Sofia Lorena
Barcelona 17 de Dezembro de 2017, 20:58
Inspira paixões e ódios.
No parlamento fala com o à vontade de uma política experiente, à frente de um partido feito por gente sem passado político.
Depois de cinco anos como deputada, quer mudar-se para o Palácio da Generalitat.

Em 2015, a imprensa espanhola chamou-lhe “a melhor criação de Albert Rivera”.
Quando foi eleita porta-voz do grupo do Cidadãos no parlamento autonómico da Catalunha, tornando-se líder da oposição, com 25 deputados, Inés Arrimadas contava com três anos de experiência parlamentar.
Tinham passado cinco desde que decidira ir a um comício do partido fundado por Rivera no Teatro Romea, de Barcelona.

Arrimadas, a andaluza que entretanto se fez catalã, nasceu em Jerez de La Frontera há 36 anos.
Antes da política, exerceu como advogada empresarial, trabalhando desde 2008 em empresas de Barcelona.
A actual líder do C’s na Catalunha, candidata à presidência da Generalitat nas eleições de quinta-feira, dia 21, acredita que sem o surgimento deste partido não teria entrado na política.
O pai, pelo menos, sempre lhe pediu que não o fizesse, tentando convencê-la que dava muito trabalho e chatices – foi conselheiro no primeiro governo autárquico de Jerez depois de Franco, pela União de Centro Democrático, do então presidente Adolfo Suárez, a grande referência de Arrimadas.
Ela, contou a mãe, ouvida pelo El Mundo, “sempre teve o seu critério, não a calávamos nem debaixo de água, como era pequena, tinha de se pôr em bicos de pés para discutir com os irmãos”.
Segundo Inés mãe, a filha já mostrava habilidade para o debate e pouca tendência para os pólos.
“Nunca foi de extremismos de esquerda ou direita.
Sempre gostou de discutir tendo em conta o que é justo”.
Um dia depois de ter recebido os apoios do Nobel da Literatura Mario Vargas Llosa (o peruano foi um dos impulsionadores da manifestação pela unidade de Espanha em Barcelona a 8 de Outubro, uma semana depois do referendo sobre a independência organizado pelo governo deposto de Carles Puigdemont e Oriol Junqueras) e do ex-primeiro-ministro francês Manuel Valls (nascido em Barcelona), num comício que encheu o Teatro Goya, este domingo, Arrimadas subiu ao palco aos gritos de “presidenta” no maior acto eleitoral do C’s nesta campanha.
O dia grande desta campanha tão estranha – as eleições foram antecipadas e marcadas por Mariano Rajoy depois de destituir parlamento e governo; o ex-president e candidato auto-exilou-se em Bruxelas, o seu antigo vice e igualmente candidato está na prisão – que nem foi possível encontrar um domingo para as realizar, foi passado por Arrimadas num dos seus bastiões, L’Hospitalet de Llobregat, perante 5000 pessoas.
A segunda cidade em população da Catalunha é um dos símbolos da transformação da chamada “cintura vermelha” de Barcelona, que costumava votar nos socialistas, para a nova “cintura laranja”, a cor do partido de centro-direita fundado em 2006 por Rivera precisamente para combater o independentismo que Arrimadas quer agora derrotar de vez.
“Partir-me o coração”
Entre a audiência (para além de Rivera e toda a cúpula do partido) estiveram muitos nascidos fora da Catalunha, ou filhos de pais que vieram de outras regiões, especialmente a Andaluzia (como a maioria dos catalães), e se concentram na área metropolitana de Barcelona.
“Tentaram partir um coração em que cabem três bandeiras.
A mim cabe-me a bandeira andaluza, e sei que a muitos de vocês também”, afirmou a candidata.
Recuperando uma ideia que repete com grande frequência, Arrimadas, a mais nova de cinco irmãos, recordou a sua grande família andaluza.
“Não quero que ninguém tenha de trazer um passaporte para nos vir ver”, disse.
“Os que roubam foram sempre os corruptos [referência ao argumento dos soberanistas de que Espanha não devolve o suficiente dos impostos cobrados na Catalunha] e não os nossos familiares do resto de Espanha.”
As últimas sondagens mostram o C’s ligeiramente à frente da ERC, de Junqueras.
As anteriores, um pouco atrás.
A quatro dias do 21-D, Arrimadas insistiu na importância de ir votar (mesmo se já se antecipa uma participação recorde): “Asseguro-vos que não se vão arrepender e que o explicarão aos vossos netos com orgulho”.
slorena@publico.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário