quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Polícia atribui ao SINSE autoria de rapto de oito manifestantes

Fonte: Club-k.net
 02 agosto 2015

Lisboa – Altos responsáveis do comando da Polícia Nacional de Luanda, atribuíram ao Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), a autoria do   rapto de um grupo de oito jovens manifestantes, ocorrido no passado dia 29 de Julho, na capital do país.
Órgãos de segurança  em descoordenação

Os responsáveis da Polícia Nacional, reconhecem que os jovens foram inicialmente “recolhidos” (nova terminologia para as detenções) pelos seus agentes da nos arredores do cinema Atlântico, na Vila Alice, e transportados para a 3a esquadra, do mesmo bairro. 
Os jovens estavam a caminho do largo da Independência para participar na manifestação que exigia a libertação de 15 activistas detidos acusados de planearem um “golpe de Estado” contra o Presidente José Eduardo dos Santos.

Depois de terem sido feitos reféns, na 3a esquadra da Vila Alice, os manifestantes foram levados por outra viatura que os abandonou, por volta 20h00, no bairro Jacinta Tchipa, no município de Viana desencadeando, assim, em denuncias, nas redes sociais de que teriam sido raptados e lavados para parte incerta pela Polícia Nacional.

Em Viana, onde foram abandonados pela Polícia, os jovens seriam confrontados por um outro grupo de operativos que os raptou. 
Ao jornal Maka Angola, o manifestante Mário Faustino que viveu o calvário, descreveu que de repente se viram envolvidos por duas viaturas com vidros fumados, das quais desceram homens armados à paisana, com cartucheiras ao peito, que os colocaram sob mira das armas. 
“Obrigaram-nos a deitar numa das viaturas, estendidos de barriga para baixo e uns por cima dos outros, tipo sacos de bombó”, lamentou.

“Pensámos que estávamos a ser levados para sermos abatidos”, temeu Feridão outra vitima. 
Os jovens raptados ficaram quase 24 horas nas mãos dos operativos, às voltas de carro, acabando numa mata a leste de Luanda.

Por volta das 18h00, do dia 30 de Julho, segundo depoimentos das vítimas, as viaturas pararam num ermo e ordenaram aos passageiros que se alinhassem de costas viradas para os sequestradores.

“Avisaram-nos de que se algum de nós olhasse para trás levaria tiros”, afirmou Feridão. 
Os agentes retiraram-se. 
“Passado pouco tempo, um de nós ganhou coragem, olhou para trás e viu que todos os raptores tinham ido embora e deixado o saco com os nossos telemóveis”, relatou Mário Faustino, ao makaangola.

Conhecedor nato da região de Icolo e Bengo, de onde a sua família é originária, Mário Faustino diz ter reconhecido logo que se encontravam na zona da Cabala. 
Ligaram os telefones e pediram a intervenção dos amigos para que lhes providenciassem.

No seguimento de denuncias que atribuíam a operação a Polícia Nacional , o comandante da PN, em Luanda, Antônio Sita contactou o delegado provincial do Serviço de Investigação Criminal, António Pedro Amaro Neto que revelou desconhecer o grupo de operativos armados que raptou os jovens por cerca de 24 horas.

A conclusão chegada pela Polícia Nacional, é de que os raptores poderiam ser sido agentes do SINSE. 
Porém, a interpretação que se fez, prevalecer, foi a de a interferência dos mesmos foi destinada a criar constrangimento a corporação.

Alegam que caso os supostos agentes do SINSE executassem, os jovens manifestantes, as responsabilidades iriam recair ao comandante provincial da PN, de Luanda, Antônio Sita e ao seu colaborador Francisco Notícia que esteve pessoalmente no terreno a comandar as operações os jovens manifestantes.

O SINSE e a Polícia Nacional vivem de desconfianças desde 2012, apos terem se envolvido em acusações mutuas, sobre a autoria do rapto e execução de dois activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule, promotores de manifestações. 
O primeiro foi morto numa zona, de Luanda onde teriam encontrado outras ossadas de pessoas desaparecidas na qual os agentes do SINSE atribuíram como sendo “trabalho”, da DNIC, a antecessora do SIC, do comissário-chefe, Eugenio Alexandre.

Desde então a Polícia Nacional e o SINSE tem se desdobrado em operações de subversão aos direitos constitucionais de jovens que se manifestam exigindo respeito pelas liberdades cívicas e pela longa permanência ao poder do Presidente José Eduardo dos Santos.





























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