sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Mariano Rajoy fala às 13h sobre eleições na Catalunha

AO MINUTO ACTUALIZADO HÁ 9 MINUTOS
Alexandre Martins
22 de Dezembro de 2017, 12:33


Presidente do Governo espanhol vai reagir aos resultados de quinta-feira: o Cidadãos foi o partido mais votado, mas as formações separatistas mantiveram a maioria absoluta na Generalitat.





























Há 3 minutos

Encerramos aqui o minuto a minuto sobre a Catalunha.

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Puigdemont pode ser Presidente da Catalunha estando na Bélgica? Veja as perguntas e as respostas sobre a situação dos eleitos catalães no exílio ou detidos em Espanha.

Há 8 minutos
CatECP recusa apoio a um Governo liderado por Carles Puigdemont
O líder da coligação CatECP (Catalunya en Comú e En Comú Podem, ambos de esquerda) disse esta sexta-feira que não admite viabilizar um futuro Governo catalão em que o líder seja Carles Puigdemont – ou que o seu partido, o Junts per Catalunya (JuntsxCat), assuma a liderança nesse Executivo.

Para Xavier Domènech, a questão não é a figura de Puigdemont, mas sim o programa político de direita do Junts per Catalunya: "Somos a força que não se subordinará à direita, a nenhuma delas, porque entendemos que o debate é reconstruir os projectos de mudança e, ao mesmo tempo, reconstruir o país."

O partido mais votado nas eleições de quinta-feira na Catalunha foi o Ciudadanos (liberal, pró-Espanha), mas as duas maiores formações independentistas mantiveram, juntas, uma maioria absoluta no Parlamento – o Junts per Catalunya (centro-direita, republicano) e a Esquerra Republicana (esquerda).

Apesar de o CatECP ter dito que não apoiará (nem num Governo, nem apenas no Parlamento) um Governo liderado por Puigdemont, a extrema-esquerda da CUP já disse que admite viabilizar esse cenário: Carles Rivera disse que apoiará esse projecto desde que tenha à frente do Executivo um "presidente independentista", com a principal função de "construir a república" catalã.

Os quatro deputados da CUP (Candidatura de Unidad Popular) são essenciais para a viabilização de uma liderança independentista na Catalunha: seja qual for o acordo, para que esse acordo se traduza num Governo maioritário ou num Governo minoritário com apoio parlamentar, os quatro deputados da CUP são essenciais: os 34 deputados do Junts per Catalunya e os 32 da Esquerra Republicana ficam a dois da maioria absoluta.

Composição do Parlamento espanhol após as eleições (135):

Ciudadanos (liberal, pró-Espanha): 37 deputados
Junts per Catalunya (centro-direita, republicano e independentista): 34 
Esquerra Republicana/Catalunya Sí (esquerda, republicano e independentista) 32
Partido de los Socialistas de Cataluña (centro-esquerda): 17
Catalunya en Comú/En Comú Podem (esquerda): 8
Candidatura de Unidad Popular (extrema-esquerda): 4

Partido Popular (direita): 3

Há 52 minutos
Artur Mas e Rovira entram na lista de investigados por "rebelião"
O juiz Pablo Llarena, do Supremo Tribunal espanhol, anunciou esta sexta-feira que o antigo presidente da Generalitat Artur Mas, a dirigente da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Marta Rovira, e outros quatro independentistas vão ser incluídos nas investigações por "rebelião, sedição e desvio de fundos" na sequência do referendo de 1 de Outubro e das iniciativas adoptadas pelo parlamento autónomo para proclamar a independência.

14:36
Sánchez exige que Rajoy apresente uma solução para a Catalunha
Ana Gomes Ferreira


















O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, defendeu esta sexta-feira que o chefe do Governo, Mariano Rajoy (PP, conservador), deve abandonar o seu imobilismo quanto à crise na Catalunha e propor "uma solução política", depois de os partidos independentistas terem conseguido, juntos, uma nova maioria nas eleições de quinta-feira.

Sánchez diz que "está em perigo a convivência na Catalunha e a recuperação económica espanhola" e, por isso, Rajoy deve avançar com uma proposta — o presidente do Governo, porém, fechou as portas ao diálogo. 

"O PSOE ofereceu uma rota alternativa ao independentismo. 
Chegou a hora de Rajoy explicar a sua proposta para decidirmos se o apoiamos", disse o líder dos socialistas, comentando o facto de o PP ter conseguido eleger apenas três deputados na Catalunha. 

Perante este cenário, Sánchez disse que o independentismo "só será derrotado com um projecto de reconciliação nacional" — e considerou o PSOE "o único partido capaz” de conduzir esse projecto e de governar Espanha" (Rajoy também disse que não haverá eleições antecipadas em Espanha devido ao resultado na Catalunha). 


O socialista conclui que a situação que se vive na Catalunha neste pós-eleições não é consequência da aplicação do Artigo 155 mas sim da "inacção" política de Rajoy: "Foram muitos anos a olhar para o lado."

