Sofia Lorena
em Barcelona 21 de Dezembro de 2017, 6:32
Sem transferência de votos entre os blocos independentista e unionista, quem não costuma votar e decida fazê-lo pode definir o resultado.
No final de Outubro, quando Mariano Rajoy fez aplicar o artigo 155 da Constituição e convocou eleições autonómicas para 21 de Dezembro na Catalunha, nenhum analista dizia acreditar numa participação maior do que a de 2015.
Afinal, 77% já foi um número histórico.
A verdade é que estes são tempos diferentes e 80 a 82% dos eleitores catalães responderam constantemente nas sondagens que pretendem votar.
Então, nas eleições que se antecipam como as mais participadas de sempre na Catalunha, devem acabar por ser os (poucos) abstencionistas a decidi-las.
Isto porque, apesar de haver muitos indecisos (mais de 27%, nas últimas sondagens autorizadas e no inquérito diário do GESOP – Gabinete de Estudos Sociais e Opinião Pública, catalão – que o El Periòdic d’Andorra publicou até terça-feira), não há transferência de votos entre blocos.
Segundo uma análise do El País, a possibilidade de um eleitor mudar o seu sentido de voto de um partido independentista para um do bloco unionista é de 1%.
Assim, são os mobilizados que vão decidir quem ganha e quem perde.
Ou, pelo contrário, os que habitualmente estavam motivados e que, desta vez, cansados de tantos anos de processo independentista, decidam ficar em casa.
Fundamental será quem não vota habitualmente e agora o fará (participação), tanto como a abstenção dos que sempre votaram.
Um facto ainda mais relevante se pensarmos que o parlamento de 2015 já estava partido quase ao meio entre blocos, o mesmo cenário que agora se antecipa.
Os únicos votantes que se movem são os do Catalunya en Cómu, a marca do Podemos que conta com o apoio da autarca de Barcelona, Ada Colau.
Sem integrar nenhum dos blocos – defende o referendo, é contra a independência – os seus eleitores foram disputados por todos, principalmente pela Esquerda Republicana e pelo Partido dos Socialistas Catalães.
Outro dado sobre os indecisos: de acordo com a última sondagem proibida, a indefinição entre os não independentistas é mais do dobro da que ainda existe entre os independentistas.
Ou seja, muitos não sabem se votar Socialistas ou Cidadãos, alguns ainda estão indecisos entre votar PP ou no partido de Inés Arrimadas.
Sendo certo que o PP não pode descer muito mais: na última sondagem está nos 4,8%, a duas décimas de garantir um grupo parlamentar de quatro ou cinco deputados.
slorena@publico.pt
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