Sarkozy foram proferidas numa conferência em Madrid. São citadas pela agência Bloomberg.

29/06/2015   11:50 Edgar Caetano
Merkel: "Europa não pode colocar de lado os seus princípios"

“Não podemos, simplesmente, colocar de lado os nossos princípios”, diz Angela Merkel numa reunião do seu partido em Berlim. 
Isto porque todos “queremos uma Europa forte”, diz a responsável que, dentro de momentos, irá discursar perante todo o Parlamento alemão.

Isto não invalida que tenha de haver “compromissos” para cada desafio que surge. 
Só assim se consegue preservar uma união que, “mais do que uma moeda comum, é um fórum de confiança mútua”.

29/06/2015   11:39 João Cândido da Silva
Paul Krugman: Criação do euro foi um erro tremendo

Paul Krugman, no New York Times : “É óbvio já há algum tempo que a criação do euro foi um erro tremendo”. 
O prémio Nobel da Economia considera que a Grécia terá chegado a um “ponto de não retorno”. 
Os eleitores gregos “devem votar ‘não’” no referendo de 5 de julho e o governo “devia estar preparado, se necessário, para abandonar o euro”.

29/06/2015   11:27 João Cândido da Silva

29/06/2015   11:19 João Cândido da Silva
Uma declaração de um analista do Standard Bank, citada pelo Wall Street Journal: “A Grécia representa menos de 2% da economia europeia. 
Quando esta saga terminar, os políticos europeus estarão em condições de se focarem em melhorar a produtividade dos restantes 98%”.

29/06/2015   10:58 Edgar Caetano
Goldman Sachs pouco preocupada com Grexit

“As autoridades europeias estão preparadas e equipadas para preservar a integridade da zona euro perante a turbulência nos mercados e na economia que provenha da Grécia”. 
Esta é a análise do economista Huw Pill, da Goldman Sachs, que diz que “será uma viagem turbulenta, mas já vimos pior”.

“Ainda que os mercados devam ser penalizados nos próximos dias, não antecipamos uma repetição da ameaça sistémica e existencial para a zona euro, como o que aconteceu em 2011 e 2012″, acrescenta Huw Pill.

O economista diz que “o BCE deverá, provavelmente, ter de arcar com a responsabilidade de agir, provavelmente por via de uma aceleração das compras de dívida pública dos países mais vulneráveis”. 
Os juros de Portugal estiveram a disparar quase 40 pontos, voltando a superar os 3% a 10 anos, mas a queda amenizou: os juros a 10 anos sobem 22 pontos para 2,94%.

29/06/2015   10:45 Edgar Caetano
Merkel pronta para falar com Tsipras. Basta este querer.

Porta-voz de Angela Merkel, Steffen Seibert, levantou um pouco o véu sobre o que será o discurso da chanceler alemã no Parlamento, dentro de momentos. 
Angela Merkel está “pronta para retomar as negociações com Alexis Tsipras, caso este deseje“, garante o porta-voz.

Também um porta-voz do Ministério das Finanças diz que o ministro Wolfgang Schäuble está “pronto para continuar a conversar com Yanis Varoufakis“. 
E deixa claro que a Alemanha não teria tido qualquer problema com um referendo na Grécia se este tivesse acontecido mais cedo.

Recorde-se que a 19 de maio  Yanis Varoufakis dizia-se contra um referendo. 
“Seria injusto para os cidadãos gregos obrigá-los a tomar uma posição [sobre os termos de um eventual acordo], pedindo-lhes que respondessem sim ou não”, dizia o ministro das Finanças da Grécia há pouco mais de um mês.

29/06/2015   10:45 Nuno André Martins
Se o programa grego terminar esta terça-feira como está previsto, mais ajuda só com um terceiro programa de resgate, avisa o ministro das Finanças de Espanha.

Luis De Guindos diz ainda que será muito mais difícil ajudar a Grécia se o programa terminar amanhã e que o anúncio do referendo foi uma grande mudança nos termos da negociação, que terminou no sábado sem qualquer acordo. 
O ministro espanhol garante ainda que a reestruturação da dívida pública grega nunca esteve em cima da mesa.

