Edgar Caetano - 13 de Agosto de 2015 - 17:35
Líder da oposição interna a Alexis Tsipras, e ex-ministro da Energia, quer formar um novo "movimento".
Parlamento vota acordo enquanto Bruxelas se mostra preocupada com a sustentabilidade da dívida.
O partido Syriza, liderado por um Alexis Tsipras sob pressão interna cada vez mais forte, está na iminência de se dividir formalmente.
O ex-ministro da Energia de Tsipras, Panayiotis Lafazanis, lidera um grupo de 12 membros do Syriza que quer lançar um “movimento unido que irá corresponder ao desejo das pessoas pela democracia e pela justiça social”.
O repto da ala mais radical do Syriza surgiu horas antes da votação parlamentar do terceiro resgate, que se prevê para esta noite em Atenas.
A confirmar-se a votação, Alexis Tsipras voltará esta quinta-feira a contar com o apoio dos partidos da oposição para aprovar o memorando preliminar assinado esta semana com os credores.
Já assim foi nas duas votações para a aprovação das “medidas prévias” exigidas pelo acordo celebrado na cimeira do euro de 12 de julho, que lançariam as negociações técnicas para o terceiro resgate.
A porta-voz do governo de Tsipras, que assumiu este cargo na mesma altura em que Lafazanis e Yanis Varoufakis saíram do governo acompanhados do anterior porta-voz, criticou esta manhã os dissidentes do Syriza e lamentou que “um governo sem maioria parlamentar não conseguirá ir longe“.
A consequência mais provável para este impasse é a queda do governo e eleições antecipadas nos próximos meses, reconheceu Olga Gerovasili.
Panayiotis Lafazanis lidera o grupo que se terá reunido em Atenas no dia 14 de julho, num hotel, poucas horas depois do acordo assinado por Alexis Tsipras para o terceiro resgate.
O Financial Times contou que, em conjunto, estes membros do Syriza desenharam um plano para tirar a Grécia da zona euro que passava por colocar o governador do banco central, Yannis Stournaras, atrás das grades e pedir ajuda financeira a Moscovo.
Agora, Lafazanis e os seus apoiantes dizem que “a luta contra o novo resgate começa hoje, o que passa por mobilizar as pessoas em todos os cantos deste país”.
A declaração surgiu no site da ala mais radical do Syriza, a Iskra.
Estes responsáveis têm lançado duras críticas a Alexis Tsipras por este ter aceitado negociar um novo resgate com os credores, que incluirá necessariamente duras medidas de consolidação orçamental na Grécia.
O governo de Tsipras já comentou o lançamento deste movimento dizendo que era algo “expectável”.
O governo salienta que nunca foi plano do Syriza sair do euro e voltar ao dracma e defende que de modo algum o resultado do referendo de 5 de julho foi um mandato popular para voltar ao dracma.
Assim, se esse é o desígnio de Lafazanis, é normal que este queira autonomizar-se, diz o governo grego.
Bruxelas tem “preocupações sérias” com a sustentabilidade da dívida grega
Um novo documento confidencial chegou às redações da imprensa financeira internacional e, desta feita, trata-se de um relatório de três páginas que foi elaborado pela Comissão Europeia com a colaboração dos técnicos do Banco Central Europeu (BCE) e do Mecanismo Europeu de Estabilidade.
O relatório reconhece que existem “preocupações sérias” quanto à sustentabilidade da dívida grega, nunca mencionando o Fundo Monetário Internacional (FMI) mas alinhando-se com os alertas da instituição liderada por Christine Lagarde.
O documento diz que mesmo que a Grécia aplique o terceiro resgate à risca e angarie 13,9 mil milhões de euros na privatização de ativos estatais, a dívida ascenderá a 159,7% do PIB em 2022.
Os líderes europeus manifestaram anteriormente o objetivo de ter, nesse ano de 2022, um rácio de dívida pública de 110% do PIB, o que mais facilmente seria considerado sustentável.
No entanto, os técnicos apenas dizem que a Grécia poderá necessitar de períodos de carência mais longos e da entrega dos lucros dos bancos centrais com a compra de dívida grega que foi feita pelo BCE em 2010/2011 a preços de mercado (mais baixos) que foram reembolsados na íntegra.
Todas estas medidas não têm sido excluídas pelos vários líderes do Eurogrupo, mas países como a Alemanha e a Finlândia têm garantido que mesmo estas medidas só serão possíveis depois de haver sinais claros de que o programa está a ser implementado, nomeadamente após uma primeira avaliação positiva ao programa grego.
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