Marta Leite Ferreira e Sara Antunes de Oliveira 13 Julho 2018
Chegaram a Portugal pela mão de um emigrante na Alemanha que acabou sequestrado por querer desistir. Não serão mais de 100, mas a PJ descreve-os como altamente organizados e muito perigosos.
Nos cadernos de uma investigação que começou há vários anos e culminou nas detenções desta quarta-feira, os indícios de tráfico de armas são os mais antigos.
Há muito que a Unidade Nacional Contra Terrorismo da Polícia Judiciária (PJ) procurava encontrar o rasto de um esquema de circulação de armamento, concentrado sobretudo no Algarve, e as mãos que o lideravam.
Os investigadores sabiam que era ali o ponto de entrada de armas vindas do estrangeiro — distribuídas depois em todo o país — e suspeitavam que os responsáveis faziam do negócio uma das principais fontes de rendimento de um grupo, também ele, seguido de perto pelas autoridades — os Hells Angels.
Nas cerca de 80 buscas feitas em vários pontos do país, um dos focos foi encontrar mais elementos que pudessem ajudar a sustentar a tese e não faltam armas entre os objetos apreendidos.
Os inspetores recolheram mais de 10 armas de fogo, de vários calibres, soqueiras, bastões, tasers e muitas facas de mato, entre outras.
Seriam todas para uso de quem as tinha e o conjunto não inclui as que seriam traficadas, mas isso também não era esperado.
Fonte próxima do processo explica que “o tráfico de armas é como o da droga: entram e saem, não ficam paradas”.
Ainda assim, o material apreendido é considerado muito relevante e permite juntar a suspeita à longa lista de crimes imputados aos 59 detidos (58 em Portugal, um no estrangeiro): tentativa de homicídio, roubo, ofensa à integridade física, associação criminosa, extorsão e posse ilegal de armas.
Em tese, poderiam ser crimes praticados por alguns elementos de um simples clube de amantes de motociclismo, mas a PJ segue a linha da Europol e do Departamento de Segurança norte-americano: os Hells Angels são, por si só e como um todo, uma organização criminosa, unida internacionalmente por valores, símbolos e convicções, mas autónoma em cada país no controlo de núcleos ligados, sobretudo, ao tráfico de droga, segurança ilegal e prostituição forçada.
Lá fora como cá, a fachada do motociclismo serve dois propósitos: justifica a existência dos clubes, de forma pública, e o negócios das lojas (cujo monopólio lhes pertence) ajuda a financiar as outras atividades ilícitas ou a branquear o produto dos crimes.
A chegada a Portugal pela mão de um emigrante
O fenómeno é relativamente recente em Portugal.
Ao Observador, Rui Pereira, ex-presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade e Terrorismo (OSCOT), explica que a atividade dos Hells Angels por cá, com o estabelecimento de núcleos, só começou em 2002, quarenta anos depois de ter chegado ao resto da Europa.
Veio pelas mãos de Fernando Fortes, um emigrante português que conviveu pela primeira vez com os Angels quando vivia na Alemanha e que acabou sequestrado pelo grupo, três anos depois, quando quis desistir.
A história é citada numa tese académica feita por Edgar Palma, um mestrando em Direito e Segurança da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa: em julho de 2005, Fernando Fortes foi espancado por seis ex-companheiros dos Hells Angels e sequestrado, juntamente com a companheira.
No tempo de cativeiro, foi obrigado a assinar documentos que cediam a um dos agressores os direitos do domínio da Internet usado pelo grupo e ficou sem uma Harley Davidson, avaliada em seis mil euros.
A mota acabaria por ser recuperada, dias depois, na sequência da queixa apresentada pelas vítimas na GNR.
Os agressores foram condenados a penas de prisão suspensas, por ofensas à integridade física, sequestro, coação, roubo agravado e extorsão simples na forma tentada.
Membros dos Hells Angels numa manifestação, em 2017, em Berlim. |
Poderia ter sido o fim dos Hells Angels em Portugal (até porque os agressores acabaram por ser expulsos), mas a entrada de novos membros, alguns deles estrangeiros, acabou por trazer uma nova dinâmica, que impulsionou a expansão.
