Lusa
26 DE OUTUBRO DE 2017 14:11
A declaração do Presidente da República sobre a resposta a dar nos incêndios foi recebida com surpresa e choque pelo Governo, de acordo com a edição do Público hoje
O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, disse hoje que o Governo não discutiu em Conselho de Ministro "estados de alma" ou notícias de jornais, tendo dando prioridade à recuperação dos concelhos afetados pelos fogos recentes.
"Não discutimos estados de alma dos membros do Governo, nem notícias da comunicação social", declarou Pedro Marques, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião desta manhã do Conselho de Ministros.
Antes, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, havia também referido que em causa estava uma conferência de imprensa de resumo da reunião dos ministros, não um encontro com os jornalistas para abordar "estados de alma".
"Essa matéria não foi discutida no Conselho de Ministros de hoje.
Não houve qualquer tratamento, nem abordagem dessa matéria", referiu Tiago Antunes, questionado sobre a manchete de hoje do Público: "Governo chocado com Marcelo: 'As coisas estavam combinadas'".
Hoje também, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, afirmou que não ficou chocado com a atuação do Presidente da República na sequência dos incêndios de outubro, mas recusou tecer mais comentários sobre o assunto.
Azeredo Lopes falava na ilha Terceira, nos Açores, logo após o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter falado aos jornalistas a propósito da notícia do Público.
"Não fiquei chocado e, evidentemente, não vou falar por cima daquilo que o senhor Presidente disse", declarou o ministro.
Questionado se se demarca do choque do Governo ou se não houve choque, Azeredo Lopes respondeu: "Nem demarco, nem deixo de demarcar.
Eu não falo nem por cima, nem por baixo, nem ao lado do senhor Presidente e acho que o senhor Presidente disse tudo".
Marcelo Rebelo de Sousa, questionado se encontra razões para o Governo estar chocado com a sua atuação, disse que "chocado ficou o país com a tragédia vivida" nos incêndios e condenou o "diz que disse especulativo".
"Há duas maneiras de encarar a realidade.
Uma maneira é o diz que disse especulativo de saber quem ficou mais chocado: se foi A com o discurso de B, se foi B com o discurso de A.
E, depois, há uma segunda maneira, que é a de compreender que chocado ficou o país com a tragédia vivida, com os milhares de pessoas atingidas", afirmou o chefe de Estado, nos Açores.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15, o pior dia de fogos do ano, segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 vítimas mortais e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
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