Há 12 minutos
Artur Mas e Rovira entram na lista de investigados por "rebelião"

O juiz Pablo Llarena, do Supremo Tribunal espanhol, anunciou esta sexta-feira  que o antigo presidente da Generalitat Artur Mas, a dirigente da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Marta Rovira, e outros quatro independentistas vão ser incluídos nas investigações por "rebelião, sedição e desvio de fundos" na sequência do referendo de 1 de Outubro e das iniciativas adoptadas pelo parlamento autónomo para proclamar a independência.

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Sánchez exige que Rajoy apresente uma solução para a Catalunha
Ana Gomes Ferreira
O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, defendeu esta sexta-feira que o chefe do Governo, Mariano Rajoy (PP, conservador), deve abandonar o seu imobilismo quanto à crise na Catalunha e propor “uma solução política”, depois de os partidos independentistas terem conseguido, juntos, uma nova maioria nas eleições de quinta-feira. 
Sánchez diz que “está em perigo a convivência na Catalunha e recuperação económica espanhola” e, por isso, Rajoy deve avançar com uma proposta — o presidente do Governo, porém, fechou as portas ao diálogo. 
“O PSOE ofereceu uma rota alternativa ao independentismo. 
Chegou a hora de Rajoy explicar a sua proposta para decidirmos se o apoiamos”, disse o líder dos socialistas, comentando o facto de o PP ter conseguido eleger apenas três deputados na Catalunha. 
Perante este cenário, Sánchez disse que o independentismo “só será derrotado com um projecto de reconciliação nacional” — considerou o PSOE “o único partido capaz” de conduzir esse projecto e de governar Espanha” (Rajoy também disse que não haverá eleições antecipadas em Espanha devido ao resultado na Catalunha). 

O socialista conclui que, na sua opinião, a situação que se vive na Catalunha neste pós-eleições não é consequência da aplicação do artigo 155 mas da “inacção” política de Rajoy. “Foram muitos anos a olhar para o lado”.

Há 10 minitos
A ceia de Natal de Junqueras na prisão
Ana Gomes Ferreira

O jornal espanhol El País divulgou a ementa de Natal da prisão Madrid VII onde está detido Oriol Junqueras. 
Na noite de 24, o dirigente da ERC e os outros 1150 presos vão jantar consomé, filetes de pescada com molho e, de sobremesa, pudin flã e doces de Natal. 
No dia 25, o almoço será “salada de Natal” com espargos, delícias do mar, milho e atum, bife com batatas fritas e profiteroles de nata (três para cada preso). 
Nota o jornal que os detidos não têm direito de beber álcool.

MOMENTO-CHAVE
Há 16 minutos
Rajoy: Artigo 155 acaba "quando houver um novo governo na Catalunha"
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, deu uma conferência de imprensa ao início da tarde sobre os resultados das eleições na Catalunha. Ficam aqui os pontos principais:

Rajoy não admite dialogar com Carles Puigdemont, que propôs uma conversa fora de Espanha. O presidente do Governo espanhol disse que só vai falar "com quem ganhou as eleições, que foi a senhora Arrimadas". À questão sobre se admite encontrar-se com Puigdemont se ele vier a ser o líder de um Governo formado pelos partidos separatistas, Rajoy deu uma resposta institucional, que não esclarece se Puigdemont poderá assumir essa posição devido ao facto de ser procurado pela Justiça espanhola: "Tenho de falar com a pessoa que vier a exercer a presidência da Generalitat."

O Artigo 155 será levantado no prazo estabelecido pelo Senado, isto é, "quando houver um novo governo na Catalunha".

A pesada derrota do Partido Popular nas eleições na Catalunha foi desvalorizada por Mariano Rajoy: se é verdade que o seu partido foi muito penalizado, Rajoy não considera que essa penalização tenha acontecido por causa da aplicação do Artigo 155; aconteceu porque houve outro partido (o Cidadãos) que congregou os votos de quem não defende o separatismo.


No seguimento desta análise, Rajoy afasou qualquer possibilidade de convocar eleições antecipadas em Espanha.

Há 25 minutos

Pontos principais da conferência de imprensa de Mariano Rajoy






















Felicitou Inés Arrimadas, "que ganhou as eleições."

"Os que queríamos a mudança não conseguimos os deputados suficientes. Mas os independentistas foram perdendo apoios, menos do que gostaríamos, mas continuam a perder apoios: 76 em 2010, 74 em 2012, 72 em 2015 e ontem 70."

"O que também fica claro é que ninguém pode falar em nome da Catalunha se isso não contemplar toda a Catalunha. A Catalunha é plural, não é monolítica, e todos devemos cultivar essa pluralidade. É evidente que a fractura é muito grande e que vai levar tempo a recompor-se. Essa devia ser a primeira obrigação de todos os actores políticos."

