Paula Freitas Ferreira
24 Julho 2018 18:16
O presidente da câmara de Rafina-Pikermi, onde fica Mati, a aldeia costeira onde foram encontrados as vítimas mortais entre vários carros carbonizados, disse ter visto "pelo menos 100 casas em chamas": "eu vi com os meus olhos - é uma catástrofe total", contou
Grécia arde.
As imagens que nos chegam de Mati, uma aldeia costeira a 40 quilómetros de Atenas, na região de Rafina - onde morreram 26 pessoas, apanhadas desprevenidas pelo fogo -, traz à memória Pedrógão Grande e as vítimas mortais portuguesas do verão passado.
O último balanço das autoridades gregas aponta para 74 vítimas mortais e 187 feridos.
Os incêndios florestais perto de Atenas são os piores na história da Grécia desde 2007.
Os corpos de 26 dos mortos - muitos deles amontoados - foram descobertos na aldeia costeira de Mati na manhã desta terça-feira.
Várias pessoas ficaram "presas nas chamas" enquanto tentavam fugir para o mar.
Mais de meio milhar de bombeiros lutaram contra cinco grandes incêndios florestais na Grécia, disse uma autoridade do setor.
Cinco monstros de fogo
Um incêndio deflagrou a leste de Atenas, perto de Kineta; outro a oeste de Atenas, em Kallitexnoupolis, perto de Mati; um perto de Corinto e dois em Creta na região de Chania.
A busca por pessoas desaparecidas está a ser realizada por patrulhas compostas por elementos das Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros nas áreas de Neos Voutzas,
Mati e Rafina.
Os vários incêndios que deflagraram na segunda-feira na Grécia envolveram alguns dos monumentos do país numa nuvem de fumo à mistura com muito calor.
A Acrópole de Atenas foi encerrada por razões de segurança.
A fuga para o oceano: moradores relataram cenas angustiantes quando as chamas envolveram Mati e a única saída era correr para a água.
Muitos morreram na fuga.
Os dois incêndios florestais nas proximidades de Atenas levaram centenas de pessoas, incluindo turistas, a correr para as praias para serem evacuadas por navios da Marinha, iates e barcos de pesca, onde várias equipas de resgate e voluntários ajudaram os moradores a fugir de Mati.
Uma mulher tenta encontrar o seu cão no meio de carros carbonizados em Mati.
Outros moradores procuram documentos que ficaram dentro de carros carbonizados.
"Mati já nem existe", disse uma das moradoras à Skai TV.
Mais de 600 bombeiros, cinco aviões e dois helicópteros foram mobilizados para enfrentar a situação "extremamente difícil" devido às fortes rajadas de vento, disse o chefe dos bombeiros de Atenas.
Evangelos Bournous, presidente da câmara de Rafina-Pikermi, disse à Sky News que viu "pelo menos 100 casas em chamas", acrescentando: "Eu vi com os meus olhos - é uma catástrofe total".
O estado de emergência já foi declarado pelas autoridades regionais.
"Esta é uma situação extrema", disse um dos bombeiros mais experientes, Achilleas Tzouvaras, que aconselha a população a fugir.
"As pessoas não podem tolerar tanto fumo durante tantas horas".
Centenas de pessoas tentam, assim, fugir das áreas afetadas pelos fogos.
O primeiro-ministro Alexis Tsipras afimou que o Governo grego está a fazer tudo o que "é humanamente possível para combater estes incêndios" e o país já anunciou que vai pedir ajuda à União Europeia para combater os fogos, os mais graves dos últimos dez anos.
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