12 de outubro de 2015
Ekaterina Sinelschikova, Gazeta Russa
Em entrevista no domingo (11), o presidente russo Vladímir Pútin respondeu a perguntas sobre a operação na Síria e as ambições da política externa do país. Selecionamos os principais momentos da exclusiva concedida ao canal de TV estatal Rossiya 1.
EI no alvo
“Precisamos unir esforços na luta contra o mal. O que aconteceu na Turquia foi um descarado ataque terrorista, (...) uma provocação evidente durante a campanha eleitoral.”
“Os nossos parceiros europeus e norte-americanos dizem que estão lutando contra o terrorismo, mas nós não vemos quaisquer resultados concretos. Além disso, nos Estados Unidos encerraram o programa de preparação do chamado Exército Livre da Síria. O plano inicial era preparar 12 mil homens. Depois disseram que iam preparar 6.000. No final, acabaram treinando um total de 60 combatentes, dos quais apenas quatro ou cinco lutam verdadeiramente contra o Estado Islâmico. E gastaram US$ 500 milhões nisso. Mais valia terem entregado a nós US$ 500 milhões. Teríamos gerido melhor esse dinheiro em termos de luta contra o fundamentalismo.”
Operação planeada
“Nós avisamos com antecedência todos os nossos parceiros, especialmente os países da região, sobre as nossas intenções e planos. Teve quem dissesse que fizemos isso tarde demais. Mas eu gostaria de chamar a atenção para o fato de que nunca ninguém nos avisa durante o planeamento de operações do género. E nós fizemos isso.”
“(...) em resposta às acusações – de que estamos atacando a oposição moderada, e não o EI e outras organizações fundamentalistas –, dizemos o seguinte: ‘Vamos partir do princípio que vocês conhecem melhor a situação no território, afinal, faz mais de um ano que estão ilegalmente lá, digam-nos então onde estão os alvos e nós finalizamos o trabalho.”
“Nos preparamos para a ação militar. Fizemos um trabalho de inteligência longo e persistente com base em dados obtidos por observação. (...) Depois, ao fazer o cruzamento de dados, obtivemos informação adicional. Por isso, tudo o que está acontecendo no céu e em terra não é resultado de uma ação espontânea, mas a execução de planos previamente delineados.”
“Nós não fazemos diferenciação entre xiitas e sunitas. Uma parte significativa da população do nosso país, 10%, é muçulmana. Eles são cidadãos da Rússia, do mesmo jeito que os cristãos e os judeus. Não queremos, de modo algum, nos envolver em conflitos inter-religiosos na Síria.”
Armamento novo, projeto antigo
“Não se trata de corrida armamentista. (...) O nosso programa de armamento foi criado vários anos atrás, quando reinava um ambiente internacional tranquilo. O programa está sendo implementado não porque estamos nos preparando para alguma ação ofensiva, mas porque os principais sistemas de combate ao serviço das Forças Armadas da Rússia ficaram obsoletos e deixaram de ser fabricados. Estava na hora de trocá-los.”
“A política externa da Rússia é, sem demasia, pacífica. Se vocês pegarem o mapa do mundo e olharem bem para a Rússia, vão entender claramente que nós não precisamos de nenhum território ou recursos naturais dos outros. A Rússia é um país auto-suficiente.”
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