"Compete agora aos partidos políticos da Catalunha oferecerem uma solução governativa, seja ela qual for. O Governo [espanhol] estará ao lado de todos governos em Espanha e em toda a Europa que se submetam ao primado da lei. Sem um governo respeitável na Catalunha que aceite o primado da lei, não se produzirá o regresso das empresas que saíram, a recuperação do turismo e a continuação do crescimento económico e da criação de emprego."

"Umas eleições oferecem uma oportunidade para se abrir uma nova etapa. A partir de agora acredito que o diálogo vai começar, e não a confrontação. O Governo espanhol quer oferecer a todos a sua vontade de diálogo, realista, sempre dentro da lei, para resolver os problemas dos catalães."

"Creio que o Artigo 155 foi aplicado como deveria ter sido. Não foi aplicado quando o governo catalão tomou a sua primeira decisão contrária à lei. Aplicou-se com uma enorme maioria no senado, de uma forma inteligente porque não decidimos nomear um novo governo – foi o Governo de Espanha que assumiu essa responsabilidade. Ninguém na Europa apoiou a posição dos independentistas e foram convocadas eleições rapidamente."

"A todas as pessoas que vivem na Catalunha ofereço a própria actuação do Governo de Espanha, como presidente desse Governo, que é consequentemente presidente dos cidadãos da Catalunha. Farei um esforço para manter um diálogo com o novo governo [catalão], mas também um esforço para que a lei se cumpra. Portanto, creio que há muitos objectivos – um, muito importante, é tentar superar a fractura muito dura que foi uma das principais consequências das decisões erradas que foram tomadas nos últimos tempos. Estamos abertos a normalizar a situação – agora estamos numa época de crescimento económico e de criação de emprego, mas ainda falta fazer muito, e para isso é preciso estabilidade. Se não se adoptarem decisões unilaterais e se o primado da lei se mantiver, as coisas podem funcionar de outra forma. Não aceitarei que se viole a Constituição espanhola."

Tenho que me sentar com quem ganhou as eleições, que foi a senhora Arrimadas.


"O presidente assume tudo o que acontece ao Partido Popular, como o assumem todos os membros do Partido Popular. O resultado eleitoral do Partido Popular não foi nada do que estávamos à espera."

MOMENTO-CHAVE
Há 48 minutos
Rajoy recusa encontrar-se com Puigdemont
O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, afastou esta sexta-feira qualquer possibilidade de se encontrar com Carles Puigdemont, ex-líder da Generalitat catalã e líder da lista independentista mais votada nas eleições de quinta-feira.

Durante as perguntas dos jornalistas no final da declaração sobre as eleições, Rajoy respondeu ao desafio de Puigdemont sem sequer pronunciar o seu nome: "Tenho que me sentar com quem ganhou as eleições, que foi a senhora Arrimadas."


À questão sobre se admite encontrar-se com Puigdemont se ele vier a ser o líder de um Governo formado pelos partidos separatistas, Rajoy deu uma resposta institucional, que não esclarece se Puigdemont poderá assumir essa posição devido ao facto de ser procurado pela Justiça espanhola: "Tenho de falar com a pessoa que exercer a presidência da Generalitat."


Há 9 minutos
EM DIRECTO: Comunicação de Mariano Rajoy (13h)
O jornal desportivo Marca já abriu um canal directo no YouTube para a comunicação (ou conferência de imprensa) do presidente do Governo espanhol.

Mariano Rajoy deverá começar a falar às 13h sobre os resultados das eleições de quinta-feira na Catalunha e os próximos passos do Governo espanhol.


Há 18 minutos
Opinião: Catalunha, uns séculos depois
Manuel Alegre
"Seja como for Portugal não tem que tomar partido. 
Infelizmente já o fez. 
O Presidente da República e o Governo colaram-se a Rajoy e à Constituição espanhola, o que é quase ridículo, além de me parecer um tanto contrário a uma tradição portuguesa de prudência sempre que se trata dos nossos irmãos do lado. 
Foi o que sempre ouvi a Mário Soares: 'Na Europa, sim, mas nunca atrás ou a reboque da Espanha'."

Ler aqui a opinião de Manuel Alegre sobre as eleições na Catalunha.


Há 22minutos
Catalunha: a clara incerteza
Diogo Queiroz de Andrde
"Quando quiser voltar a falar com Madrid, [Carles Puigdemont] terá a voz reforçada pela votação (e pela possível liderança de um novo governo regional), mas também fragilizada pela falta de apoios europeus e por não ter vencido as eleições."

Ler aqui o editorial do PÚBLICO sobre as eleições na Catalunha.

Há 25 minutos
Perde Rajoy e ganha o independentismo
Afinal, não mudou mesmo muito, escreve a enviada do PÚBLICO à Catalunha, Sofia Lorena. Mesmo com líderes detidos ou em Bruxelas, os independentistas ficam em maioria no Parlamento catalão. O Cidadãos de Inés Arrimadas foi o partido mais votado, mas nunca conseguirá governar, e o PP foi esmagado.

