Rita Pimenta
25 de Fevereiro de 2018, 7:13
“Mortandade”, “carnificina”, “matança” e “chacina” são sinónimos de “massacre”.
Qualquer destas palavras causa arrepios e traduz o que se está a passar em Ghouta, na Síria
Gostaríamos de não ter de voltar a esta palavra, mas a vaga de ataques em Ghouta, um enclave nos arredores de Damasco (Síria), obriga-nos.
Notícia de terça-feira: “Desde domingo, quando se intensificaram os ataques do regime, apoiado pelo Irão e pela Rússia, morreram 210 pessoas e pelo menos 850 — entre os quais muitas crianças — ficaram feridas, avança o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização com sede no Reino Unido mas com observadores no terreno.”
Na quinta-feira, actualizaram-se os números: “Pelo menos 368 pessoas foram mortas, entre elas, 150 crianças.”
Que outra palavra senão “massacre”?
Já a trouxéramos aqui, em 2015, quando islamistas da Nigéria mataram 2000 pessoas na tomada de Baga.
Foi pouco depois dos atentados em Paris e de toda a atenção que lhes foi dada, fazendo com que o arcebispo nigeriano Ignatius Kaigama pedisse: “É necessário que essa atitude exista não apenas quando se trata da Europa, mas também quando se trata da Nigéria, do Níger, dos Camarões e de outros países pobres.”
O apelo continua válido.
“Mortandade”, “carnificina”, “matança” e “chacina” são sinónimos de “massacre”.
Qualquer destas palavras causa arrepios e traduz o que um médico que está em Ghouta oriental disse ao Guardian: “É o massacre deste século, do que vivemos até agora.”
Declarações proferidas depois de cinco hospitais terem sido bombardeados pelas forças do regime de Bashar al-Assad e seus aliados (como a Rússia), já que o enclave continua a opor-se ao Presidente sírio.
A Cruz Vermelha, o Programa Alimentar Mundial e o secretário-geral das Nações Unidas apelaram na quarta-feira a um cessar-fogo urgente.
António Guterres descreveu a situação como a de um “inferno na Terra”.
O dicionário regista esta frase: “Não foi um combate, foi um massacre de pessoas inocentes.”
Lamentavelmente, repetimo-la aqui.
A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO
rita.pimenta@publico.pt
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