O presidente sírio, Bashar al-Assad, garantiu ontem que não tem armas químicas e que a acusação de ter recorrido a esse tipo de armamento em Khan Sheikhoun, na província de Idlib, é uma “encenação" para justificar os ataques dos EUA.
Exige por isso uma investigação imparcial sobre o bombardeamento com armas químicas ocorrido a 4 de abril que matou pelo menos 87 pessoas.
Na quarta-feira, em entrevista exclusiva à agência francesa France-Presse, o Presidente sírio quebrou o silêncio e afirmou que não tem “armas químicas há vários anos”.
Assad salientou que “todo o arsenal químico foi entregue” em 2013 no âmbito de um acordo entre os EUA e a Rússia.
Um acordo obtido pouco depois de um ataque em Goutha, nos subúrbios de Damasco, de que resultou a morte de centenas de pessoas e foi atribuído ao regime.
Mas “mesmo que tivéssemos tais armas”, insistiu o Presidente sírio na entrevista à AFP, “nunca as teríamos usado”.
Na opinião de Bashar al-Assad, o ataque químico em Khan Sheikhoun foi “totalmente encenado” e serviu como “pretexto” para justificar os ataques norte-americanos contra o exército sírio.
Assad é acusado de ser o responsável pelo bombardeamento.
Tanto o regime sírio como a Rússia negam, contudo, quaisquer responsabilidades. Segundo Moscovo, os aviões do regime terão atingido um depósito de armas dos “terroristas” onde se encontrava uma fábrica de produção de armas “tóxicas”, causando assim a libertação de agentes químicos.
Também o exército sírio negou categoricamente o uso de “substâncias químicas ou tóxicas em Khan Sheikhou ou noutro lugar qualquer, no passado, no presente ou no futuro”.
Durante a entrevista à AFP, Bashar al-Assad chega inclusive a pôr em causa que o ataque tenha acontecido.
“Hoje em dia, há muitos vídeos falsos a circular.
Não sabemos se estas crianças que vemos nas imagens foram mortas em Khan Sheikhun.
E será que elas morreram mesmo?”, questiona o Presidente.
Três dias após o bombardeamento com armas químicas, o Presidente norte-americano Donald Trump ordenou um ataque de retaliação contra uma base aérea síria em Homs . De acordo com o Pentágono, foram lançados pelo menos 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk de navios de guerra no Mediterrâneo contra a base aérea al-Shayrat, de onde se pensa ter partido o alegado ataque com armas químicas.
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