Edgar Caetano - 9/8/2015, 12:01
"Estamos a ficar sem paciência", diz o vice-primeiro-ministro da Finlândia, que garante que o país não irá aceitar "aumentar as responsabilidades financeiras nem um perdão da dívida grega"
A Finlândia admite ficar de fora do terceiro resgate à Grécia, negociações para o qual estão a decorrer em Atenas.
O vice-primeiro-ministro do governo escandinavo diz-se “sem paciência” para a Grécia e garante que a Finlândia não irá aceitar mais responsabilidades financeiras para com Atenas, muito menos um perdão de dívida.
“Claro que podemos ficar de fora [do terceiro resgate], isso é possível”, garantiu Timo Soini, citado pela Reuters (via o grego Kathimerini ).
O ministro, que acumula a pasta dos Negócios Estrangeiros da Finlândia disse, à margem do congresso do seu partido – os nacionalistas dos Verdadeiros Finlandeses – que “estamos mesmo a ficar sem paciência”.
“O nosso governo tem uma política muito rígida nesta matéria”, asseverou.
“Não iremos aceitar aumentar as responsabilidades da Finlândia nem cortes nas dívidas gregas”, acrescentou.
O governo finlandês tem sido um dos mais duros na relação com Atenas, sobretudo desde que os Verdadeiros Finlandeses se juntaram ao governo de coligação que tem as rédeas do país escandinavo.
Acordo esta semana?
O objetivo do lado grego nas negociações para o terceiro resgate será concluir os trabalhos nesta próxima semana, para que a legislação necessária possa ser votada pelo Parlamento, no máximo, até quinta-feira.
Têm sido divergentes os relatos acerca de como estão a progredir estas negociações.
Se do lado de Atenas o próprio Alexis Tsipras disse há vários dias que o processo está na “reta final”, o Ministério das Finanças da Alemanha tem indicado, de acordo com a imprensa alemã, que não quer pressas e pede novo empréstimo intercalar para a Grécia.
“Um programa que deverá durar três anos e valer mais de 80 mil milhões precisa de uma base muito sólida”, afirmou fonte de Berlim ao Sueddeutsche Zeitung.
O Ministério das Finanças alemão não quer pressas: “Um novo programa intercalar é melhor do que o programa meio acabado”, acrescenta a mesma fonte, citada pelo jornal grego Kathimerini.
O primeiro empréstimo intercalar concedido à Grécia valia 7,2 mil milhões de euros, o que foi suficiente para financiar o Estado por algumas semanas e ajudar a Grécia a pagar um reembolso ao BCE e acertar contas com o FMI, com quem a Grécia tinha falhado vários pagamentos.
Mas esse valor não chega para suportar o reembolso de 3,4 mil milhões de euros em obrigações que estão nas mãos do BCE.
A Grécia tem procurado criar pressão para que se chegue a um acordo para o terceiro resgate antes desse pagamento, mas a Alemanha recusa-se a fazer cedências nas reformas exigidas por uma questão de concluir as negociações a tempo de pagar ao BCE. Após um encontro com François Hollande no Egito, Alexis Tsipras indicou (através de comunicado do seu gabinete) que “os dois líderes acordaram que as negociações podem e devem ser concluídas após 15 de agosto”.
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