12:39
O que dizem os jornais espanhóis sobre as eleições catalãs
Os jornais espanhóis dividem-se na análise à vitória do Cidadãos, com Madrid a não poupar críticas e a prever tempos difíceis sem a maioria absoluta.

El País: "O resultado promete um começo incerto do próximo mandato, depois de um escrutínio que lança elementos muito esperançosos, outros menos estimulantes e que, em geral, não parece assegurar automaticamente uma estabilização de sua vida política."

El Mundo: "Os resultados colhidos por Carles Puigdemont e Oriol Junqueras – dois políticos, entre outros, sobre quem pende um julgamento criminal tão cruel quanto inexorável – revela a vitória de uma esperança estúpida: a de que os votos limpam os crimes. 
Mas, assim como a corrupção não é purgada nas pesquisas, o banco dos réus ainda está à espera dos acusados de rebelião e sedição."

MOMENTO-CHAVE
12:35
Puigdemont propõe encontro com Rajoy fora de Espanha
Carles Puigdemont, ex-líder da Generalitat catalã e líder da lista independentista mais votada nas eleições de quinta-feira, propôs reunir-se com o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, fora do país – "em Bruxelas ou onde quer que seja" – para iniciar um diálogo sem condições sobre o futuro da Catalunha.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Como quer “continuar espanhol”, desta vez Rubio vai mesmo votar

REPORTAGEM
Sofia Lorena
em Barcelona 21 de Dezembro de 2017, 6:30

São “as eleições mais estranhas e tristes” da democracia mas terão uma participação recorde. 
ERC e Cidadãos disputam o primeiro lugar e cada voto conta. 
“Desta vez parece que estás obrigado a tomar posição”.

Pilar não tinha tempo nenhum, ia “visitar uma amiga”; Maria não se importava de falar mas agora a amiga é que não se cala. 
Pelo meio aparece Rubio, que Pilar conheceu “na barriga da mãe”. 
Aos 36 anos, leva o mais novo dos três filhos pela mão. 
Despede-se e começa a subir a rua (por aqui é quase impossível não subir ou descer, poucas são as rectas), ainda Pilar faz piadas.

A conversa acaba com Maria a dizer a Pilar para votar Partido dos Socialistas Catalães, explicando que o “importante é votar num dos três constitucionalistas”. 
Já o tinha dito a Rubio. 
“Votes o que votes, não te enganes”. 
Rubio não se vai enganar, tem é pressa, vai buscar outro filho ao ginásio. 
“Ginásio? 
Que luxos são esses?”, pergunta Pilar. 
“Agora temos um, na rua Julia”.

Estamos no pequeno bairro de Torre Baró, parte da freguesia de Nou Barris. 
Para aqui chegar de carro ou autocarro é preciso sair de Barcelona por via-rápida e voltar a entrar.

O bairro que nasceu na montanha pelas mãos dos operários que chegaram nos anos 1960 de outras zonas de Espanha foi dos que menos votou nas últimas eleições autonómicas, em 2015: na Catalunha votaram 77% dos eleitores, em Barcelona 75%, em Nou Barris 72%, aqui apenas 58,4%. 
Com as sondagens a anteciparem uma participação de 80 a 82% terão de sair daqui alguns dos novos eleitores. 
Como Rubio.

“Nunca votei na vida. 
Mas parece que desta vez te sentes obrigado a tomar posição”, diz. 
“É mais importante sim, conheço outros que se vão estrear como eu. 
Porque aqui ninguém quer a independência, queremos continuar espanhóis. 
Espanhóis e catalães, como sempre”.

No pequeno bairro de Torre Baró não há bandeiras independentistas nem de Espanha à janela, como em tantas varandas e prédios dos bairros centrais de Barcelona. 
Aqui há cartazes, principalmente da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), mas estão pichados de azul, e há uma grande faixa vermelha pendurada nas grades de protecção de uma das vias-rápidas que rodeiam Torre Baró: “Vota Socialistas”, lê-se.

Maria, 65 anos, nem sempre votou, mas sempre que o fez votou PSC. 
“Não tem a ver com o candidato, foi o partido que sempre me agradou”, afirma. Tradicionalmente, o PSC era o partido das zonas operárias, como esta. 
Hoje, o Cidadãos prepara-se para lhe roubar muitos eleitores nas cinturas urbanas das principais cidades.

“Vou votar, sim, ali acima, ao Picasso”, o liceu de um bairro com poucos cafés, um restaurante de pizzas e kebabs, um supermercado e pouco mais comércio. 
“Em quem não digo. 
A idade também não. 
Menos de 100. 
Mas sou bonita, não sou?”, dispara Pilar, casaco comprido e brincos de mola roxos nas orelhas. 
“Enfim, dizem que já fui”. 
“A minha mãe sempre me disse, ‘Mariquitas, não há outra como tu’”, diz a amiga, de fato de treino vermelho. 
“Ai, a minha não teve tempo, morreu tinha eu oito anos”, conta Pilar.