O candidato a presidente do Eurogrupo diz também que não teve contacto com o seu homólogo grego desde sábado, quando a reunião do Eurogrupo continuou mas sem a presença do ministro grego, para discutir planos de contingência, após falharem as negociações.

O Governo grego tem rejeitado desde o primeiro momento um terceiro programa para a Grécia e, até agora, ainda nem conseguiu acordar em terminar o atual. 
Recorde-se que o programa do FMI ainda vai continuar até ao final do primeiro trimestre de 2016, mas não avança qualquer desembolso sem o fim da revisão atual.

29/06/2015   10:37 Nuno André Martins
O ministro da Energia da Grécia, Panagiotis Lafazanis, faz a campanha do Governo pelo não no referendo, mesmo depois de Alexis Tsipras enviar mais uma pedido de extensão do programa para Bruxelas.

O Eurogrupo rejeitou um pedido das autoridades gregas de extensão do programa por um mês apenas, depois de o primeiro-ministro anunciar a realização do referendo.

Os ministros das Finanças colocaram ainda dúvidas a como poderia seguir-se uma negociação, mesmo que o sim ganhasse, considerando que seria este Governo, que não aceita o programa, que teria a responsabilidade de o implementar.

29/06/2015   10:22 Edgar Caetano
China confia na "capacidade e sabedoria" da UE

A China manifestou hoje confiança na “capacidade e sabedoria” da União Europeia para resolver a crise da dívida grega e reafirmou que a Grécia deve continuar na zona euro.

“A China apoia a integração europeia e uma estável, unida e próspera União Europeia. 
Acreditamos que a zona euro tem capacidade e sabedoria para resolver a crise da divida. 
Desejamos que a Grécia continue na zona euro”, disse a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying.

Foi a segunda vez no espaço de três dias que a China defendeu publicamente a continuação da Grécia na zona euro.

29/06/2015    10:07 Edgar Caetano
A visão do Bruegel: Um euro depositado na Grécia já vale menos do que um euro em França ou Alemanha

Guntram B. Wolff, economista do think tank Bruegel, diz que “controlos de capitais são uma contradição quando se fala em união monetária”. 
“Um euro só é um euro quando pode circular livremente em toda a união monetária”, diz Guntram Wolff, pelo que “com controlos de capitais, um euro grego vale menos do que um euro francês ou alemão, pelo que deixa de ser um euro“.

Pode encontrar o resto da argumentação de Guntram Wolff, em inglês, neste link .

29/06/2015   9:49 Edgar Caetano
Hollande: Referendo será entre "ficar e sair" do euro

Para que não restem dúvidas: François Hollande, o Presidente francês, diz que o referendo agendado para dia 5 de julho colocará os gregos perante uma escolha: ficar ou sair da zona euro.

Publicamente, o governo grego tem preferido não colocar a questão nesses termos – até porque o referendo apenas irá perguntar se o governo deve ou não aceitar a proposta dos credores. 
Mas além de Hollande, também o britânico David Cameron deixou claro que o referendo prende-se com a permanência ou não na zona euro.

O Presidente francês deixou claro que França defende que a Grécia deve permanecer no euro. 
Mas, como admitiu o ministro das Finanças Michel Sapin, a saída do euro é “uma possibilidade

29/06/2015   9:12 Edgar Caetano
No terreno, o dia parece ter acordado calmo

“A vida continua” em Atenas, diz uma jornalista da CNBC, que fotografa o centro da cidade a partir do hotel.


29/06/2015    9:08 Edgar Caetano
Juncker fala às 11h45, hora de Lisboa

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, vai liderar uma conferência de imprensa às 11h45 para falar sobre a crise na Grécia. 
Mas a porta-voz de Bruxelas garante que não serão apresentadas novas propostas a Atenas.


Entretanto, à chegada ao Ministério das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis não fez qualquer comentário.


29/06/2015   9:02 Edgar Caetano
Um retrato do descalabro nas ações da banca europeia

As ações dos bancos europeus estão a ser as principais penalizadas pela incerteza em torno da Grécia.

