XXII CONGRESSO DO PS
São José Almeida
12 de Maio de 2018, 6:04
Silva Pereira foi ministro da Presidência de José Sócrates
Eurodeputado nota que houve uma “sucessão de declarações” de dirigentes socialistas que criou a percepção no antigo primeiro-ministro de que houve uma "condenação sem julgamento".
O eurodeputado socialista e ex-ministro da Presidência de José Sócrates, Pedro Silva Pereira, afirmou esta sexta-feira que a “sucessão de declarações de dirigentes do PS em tom algo diferente do que tinha acontecido anteriormente gerou uma percepção” que levou José Sócrates a decidir desvincular-se do partido.
"Lamento mas respeito a decisão [de Sócrates] de se desvincular do Partido Socialista”, afirmou Silva Pereira, em declarações no programa Política Pura da TSF.
O eurodeputado sublinhou que “o PS tem explicado pela voz do secretário-geral que não alterou a posição" e, por isso, entende que a decisão do antigo primeiro-ministro "não era inevitável".
Mas reconheceu que "uma coisa é a posição do Partido Socialista, outra coisa é a percepção que se possa ter dela".
No caso de Sócrates, a percepção terá sido a de uma condenação sem julgamento, explicou: "Houve de facto uma sucessão de declarações de dirigentes do Partido Socialista em tom algo diferente do que tinha acontecido anteriormente e isso gerou uma percepção, que depois o secretário-geral esclareceu que não corresponde à verdade e que não havia uma condenação sem julgamento que o PS nunca fez", explicou Silva Pereira.
"Uma ruptura depois de um trajecto comum durante tanto tempo, certamente que traduz uma mágoa pessoal”, afirmou o eurodeputado a propósito de o antigo líder do PS ter aludido a um “embaraço mútuo” na carta de despedida.
“Foi assim que eu li" o uso dessa expressão, notou o eurodeputado.
Ao contrário da também eurodeputada Ana Gomes, que entende que o próximo congresso do PS "é a oportunidade para escalpelizar" como é que o partido "se prestou a ser instrumento de corruptos e criminosos", Silva Pereira sustenta que não é isso que deve acontecer.
"Para o Partido Socialista não faz qualquer sentido abrir uma discussão sobre como é que foi ou deixou de ser um instrumento de acção de corruptos e criminosos, como diz Ana Gomes”, afirmou.
“Não é essa a posição da direcção.
Isso iria supor uma antecipação do julgamento que nem a própria justiça fez, nem podia fazer porque o contraditório não se fez”, considerou o ex-ministro de Sócrates.
O eurodeputado, que estará no conclave marcado para os dias 25, 26 e 27 na Batalha, reconhece que essa questão “deverá estar na ponta da língua dos jornalistas nos corredores do congresso”.
Se as pessoas são “livres de fazerem as intervenções que entenderem", já a direcção do PS deve manter o tema fora da agenda, sublinhou.
No dia anterior, na TVI 24, Pedro Silva Pereira havia comentado o mesmo caso, dizendo que não acompanha "a teoria da conspiração segundo a qual a direcção do PS teria lançado uma operação concertada para provocar esta ruptura com o engenheiro Sócrates".
Para o ex-ministro, "não houve a intenção de se antecipar à Justiça, fazendo um julgamento criminal".
Sobre a estratégia do PSD, que retomou o caso Pinho ao chamar o ex-governante ao Parlamento e que, no último debate quinzenal, questionou Costa sobre a corrupção no governo de José Sócrates, Pedro Silva Pereira disse que o PSD "lançou operação de tentativa de aproveitamento político dos casos que estão pendentes na Justiça".
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Rui Rio está em Beja, para o primeiro de dois dias de comemoração do 44º aniversário do PSD
Líder do PSD assume que, com o envio do processo de Manuel Vicente para Luanda, as relações entre os dois países podem normalizar-se.
O presidente do PSD, Rui Rio, considerou esta sexta-feira "muito positivo" e "uma boa notícia" para as relações entre Portugal e Angola a transferência para este país do processo judicial que envolve o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente.
"É, obviamente, uma boa notícia para as relações entre Portugal e Angola", mas "temos que ter consciência, ao longo de todo este processo, que há uma real separação de poderes em Portugal e, portanto, o poder político não podia fazer nada, nem devia fazer nada, relativamente a isto", afirmou o líder social-democrata.
Em declarações aos jornalistas, Rui Rio afirmou que, "a partir do momento" em que o caso "ficou sempre na esfera do poder judicial, e o poder judicial resolveu da forma como resolveu, do lado do poder político é muito positivo" este envio do processo para Angola porque as relações de Portugal com este país "são vitais para o desenvolvimento de ambos".
O presidente do PSD falava aos jornalistas, esta manhã, à margem das visitas que está a efectuar no primeiro de dois dias das comemorações nacionais do 44.º aniversário do partido, que decorrem na cidade alentejana, até sábado.
Em relação ao envio para Angola do processo de Manuel Vicente, o líder social-democrata disse ainda esperar que as relações entre Portugal e aquele país "se normalizem".
"Nem vejo agora razão nenhuma para não se normalizarem e é muito importante para Portugal ter, para lá da sua relação com a Europa, uma boa relação com o Atlântico" e com "os países de expressão portuguesa", no âmbito dos quais "Angola tem um papel absolutamente preponderante".
Segundo Rui Rio, "era muito mau, quer para Angola, quer para Portugal, arrastar-se a situação que se vinha vindo a arrastar", mas "é preciso compreender" que se trata de "uma matéria do foro judicial", na qual "o poder político não tem responsabilidade".
"E foi aí, nesse fórum", o judicial, "que foi resolvido e bem", acrescentou.
O Tribunal na Relação de Lisboa (TRL) considerou na quinta-feira que a aplicação da lei da amnistia aos factos imputados ao ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente, no processo Operação Fizz, "não põe em causa a boa administração da justiça".
Esta manhã, o Presidente angolano anunciou "a vontade" de Angola e Portugal seguirem com a cooperação, como consequência da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, de enviar para Luanda o processo que envolve o ex-vice-Presidente Manuel Vicente.
A mensagem foi transmitida por João Lourenço através da sua conta oficial na rede social Twitter, que utiliza regularmente, dando conta que já falou com o homólogo português.
"Conversei na manhã de hoje com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa na sequência da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa.
Felicitámo-nos pelo feliz desfecho do caso e reiterámos a vontade de seguir em frente com a cooperação entre os nossos dois países", anunciou João Lourenço.
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