Torre Baró e Pedralbes
Pilar conheceu mesmo Rubio na barriga da mãe. 
“Vim para aqui há 46 anos, mas já tenho 53 de Barcelona”, diz. 
Maria sabe que veio aos três anos e logo para esta área. 
“Vivi aqui toda a vida, antes num bairro ao lado, Ciudad Meridiana, depois aqui”, recorda Maria. 
Ciudad Meridiana, que com Torre Baró forma uma espécie de enclave em Nou Barris, é o bairro mais pobre de Barcelona. 
“Ah, sim? 
Eu antes vivia em Pedralbes”, responde Pilar, olhos muito abertos. 
Pedralbes é um dos bairros mais ricos de Espanha.

Maria nasceu em Saragoça, Pilar em Jáen e ainda viveu em Granada antes de vir para a Catalunha. 
Andaluzia ou Aragão são duas das muitas regiões de Espanha de onde vieram tantos catalães ou os seus pais. 
Dos 5,553,983 eleitores, sete em cada dez nasceu na Catalunha, um em quatro no resto de Espanha.

Este não é um bairro com muita cor. 
Mas algum investimento recente permitiu transformar parte do que era autoconstrução em prédios novos, todos brancos, como os da recente urbanização da praça dos Eucaliptos, uma praça que tinha deixado de o ser e que agora tem direito a parque infantil, aparelhos de ginástica para os mais crescidos, quatro eucaliptos em homenagem à praça original e mais umas tantas árvores.

“Estas são as eleições mais estranhas e tristes desde a democracia”, escreveu na sua coluna habitual o antigo director do jornal catalão La Vanguardia, Enric Juliana.

O governo de coligação PDeCAT (Partido Democrata Europeu Catação) e ERC, com o apoio da CUP, cumpriu o seu programa e realizou um referendo sobre a independência que a Justiça suspendera e entretanto considerou ilegal. 
Com muitos obstáculos, votaram 2,2 milhões de catalães, e a esmagadora maioria escolheu a soberania. 
A votação, que Madrid garantiu que não aconteceria, ficou marcada por cargas policiais. Semanas depois, o presidente Carles Puigdemont declarou a independência.

A resposta de Madrid já estava anunciada: Mariano Rajoy aplicou pela primeira vez em Espanha o artigo 155 da Constituição, que nesta interpretação lhe permitiu dissolver o parlamento, demitir o governo, assumir a gestão da Catalunha (que entregou à sua vice, Soraya Saénz de Santamaría) e convocar eleições.

16 deputados investigados
É provável que o vencedor se encontre na prisão (Oriol Junqueras, líder da ERC), enquanto outro cabeça de lista, Carles Puigdemont, está na sua fuga/ auto-exílio de Bruxelas. 
Entre exilados, detidos ou não, 16 deputados com eleição garantida são investigados ou estão já acusados de “sedição” ou “sedição, rebelião e desvio de fundos” por causa do referendo e do processo independentista.

A estranheza aumenta com um voto tão próximo do Natal e a um dia de semana. 
Depois de três meses de alta intensidade, os catalães parecem decididos a ir às urnas em massa, num último esforço para fazer ouvir a sua vontade. 
É provável que o resultado seja a ingovernabilidade. 
E é possível que ganhe um partido unionista, o Cidadãos, enquanto o bloco independentista fica muito próximo de repetir a maioria.

Contados os votos, uns ficarão furiosos, outros frustrados, que é como muitos catalães estão há demasiado tempo. 
Uma derrota dos independentistas será festejada em Torre Baró e chorada noutros lugares. ERC e Cidadãos preparam palcos para a (longa) noite eleitoral. 
Depois, vão seguir-se semanas de ressaca e algum descanso. 
A sessão inaugural do novo parlamento não deve acontecer antes da segunda quinzena de Janeiro.

slorena@publico.pt

Sete candidatos importam nas contas para um só lugar

ELEIÇÕES
Sofia Lorena
em Barcelona 21 de Dezembro de 2017, 6:31

Os partidos com representação parlamentar deverão ser os mesmos. 
Junqueras, Puigdemont ou Arrimadas? 
Iceta? 
Quem será presidente?


Não foram as grades da prisão de Estremera que o calaram – Oriol, Junqueras, líder e cabeça de lista da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), ex-vice-presidente acusado de “sedição, rebelião e desvio de fundos”, fez campanha. 
Diferente, claro. 
Deu pequenas entrevistas a jornais, gravou mensagens telefónicas e escreveu aos militantes. 
Na primeira carta, dizia-lhes que Marta Rovira é “uma mulher de força” e foi ela, sua “número dois”, o rosto da campanha. 
A ERC contava vencer e escolheu apresentar-se sem Carles Puigdemont; tudo depende dos votos, mas os republicanos esperam ser pressionados a apoiar o líder destituído – tal como Junqueras sabe que um dia será president.