É mais ou menos desde essa altura que são seguidos, de forma atenta e permanente, pelas autoridades portuguesas, sobretudo pela Unidade Nacional Contra Terrorismo da PJ, responsável pelas detenções desta semana.
Nas contas das forças policiais, os Angels têm agora, em Portugal, um número considerável de admiradores, mas os membros do cinco clubes nacionais não serão mais de 100, divididos por Porto, Lisboa, Cascais, Margem Sul e Algarve.
Dito assim, parece pouco, mas a descrição feita mostra que o número é irrelevante: a PJ diz que são altamente organizados, muito perigosos e extremamente violentos.
A organização interna é, aliás, uma das grandes forças dos Hells Angels: são uma estrutura hierarquizada, fechada e muito voltada para dentro.
Na tese sobre o grupo, Edgar Palma explica, até, que é muito difícil a “intrusão de agentes infiltrados, não só pelos requisitos exigidos, mas também devido ao risco que pode representar o violento processo de separação”.
Rui Pereira acredita, ainda assim, que foi esse o caso no processo que levou às detenções desta semana: “Para uma operação desta natureza acontecer é porque a PJ tinha informadores no interior dos Hells Angels, garantidamente”, diz o ex-presidente do OSCOT. Uma estratégia que terá ajudado os investigadores a conhecerem, ao pormenor, as rotinas de cada um dos suspeitos, a anteciparem eventuais fugas de informação, que comprometessem a operação, e a descobrirem “o tempo, o lugar e o modo” mais adequados para avançar para o terreno.
A coordenadora de investigação da PJ, Manuela Santos (D), acompanhada pelo diretor nacional, Luís Neves, na conferência de imprensa sobre a operação.
A Judiciária revela poucos detalhes e a Procuradoria Geral da República fala apenas numa “operação complexa” para o “desmantelamento de uma associação criminosa”, mas o Observador sabe que foi uma intervenção considerada “de alto risco” e preparada com grande detalhe, por se tratarem de suspeitos considerados perigosos, muito violentos e altamente organizados.
Mário Machado e o plano de vingança que precipitou as detenções
A imagem passou em todas as televisões: Mário Machado, antigo líder do grupo de extrema-direita Hammerskins, rosto de declarações polémicas e condenações por crimes violentos, fixava as câmaras enquanto passava o polegar pelo pescoço, como se cortasse a própria garganta.
A mensagem era clara e tinha como destinatários os homens dos Hells Angels que, horas antes, tinham invadido um restaurante no Prior Velho, armados com facas, barras de ferro e marretas para o agredir.
Foi o ponto mais extremo de uma rivalidade que, ao Observador, Machado garante que começou com um episódio insólito.
“Eu tinha uma relação cordial com eles e até era fiador deles, mas, há uns oito anos, um amigo meu roubou-os e eles queriam fazer-lhe mal.
O Nuno Cláudio Cerejeira — que por acaso é sobrinho neto do cardeal Cerejeira — fugiu para Lisboa e entrou na casa da minha mãe a chorar e a dizer que os Hells Angels o queriam matar.
Imagine o que é ver um homem gordo, nós até lhe chamávamos Gordo, com a cabeça toda tatuada, a chorar em casa da minha mãe.
Eu tinha de fazer alguma coisa, por isso liguei para eles e pedi-lhes para não fazerem mal ao Gordo, porque ele é meu amigo e tinha estado preso comigo.
Como eles disseram que iam fazer mal na mesma, eu fui lá abaixo com o Gordo.
Ele ficou no carro e eu dei um tiro ao presidente”, recorda.
Mário Machado, ex-líder dos Hammerskins
Mário Machado acabaria por juntar-se a uma filial dos Los Bandidos, histórico rival dos Hells Angels.
Diz que a tensão sempre foi grande, também por causa do negócio do motociclismo: “Eles querem o monopólio em Portugal.
Tudo o que é lojas de tatuagens, bike shows, merchandising… é tudo deles.