Na bolsa de Lisboa, o BCP está a cair 7,7% e o BPI 6,5%.

Em Espanha: Banco Popular cai 10%, Santander desce 6,1%. 
Em Paris, BNP Paribas desce 5,5% e Crédit Agricole perde 5,7%.

As perdas marcam também a sessão na banca alemã: Commerzbank desce 5,1% e o Deutsche Bank recua 5,8%.

29/06/2015   8:47 Edgar Caetano
Transportes gratuitos durante o feriado bancário

Os transportes urbanos vão ser gratuitos em Atenas durante a semana de vigência das medidas de controlo de capitais na Grécia, anunciou hoje o vice-ministro dos Transportes, Jristos Spirtzis.

O decreto ministerial que o determina foi pensado para facilitar a vida dos cidadãos durante o período de vigência das medidas de controlo de capitais, indicou, em comunicado.

A medida terá um custo de cerca de quatro milhões de euros, estima-se.

29/06/2015   8:38 Edgar Caetano
Estrangeiros podem levantar dinheiro sem limites. Exceto um.

Quem se dirigir a uma caixa Multibanco, na Grécia, com um cartão emitido por um banco estrangeiro conseguirá levantar mais do que os 60 euros por dia que são o limite instaurado pelos controlos de capitais. 
Isto, claro, se a máquina tiver dinheiro.

Segundo esta jornalista do Proto Thema, 2.191 de um total de 5.449 caixas ATM no país já estão vazias.


A isenção dos controlos de capitais aos cartões estrangeiros é uma das clarificações enunciadas esta manhã pelo governo grego. Confirma-se que os bancos estarão encerrados até 6 de julho e o governo grego garante que até ao meio-dia de hoje estarão regularizados os casos de caixas Multibanco vazias.

Os pagamentos por débito ou créditos nas lojas vão funcionar de forma normal, bem como as transferências através de net banking. Desde que as transferências não sejam para fora da Grécia – aí será necessária aprovação do Ministério das Finanças.

O governo reserva o direito de prolongar ou reduzir este período de feriado bancário.

29/06/2015   8:21 Edgar Caetano
Merkel vai falar ao Parlamento alemão às 12h30

A chanceler alemã Angela Merkel vai discursar no Parlamento alemão a partir das 12h30, hora de Lisboa. 
Para o grego Yanis Varoufakis, Merkel “tem a chave para resolver” o impasse atual.

29/06/2015   8:17 Edgar Caetano
Juncker vai hoje apresentar "nova proposta" a Atenas

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, afirmou que há “margem para negociação” entre Atenas e os credores e revelou que Bruxelas apresenta ainda hoje “novas propostas” para tentar evitar o incumprimento grego.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, “vai indicar o caminho a seguir”, afirmou Moscovici à rádio francesa RTL, citado pela agência Lusa, defendendo que ainda há “margem para negociação” entre Atenas e os seus credores internacionais.

Atenas estava “a poucos centímetros” de distância de um acordo quando as conversações foram interrompidas durante o fim de semana, afirmou Moscovici.

“Temos de continuar a dialogar”, frisou, acrescentando que “a porta está sempre aberta às negociações”.

29/06/2015   8:13 Edgar Caetano
Se gregos votarem "não", restarão "poucas opções construtivas", diz membro do BCE

O austríaco Ewald Nowotny diz que a situação na Grécia é “dramática” e que, se os gregos votarem “não” no referendo marcado para o próximo domingo, “restarão poucas opções construtivas”.

Ainda assim, Nowotny afirmou que, na sua opinião, uma falha de pagamento pela Grécia na terça-feira não equivale a um incumprimento. 
Isto porque a dívida é para com o FMI e a instituição tem regras próprias e um não-pagamento não levaria, necessariamente, a que o BCE considerasse o Estado (e, portanto, os bancos) insolvente.

É por esta razão que várias pessoas olham mais para o próximo dia 20 de julho como o momento até ao qual se terá de ter chegado a um acordo. 
É que nesse dia a Grécia tem de pagar 3,5 mil milhões de euros em dívida que está nas mãos do BCE.