Apareceu em Bruxelas no dia em que os catalães acordaram ansiosos, à espera de perceber o que significava a ocupação, por Madrid, das instituições autonómicas. 
Carles Puigdemont apostou no que chama auto-exílio e não se saiu mal: enquanto oito membros do seu governo estiverem detidos (dois continuam) a Justiça belga arquivou o seu processo e pôs na gaveta a ordem de detenção europeia. 
Os analistas atribuem às suas intervenções a subida da Juntos pela Catalunha. 
Ganhou por ter construído a única lista aberta, com o ex-líder da Assembleia Nacional Catalã, Jordi Sànchez (detido) como “número dois” e muitos independentes. 
Vai insistir na sua legitimidade para governar.

Começou a aprender catalão na adolescência por amor ao Barça. 
A relação da andaluza Inés Arrimadas com a Catalunha fortalece-se quando decide vir trabalhar para Barcelona, como advogada. 
Depois, surgiu o Cidadãos e a política: é eleita deputada em 2012 e em 2015 torna-se chefe da oposição. 
A seguir ao líder do partido, Albert Rivera, foi a única a falar castelhano no parlamento autonómica. 
Pode ser a mais votada, mas ser-lhe-á quase impossível formar uma maioria.

O Partido dos Socialistas Catalães já deu tantas voltas que o seu eleitorado se fez volátil – pode estar indeciso entre PS, Catalunya en Comú ou C’s. 
Com a bandeira da reconciliação, Miquel Iceta foi igual a si mesmo, o candidato dos trocadilhos, sempre bem-disposto. 
Sabe que não será o mais votado, mas por causa dos vetos cruzados não é completamente impossível que chegue à presidência (com o apoio do resto dos unionistas, C’s e PP, ou da ERC e da Catalunya en Cómu) e ninguém acredita nisso como ele.

Xavier Domènech teve a campanha mais difícil, fruto de uma posição que se distancia dos blocos em que a política catalã se divide. 
O Catalunya en Cómu, apoiado pelo Podemos, é contra a independência da Catalunha mas defende o chamado direito a decidir. 
O resultado é que todos tentaram convencer os seus eleitores, mas Domènech deverá ficar perto dos onze deputados de 2015. 
E pode, isso sim, ser árbitro na altura de negociar coligações.

A posição mais intransigente em relação à independência parece ter perdido gás, se olharmos para o que as sondagens antecipam para a CUP (Candidatura de Unidade Popular), único partido que não fez autocrítica em relação ao processo e que admite boicotar o próximo parlamento se a república não avançar. 
Irrompeu com dez deputados, em 2015, tornando-se essencial para a maioria de Puigdemont e Junqueras – agora, a lista encabeçada por Carles Riera arrisca perder quase metade do grupo parlamentar.

Se dependesse dele, a aplicação do artigo 155 da Constituição teria sido mais dura e prolongada. 
Xavier García Albiol sugeriu que Madrid aproveitasse para mudar o papel do catalão no ensino. 
Nas manifestações unionistas de Outubro e Novembro era sempre quem se via melhor (mede 2 metros) mas era à passagem de Rivera e Arrimada que se ouvia gritar “presidente”. 
Vai ter o pior resultado do PP na Catalunha e nem Rajoy, que não o largou na campanha, lhe valeu.

slorena@publico.pt

Abstenção e indecisos serão chave para decidir eleições

ELEIÇÕES
Sofia Lorena
em Barcelona 21 de Dezembro de 2017, 6:32

Sem transferência de votos entre os blocos independentista e unionista, quem não costuma votar e decida fazê-lo pode definir o resultado.

No final de Outubro, quando Mariano Rajoy fez aplicar o artigo 155 da Constituição e convocou eleições autonómicas para 21 de Dezembro na Catalunha, nenhum analista dizia acreditar numa participação maior do que a de 2015. 
Afinal, 77% já foi um número histórico. 
A verdade é que estes são tempos diferentes e 80 a 82% dos eleitores catalães responderam constantemente nas sondagens que pretendem votar.

Então, nas eleições que se antecipam como as mais participadas de sempre na Catalunha, devem acabar por ser os (poucos) abstencionistas a decidi-las. 
Isto porque, apesar de haver muitos indecisos (mais de 27%, nas últimas sondagens autorizadas e no inquérito diário do GESOP – Gabinete de Estudos Sociais e Opinião Pública, catalão – que o El Periòdic d’Andorra publicou até terça-feira), não há transferência de votos entre blocos. 
Segundo uma análise do El País, a possibilidade de um eleitor mudar o seu sentido de voto de um partido independentista para um do bloco unionista é de 1%.

Assim, são os mobilizados que vão decidir quem ganha e quem perde. 
Ou, pelo contrário, os que habitualmente estavam motivados e que, desta vez, cansados de tantos anos de processo independentista, decidam ficar em casa. 
Fundamental será quem não vota habitualmente e agora o fará (participação), tanto como a abstenção dos que sempre votaram. 
Um facto ainda mais relevante se pensarmos que o parlamento de 2015 já estava partido quase ao meio entre blocos, o mesmo cenário que agora se antecipa.