Se abre um novo motoclube — eu quis abrir um que tinha potencial chamado 1% e, como eles sabiam que tinha potencial, isso ainda aprofundou mais as nossas divergências — eles chegam ao pé de dois ou três e dão-lhes ordens para mudar os símbolos.
Alguns desses motoclubes já gastaram mais de quatro mil euros para mudar os dizeres daquilo que vendem, a mando dos Hells Angels.
Sei de mais de 30 motoclubes em que isso aconteceu.
Há 17 anos que é assim”, diz Mário Machado.
As autoridades acreditam, contudo, que foi a concorrência entre os dois grupos nos negócios de droga e da prostituição que tornou a convivência insustentável e acabou por conduzir ao episódio do Prior Velho.
Um episódio muito violento que, ainda assim, permitiu à Polícia Judiciária encontrar brechas para “entrar” na organização dos Angels e recolher dados sobre as atividades criminosas que praticavam, numa investigação que tinha começado ainda em 2016.
Certos de que as agressões no tal restaurante, em março, não ficariam sem resposta, os investigadores acabaram por perceber que a vingança estava muito próxima — provavelmente já na próxima semana, na concentração motard de Faro.
Foi o sinal de alarme que precipitou a ida de 400 inspetores para o terreno, na operação desta quarta-feira, que permitiu, segundo a PJ, decapitar o topo da hierarquia dos Hells Angels.
Entre os detidos está, aliás, o atual líder do grupo: segundo o Público, é um homem de quase 70 anos, mestre de artes marciais e, até agora, sem cadastro.
O maior e mais perigoso grupo de motards
Os Hells Angles nasceram nos Estados Unidos, a 16 de março de 1948, a seguir à II Guerra Mundial e pela mão de veteranos, mas, segundo José Manuel Anes, também ex-presidente do OSCOT, não são apenas mais um dos muitos grupos motards com as mesmas raízes.
É certo que há outros importantes, como os Outlaws, os Bandidos ou os Pagans, mas este merece mais atenção das autoridades de vários países: com alguns dos membros ligados a atividades criminosas relacionadas com o tráfico de droga, de armas e o proxenetismo, os Hells Angels são considerados “o maior e mais perigoso” grupo de motards do mundo.
Isso mesmo é verificado pelos relatórios anuais sobre criminalidade redigidos pelo governo dos Estados Unidos: “Na Califórnia, há cerca de 50 grupos de motociclistas ilegais, com um número de membros estimado em 1.500.
Os Hell Angels e os Mongols são as duas organizações de topo desta natureza, com o maior número de membros no estado.
As autoridades desconfiam que o tráfico de drogas é a fonte de rendimentos principal dos dois gangues.
Desde que nasceram e até à atualidade, cresceram por todo o país e saltaram fronteiras até chegar à Europa.
E, lá como aqui, são associados a alguns dos crimes mais graves: “Hoje os Hells Angels são considerados pelas autoridades uma das maiores organizações de distribuição de drogas nos Estados Unidos.
São conhecidos os tráficos de metanfetaminas, anfetaminas, cocaína, marijuana, haxixe, LSD, heroína, fenciclidina, ecstasy, metaqualona, secobarbital, esteróides, STP, MDA, mescalina e outras drogas.
Na página oficial do grupo, no entanto, as raízes ligadas aos combatentes da II Guerra Mundial e aos antigos membros do Grupo de Bombardeamento Hells Angels B-17 são negadas: “Tem sido dito que estes antigos militares seriam bêbedos, desajustados e de uma forma geral soldados marginais, que nunca se adaptaram a um ambiente de paz.
Se alguma pessoa, independentemente da sua associação, considerar o conteúdo destas declarações, não vai encontrar nenhum rasto de racionalidade nessas afirmações”.
[Conheça neste vídeo quem são os Hells Angels e porque são tão temidos.]
Valores, símbolos e rituais
Do recrutamento à organização interna, os Hells Angels usam códigos, símbolos e rituais muitas vezes semelhantes aos da máfia.
