Observador - 11/8/2015, 17:02
A Noruega tem mais dificuldade em lidar com a queda dos preços do petróleo do que com a crise internacional.
O país mais rico da Escandinávia enfrenta, hoje, o caos.
Quando a crise financeira deixou de rastos a economia mundial, a Noruega ficou, em grande medida, incólume aos seus efeitos.
Mas com petróleo abaixo dos 50 dólares?
Isso já é outra história.
A taxa de desemprego disparou para os 3,7 %, atingindo esse pico em 2010, no rescaldo pós-crise.
A queda do preço do petróleo tinha feito subir a taxa de desemprego para os 4,3 %, já em maio, o valor mais elevado dos últimos 11 anos.
E isto foi antes de uma nova queda do preço do Brent.
Seguem-se alguns motivos que explicam porque é que a Noruega tem mais dificuldade em lidar com a queda dos preços do petróleo do que com a crise internacional.
1. A Noruega é fortemente dependente do petróleo
Enquanto fator-chave do crescimento da Noruega, foi a riqueza petrolífera do país que, em grande medida, permitiu aos noruegueses resistirem à crise financeira.
Contudo, com o seu principal setor em dificuldade, há poucas indústrias alternativas que possam fazer o país crescer.
2. O boom do petróleo estava prestes a terminar, de qualquer forma
O petróleo está a perder valor, tal como os investimentos na indústria petrolífera que enfrentam a maior queda desde o ano 2000.
Para fazer face a esta mudança de paradigma, empresas como a Statoil ASA começaram a cortar nas despesas mais de seis meses antes do início da queda do preço do Brent.
3. A Noruega poderá ter de recorrer às suas poupanças
Se o governo for obrigado a retirar dinheiro do seu fundo soberano, que ascende aos 875 mil milhões de dólares, será uma medida histórica.
É isso ou fazer contenções rigorosas na despesa fiscal, numa altura em que o país mais precisa dela.
A despesa pública poderá começar a ultrapassar as receitas com o petróleo que o Estado deposita no fundo soberano a pensar nas gerações futuras.
O levantamento de dinheiro do fundo não estava previsto acontecer durante as próximas décadas e nenhum ministro das finanças quer que esse seja o seu legado.
A antecipação desse levantamento fará despoletar um feroz debate sobre como a Noruega precisou dele mais cedo do que esperado, podendo até ser sinónimo de novas medidas legislativas.
Texto: Bloomberg
Tradução: Xénon Cruz
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