Os únicos votantes que se movem são os do Catalunya en Cómu, a marca do Podemos que conta com o apoio da autarca de Barcelona, Ada Colau. 
Sem integrar nenhum dos blocos – defende o referendo, é contra a independência – os seus eleitores foram disputados por todos, principalmente pela Esquerda Republicana e pelo Partido dos Socialistas Catalães.

Outro dado sobre os indecisos: de acordo com a última sondagem proibida, a indefinição entre os não independentistas é mais do dobro da que ainda existe entre os independentistas. 
Ou seja, muitos não sabem se votar Socialistas ou Cidadãos, alguns ainda estão indecisos entre votar PP ou no partido de Inés Arrimadas. 
Sendo certo que o PP não pode descer muito mais: na última sondagem está nos 4,8%, a duas décimas de garantir um grupo parlamentar de quatro ou cinco deputados.

slorena@publico.pt

“Rajoy está morto e foi Arrimadas que o matou”

ENTREVISTA
Sofia Lorena
em Barcelona 21 de Dezembro de 2017, 6:33

Entrevista a Fernando Vallespín. 
Para o especialista em teoria e pensamento político, presidente do Centro de Investigações Sociológicas entre 2004 e 2008, as próximas eleições em Espanha deverão ser legislativas.

























A “utopia do independentismo” esvaziou-se quando as empresas começaram a abandonar a Catalunha e Madrid impôs sem resistência o artigo 155, diz Fernando Vallespín, catedrático de Ciência Política na Universidade Autónoma de Madrid. 
Diz-se “pessimista” face às eleições autonómicas desta quinta-feira, onde “o voto se decide em função de preferências identitárias e não políticas”.

As sondagens antecipam uma governabilidade difícil a partir de Janeiro.
Não há muito a dizer. 
Estamos numa situação de empate, perante duas estratégias de hegemonia, a dos independentistas e a dos unionistas. 
Depois, dentro destes campos, [Oriol] Junqueras [ERC] tenta bater [Carles] Puigdemont [PDeCAT, concorre com a lista Juntos pela Catalunha] e este quer ganhar-lhe votos. 
No lado unionista parece claro que os Cidadãos vão ficar muito à frente, não se sabe bem ainda o que se passará com o PSC [Partido dos Socialistas da Catalunha] e o mais interessante é o resultado do PP [Partido Popular, de Mariano Rajoy, no poder em Madrid], que será absurdo.

Como quer “continuar espanhol”, desta vez Rubio vai mesmo votar

Iñaki Gabilondo dizia nas suas crónicas vídeo do El País que vamos ter uma situação em que “Mariano é I de Espanha e VII da Catalunha”.
O mais provável é que deixe rapidamente de ser I de Espanha também e essa será uma das consequências de umas eleições em que muito possivelmente a relação de forças no parlamento se vai alterar pouco. 
Se os independentistas conseguirem de novo a maioria precisando dos deputados da CUP vão insistir que têm a maioria social para construir um país, o que é mentira. 
E vai voltar a aplicar-se o [artigo] 155 [da Constituição, que permitiu a Madrid dissolver o parlamento e a Generalitat e governar a Catalunha].

Já se fez bastante autocrítica entre os independentistas à forma como se conduziu o processo, com excepção da CUP (Candidatura de Unidade Popular).
Muitos independentistas estão a favor de um processo mais pensado. 
Mas ninguém vota por preferências políticas, o voto é decidido em função de preferências identitárias. 
Claro que em algum momento vai ter de voltar a governar-se. 
A Catalunha está há anos sem governo, entregue a este desatino do independentismo. 
Sou pessimista. 
Com os processos judiciais em marcha, um auto-exilado [Puigdemont], o outro na prisão [Junqueras], muitos mais implicados, tudo se complica. 
É difícil que enquanto isto se passa se chegue a um acordo de governo e haja alguma normalização. 
Por tudo isto, seria mais simples se vencesse o Cidadãos, ainda que não seja fácil formar governo desse lado.

O mais certo é que o bloco independentista vença, com ou sem maioria.
Sim. 
E o sensato seria que os seus líderes dissessem ‘necessitamos de uma reflexão, temos de fazer alguma marcha atrás e resolver os problemas urgentes; por um lado, os processos judiciais; por outro, os problemas mais graves da economia, por isso vamos adiar a questão da independência, não é uma desistência, é um adiamento táctico’. 
Isso teria lógica.

Mas a pressão de parte da sociedade não vai parar. 
Os jovens que gritaram “traidor” quando Puigdemont admitiu convocar eleições em vez de declarar a independência não desistem.
Sim, mas não são a maioria. 
Veja-se o absurdo de tentar montar uma república onde nem sequer metade dos cidadãos está de acordo com isso. 
Como é que vais governar um país novo assim? 
É uma loucura, mas já se sabe que de vez em quando os povos enlouquecem.