José Manuel Anes descreve essa forma de funcionamento dos núcleos violentos e criminosos do grupo como “pequenas máfias, em que as pessoas precisam de passar por rituais de iniciação para entrarem no grupo”.
Esses rituais servem para “marcar e amedrontar o novo candidato para que obedeça ao grupo”.
Um deles é cumprido, por exemplo, quando alguém quer entrar nos Hells Angels para distribuir droga: segundo um relatório do Conselho de Informação Criminal norte-americano, “os membros de outros grupos devem obter aprovação para distribuir droga em território controlado pelos Angels e normalmente têm de pagar um imposto de rua”.
Em tese, qualquer um pode candidatar-se — mas só em tese.
Numa entrevista feita em 2000, Ralph “Sonny” Barger, um dos membros mais famosos dos Hells Angels, sublinha que não faz discriminação de raça: “O clube como um todo não é racista, mas provavelmente temos suficientes membros racistas para que nenhum gajo preto queira lá entrar.
Se fores motard e fores branco, vais querer juntar-te aos Hells Angels.
Se fores preto, vais para os Dragons.
É assim que as coisas são, quer gostem ou não.
Nós não temos pretos e eles não têm brancos”.
Apesar de recusarem o rótulo de racistas, algumas filiais dos Hells Angels têm uma cláusula que exige que o presidente seja branco.
O culto dos símbolos é outro dos aspetos que aproximam os ramos criminosos de grupos como os Hells Angels às máfias de que José Manuel Anes, que também é professor na Universidade Lusíada, fala.
Tal como, em Itália, algumas máfias prestam culto à imagem de Virgem Maria ou da rosa, os Hells Angels têm como insígnia oficial a “cabeça da morte”, uma homenagem ao antigo presidente da filial de San Francisco, Frank Sadilek.
Um símbolo que refuta também a teoria de que nada têm a ver com os soldados da II Guerra: a “cabeça da morte” impressa nas jaquetas dos motards desde 1953 foi copiada das insígnias da 85.ª Esquadrilha de Combate e da 552.ª Esquadrilha de Aviões Bombardeiros Médios.
Outro símbolo importante dos Hells Angels é a expressão “1%” e também ela tem um contexto histórico: o Incidente Hollister.
A 4 de julho de 2007, atraídos pelas corridas anuais promovidas pela Associação de Motociclistas Americanos e pelo encontro de vários clubes, centenas de motociclistas acorreram a Hollister, na Califórnia.
O consumo de álcool misturou-se com a adrenalina e resultou num incidente inusitado: “Membros de motoclubes e não membros começaram a competir nas ruas da cidade, consumindo quantidades gigantescas de cerveja.
A algazarra produziu pequenos incidentes, entre eles dano ao património e ultraje público ao pudor”, recorda a página “Os Notáveis Moto Clube”, numa publicação no Facebook.
No rescaldo do incidente, a que a revista Life chamou “um cerco à cidade”, a Associação de Motociclistas Americanos (AMA) terá saído em defesa da integridade dos motards, dizendo que “99% dos motociclistas eram bons cidadãos e 1% bandidos”.
Os Hells Angels gostaram da fórmula matemática e começaram a estampar “1%” nas jaquetas de pele.
A AMA jura que nunca utilizou essa expressão.
Como os Hells Angels mataram o sonho hippie
Assistir a um concerto dos Rolling Stones há praticamente cinco décadas custava oito dólares no máximo e já era demasiado para os amantes do rock n’roll.
Para compensar o público e apaziguar as críticas publicadas pelos jornais, a banda decidiu dar um concerto gratuito em San Francisco, que encerrava a tour norte-americana.
Depois de longos dias a negociar o local onde o concerto seria, a solução surgiu em Tracy, Califórnia, dentro de um festival de Verão incluído no Altamont Raceway Park, um percurso para corridas de mota.
Era o Altamont Free Concert e prometia destronar o Woodstock.
Mas o Altamont Free Concert tinha uma série de problemas logísticos: não tinha casas de banho portáteis, não tinha pontos de atendimento médico e o palco estava ao mesmo nível que a plataforma onde o público iria assistir ao concerto.
