sexta-feira, 13 de abril de 2018

Posição dos países face a um ataque na Síria

SÍRIA
Maria João Guimarães
13 de Abril de 2018, 20:03
Protestos contra potencial acção militar americana na Síria 

Apesar da promessa de Donald Trump, países expressam cautelas quanto a um ataque na Síria em resposta a um bombardeamento com armas químicas. 
Porém, vão definindo posições: 

EUA
“O nosso Presidente ainda não tomou uma decisão sobre uma possível acção na Síria”, disse a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley. 
Mas “se os EUA e os seus aliados decidirem agir, será em defesa de um princípio em que todos concordamos”. 
“Todas as nações e todos os povos sofrerão se permitirmos que Assad normalize o uso de armas químicas”, o que terá já feito umas 70 vezes, acrescentou.

No Twitter, o Presidente americano prometeu responder, avisou a Rússia de que os mísseis americanos estavam a caminho, e um dia mais tarde apresentava uma versão mais moderada garantindo que nunca tinha dito quando aconteceria um ataque.

O seu secretário da Defesa, Jim Mattis, já apresentou alternativas de acção militar sublinhando que “a grande preocupação é “evitar que haja uma escalada descontrolada”. Washington e Moscovo têm uma linha directa para evitar que uma acção mal calculada tenha consequências.

FRANÇA
O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse que havia provas do ataque químico e que a França retaliaria “depois de feitas todas as verificações”. 
Não é claro o que poderá querer dizer, já que o processo de verificação pelos inspectores pode levar semanas. 
Macron pediu esta sexta-feira que se mantenha e aumente o diálogo com a Rússia para “trazer a paz e estabilidade para a Síria”. 
Na ONU, o embaixador francês pediu uma “resposta robusta, unida e resoluta”.

REINO UNIDO
Theresa May disse que tudo apontava para uma responsabilidade de Assad no ataque e que o uso de armas químicas não pode passar impune. 
O líder da oposição Jeremy Corbyn acusa May de estar à espera de uma decisão de Trump e pede que qualquer acção seja levada a cabo apenas após autorização dos deputados.

ARÁBIA SAUDITA
O príncipe herdeiro que é também ministro da Defesa Mohammed bin Salman admitiu uma participação da Arábia Saudita num ataque se as circunstâncias o ditassem.

ALEMANHA
A Alemanha “não participará em possíveis acções militares na Síria”, assegurou duas vezes a chanceler, Angela Merkel, numa conferência de imprensa. 
O país tem, por razões históricas, fortes constrangimentos a acção militar externa. 
Mas “não fazer nada também é difícil”, acrescentou a chanceler, dizendo que se os EUA, França e Reino Unido levarem a cabo uma acção militar, a Alemanha procurará um “modo não militar” de ajudar. 
A Alemanha tem disponibilizado voos de reconhecimento e reabastecimento de combustível como parte da acção militar contra o Daesh.

ITÁLIA
O primeiro-ministro, Paolo Gentiloni, disse que Itália não irá ter um papel directo num ataque mas “oferecerá apoio logístico a forças aliadas”.

HOLANDA
A Holanda não participará numa acção militar. 
O primeiro-ministro, Mark Rutte, disse apenas que o país “compreende uma possível reacção”, dado o provável uso de armas proibidas, segundo a agência Reuters.

TURQUIA
Estados Unidos e Rússia estão, acusa o Presidente turco, a “tornar a Síria no palco do seu braço-de-ferro”. 
Recep Tayyip Erdogan diz-se “extremamente preocupado” com o aumento de tensão entre Estados Unidos e Rússia e apela a que se discutam outros modos de acabar “massacres químicos” na Síria.

RÚSSIA
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, disse que Moscovo tem provas “irrefutáveis” de que o suspeito ataque químico foi encenado com ajuda de serviços secretos de um país ocidental. 
Na ONU, o embaixador russo, Vassili Nebenzia, acusou os países que ameaçam retaliar de querer “derrubar o governo sírio” e ainda “de forma mais lata, conter a Federação Russa”.

CHINA
O país “tem sempre um compromisso com a resolução pacífica de disputas”, disse o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang, citado pelo Guardian. 
“A resolução política é a única possível e acções militares não vão levar a lado nenhum”.

maria.joao.guimaraes@público.pt

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