A ideia da maioria social é um mito nunca provado. 
Mas umas eleições autonómicas não são um referendo. 
Por mais difícil que fosse organizar um referendo negociado, essa não é a única forma de saber quantos catalães querem ser independentes?
Mas eles agora também não querem o referendo, sabem que perderiam. 
O que querem é acções repressivas por parte de Espanha, agora que o independentismo começa a esvaziar-se. 
O movimento sempre andou a par da economia. 
Cresceu com a crise e começou a cair com as melhorias. 
Se olharmos para as curvas vemos que vão em paralelo. 
Precisavam de repressão e quase o conseguiram com o [referendo de] 1 de Outubro. 
O problema é que só houve dois feridos [Generalitat, autarquia e serviços de saúde falam em mais de mil, dois deles graves, incluindo um que perdeu uma vista, atingido por uma bala de borracha] e Puigdemont não pôde ir visitar hospitais. 
Ele precisava disso, melhor ainda com tanques. 
Mas depois [da declaração de independência, a 27 de Outubro] veio o 155 e a gente ficou em casa.

Essa segunda-feira, com toda a gente à espera que os conselheiros fossem trabalhar e pudessem ser detidos, Puigdemont a aparecer em Bruxelas, poucos a sair à rua… Foi um enorme anticlímax.
As pessoas estão fartas. 
São muitos anos à espera de algo que não chega, com os dirigentes a tentarem convencer os não independentistas com dúvidas que a sua narrativa é a realidade. 
Que Espanha não é uma democracia, que a Catalunha não tem autonomia, com as competências que tem… 
Nada disto encaixa no que o direito internacional prevê. 
Nem sequer se proíbe a língua, o catalão é a língua veicular, o que não é possível é escolarizar um filho em castelhano. 
E toda a narrativa assentava numa utopia.

O futuro brilhante impossível em Espanha.
Sim, uma Dinamarca no Sul. 
Essa ideia teve muito impacto, sobretudo entre os jovens que se vêem sem futuro e de repente acreditaram na possibilidade de melhorias sociais, com leis que já não são concebíveis na Europa actual. 
As pessoas mais à esquerda a sonhar com uma república popular, as elites tradicionais a ver-se como embaixadores em Washington e Paris. 
A verdade é que quanto muito seria uma colónia da China, uma espécie de Singapura ora dentro ora fora da Europa, um paraíso fiscal. 
Não é este o modelo de sociedade que os catalães têm no seu imaginário.

Apesar da situação de empate técnico entre blocos há a incógnita dos socialistas, com Miquel Iceta a garantir que se os unionistas tiverem maioria será ele o presidente e não Inés Arrimadas, do Cidadãos. 
Apoiar Arrimadas seria desastroso para o PS nacional.
Claro. 
Se Iceta tivesse um resultado melhor do que aquele que as sondagens antecipam e se unisse a [Xavier] Domènech [candidato do Catalunya en Comú, o movimento do Podemos local], aí sim, poderia haver um bloco não independentista com capacidade para governar de forma diferente, mas isso é quase impossível que aconteça.

Uma vitória do Cidadãos mudaria a política espanhola?
Simbolicamente seria muito, muito importante, mesmo se Arrimadas não puder governar. Enfim, pode sempre haver surpresas nestes processos. 
Agora mesmo o que sabemos é que o independentismo está mobilizado a 100%, o outro lado não. 
E falta saber o que vai acontecer com os indecisos, que são mais de 27%. 
Creio que são novos eleitores. 
Jovens, que votam independentismo, saem das escolas já com essa ideologia, e quem não vota habitualmente, gente habitualmente mais opaca, que tende a optar por uma postura mais conservadora.

Gente que vai votar Cidadãos e não PP. 
Vamos ter legislativas mais depressa do que Rajoy gostaria?
Sim, de certeza. Rajoy está morto e foi Arrimadas que o matou. 
Com isto é que ele não contava, aplica o 155, diz que está a salvar a Catalunha e vai ter um resultado miserável. 
De certa forma, é um paradoxo maravilhoso, ele que sempre foi passivo em relação à Catalunha para ganhar votos noutras zonas de Espanha quando finalmente é assertivo acaba esmagado pela própria Catalunha. 
Rajoy está morto, mas os socialistas não estão melhor e o Podemos também não soube colocar-se bem nesta disputa.

Já demos Rajoy como morto algumas vezes. 
E depois lá está ele, de novo presidente.
Sim, vai tentar aguentar-se, não se vêem livres dele facilmente. 
Mas é um pato coxo, já não pode aspirar a ser presidente do Governo. 
E [Albert] Rivera [líder do C’s] também não me parece ter perfil para liderar o país. Arrimadas tem carisma, chega às pessoas, Rivera não. 
Se o PP fosse inteligente tentava encontrar alguém com um perfil diferente. 
O que se avizinha é a possibilidade de uma vingança maravilhosa dos cidadãos contra o PP, contra a corrupção. 
Quem não tinha alternativa para não votar à esquerda agora pode vingar-se de consciência tranquila, votando Cidadãos.

slorena@publico.pt