“O palco estava a um metro de altura e, como era num monte, toda a pressão da audiência estava contra nós.
Nem sequer estávamos a trabalhar com andaimes, era à moda antiga, com paralelos”, recordou Chip Monck, gestor de palco dos Rolling Stones.
À conta da proximidade do palco ao público, a banda delineou uma estratégia diferente: pediram a Ralph “Sonny” Barger, o líder do chapter de Oakland, que mobilizasse uns quantos membros dos Hells Angels para cercarem o palco e servirem de seguranças. Em troca, receberiam o equivalente a 500 dólares de cerveja.
Sonny aceitou o pagamento, como veio a explicar no documentário “Gimme Shelter”: “Nós não policiamos as coisas.
Nós não somos uma força de segurança.
Vamos a concertos para nos divertirmos e curtirmos o momento.
Mas isto era sobre ajudar pessoas, sabes, dar direções e essas coisas.
Claro que o podemos fazer.
O que posso dizer?
Gostamos de cerveja!”.
Esta não seria a primeira vez que os Hells Angels serviam de segurança a grandes artistas: já o tinham feito com os Grateful Dead e com Jefferson Airplane, que sugeriram a solução aos Rolling Stones, e exatamente com o mesmo tipo de recompensa.
Naquele dezembro de 1969, iam proteger não só a banda de Mick Jagger mas também todas as bandas previstas para aquele dia.
“O único acordo que houve foi: os Angels tinham de se assegurar que ninguém interferiria com os geradores.
Só isso.
Supostamente, os tais 500 dólares em cerveja seria um pagamento dividido por todas as bandas que atuariam no palco, mas até hoje nunca me devolveram o dinheiro”, queixa-se Sam Cutler, gestor de tour dos Rolling Stones dessa época.
Correu tudo bem durante o concerto de Carlos Santana, mas tudo piorou daí para a frente: enquanto protegiam as bandas e os geradores no palco, os membros dos Hells Angels bebiam cerveja atrás de cerveja.
O resultado foi o previsível: ficaram bêbedos e começaram a agredir as pessoas que estavam mais perto deles.
O ambiente começou a degradar-se rapidamente: uma mulher viu um homem ser agredido com cinco murros por membros do grupo e uma garrafa de cerveja acertou na cabeça da cantora Denise Jewkes, que estava grávida de seis meses, e fraturou-lhe o crânio.
No meio da confusão, um dos membros dos Angels foi derrubado pelo público e os colegas começaram a bater nos culpados: o cantor Marty Balin desceu do palco para pôr travão às agressões, mas levou um murro na cabeça que o deixou inconsciente.
O colega de banda que o acudiu foi agredido com um microfone e também acabou no chão.
A gota de água, no entanto, foi ainda mais trágica.
Meredith Hunter tinha 18 anos e estava a assistir ao concerto dos Rolling Stones com a namorada, Patty Bredehoft.
Com os amigos, tentou subir para o palco, mas a tentativa foi travada por um dos Hells Angels, que lhe pegou pela cabeça, deu um murro na cara e o atirou para o chão.
Um minuto depois, Meredith Hunter, que estava “enraivecido, irracional e tão pedrado que nem conseguia andar bem”, como descreveu Rock Scully, voltou a tentar trepar para o palco, desta vez com um revólver de calibre .22 na mão.
“Ele estava louco, estava sob o efeito de drogas, eu via para o que ele estava a olhar.
Ele tinha intenções assassinas.
Não tenho nenhuma dúvida que ele queria fazer muito mal ao Mick, a alguém dos Rolling Stones ou a alguém em cima do palco”, recorda Scully.
Antes que isso acontecesse, um membro dos Angels pegou numa faca, encostou-a à barriga de Meredith, afastou o revólver e esfaqueou-o duas vezes com a mão direita. Meredith Hunter morreu.
E com ele morreu também o sonho hippie, naquele que é um dos primeiros homicídios atribuídos aos Hells Angels.
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