29/06/2015   8:06 Edgar Caetano
Bolsa de Lisboa abre a cair mais de 5%

As previsões mais pessimistas para a abertura dos mercados europeus estão a confirmar-se. 
As bolsas estão a abrir em forte queda, com o PSI-20 de Lisboa a descer 5,32%.

Lá fora, o cenário é quase tão negativo: a bolsa francesa está a descer 4,3% – a sessão mais negativa desde 2011. 
Até a bolsa de Frankfurt está a cair: 4,4%.

29/06/2015   7:55 Edgar Caetano
Bruxelas considera "justificados" os controlos de capitais

A Comissão Europeia acaba de emitir um comunicado em que diz que “numa análise preliminar às medidas de controlo de capitais, estas parecem, prima facie, justificadas” com base em fatores de política pública e segurança pública.

Bruxelas defende, contudo, que tendo em conta o princípio da livre circulação de capitais, “os controlos de capitais devem ser aplicados pelo período mais curto que for possível”.

“A Comissão está preparada para ajudar as autoridades gregas com os aspetos técnicos deste trabalho”, remata o comunicado 

29/06/2015   7:44 Edgar Caetano
Ministro espanhol tem "a certeza" de que Grécia não sairá do euro

Vários governos da zona euro estão em “modo de gestão de crise”, aproveitando o dia de hoje para afinar estratégias para lidar com este problema sem precedentes. 
Esta manhã, o ministro da Economia espanhol Luis de Guindos já veio dizer que “a situação de Espanha é muito diferente da Grécia“, mostrando-se, ainda assim, confiante de que “ainda existe a hipótese de haver negociações antes do final do prazo” com vista a um acordo entre credores e Atenas.

O prazo a que se refere Luis de Guindos é já a próxima terça-feira, amanhã, dia em que expira a extensão do segundo resgate e que a Grécia tem de pagar 1,6 mil milhões ao FMI.

“Uma maioria significativa dos gregos quer permanecer no euro”, diz Luis de Guindos, dizendo, por essa razão, que tem “a certeza” de que o país não sairá da união monetária. 
Isso não invalida, contudo, que o país terá uma “recessão muito profunda”, que só ampliará as dificuldades do país.

29/06/2015   7:29 Edgar Caetano
O gráfico da Bloomberg mostra a forte subida dos juros da Portugal na manhã de hoje, para níveis registados há cerca de duas semanas. 
A magnitude da subida desta manhã, em que os juros já chegaram a subir 47 pontos base, só é comparável aos dias conturbados de janeiro, nas vésperas da eleição do novo governo na Grécia.

A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, admitiu que pode haver “alguma perturbação nos mercados” face à rutura nas negociações com a Grécia, pois é uma “situação que nunca foi vivida antes”, mas considerou que Portugal está muito mais bem preparado graças à “almofada de liquidez” que foi acumulada e que permite ao Tesouro português aguentar vários meses sem fazer novas emissões de dívida nos mercados, se for necessário.

Também os juros de Espanha e Itália estão a subir.

29/06/2015   7:17 Edgar Caetano
Refúgio: juros da dívida alemã caem 20 pontos. Portugueses disparam

Bom dia.

Abrimos este liveblog para acompanhar as primeiras horas de uma manhã histórica na Grécia e na zona euro. 
Um dia para o qual foi decretado feriado bancário após o fracasso das negociações entre Atenas e as instituições credoras. 
A reabertura dos bancos gregos só está prevista para 7 de julho, a terça-feira depois do referendo convocado pelo governo de Alexis Tsipras e onde os gregos irão pronunciar-se sobre a proposta dos credores – proposta que Tsipras chamou “ultimato”.

As primeiras notícias da manhã dizem-nos que os investidores estão a negociar dívida pública alemã a 10 anos com juros 20 pontos mais baixos do que na sexta-feira. 
É o melhor reflexo, para já, de um dia que se espera conturbado nos mercados financeiros. 

A dívida de Portugal está a sofrer com o pessimismo entre os investidores e os juros a 10 anos estão a subir 37 pontos base para 3,09%.