segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Rio já tem ideias para o Portugal 2030, mas não vão a Belém

FUNDOS COMUNITÁRIOS
São José Almeida
19 de Janeiro de 2018, 6:19
A nova direcção do PSD só é eleita no congresso, mas Rio e o seu núcleo duro já têm ideias sobre onde devem ser investidos os fundos comunitários na próxima década.

O novo PSD liderado por Rui Rio já tem ideias sobre o que pretende defender em relação ao destino a dar aos fundos comunitários que o Estado português receberá entre 2020 e 2027, o chamado Portugal 2030, nomeadamente a aposta na investigação científica e a criação de infra-estruturas, que não passe pela construção de mais estradas. 
Mas as ideias do novo líder e da sua equipa ficarão de fora do Conselho de Estado que se reúne esta sexta-feira para analisar o tema.

É que qualquer proposta de Rio só será publicamente defendida pelo PSD, após o congresso de Lisboa, que se realiza entre 16 e 18 de Fevereiro, no qual será eleita a nova direcção e em que o novo presidente será empossado. 
Por isso, na discussão em Conselho de Estado não estará o pensamento de Rio sobre o Portugal 2030, ainda que nela participem três proeminentes personalidades do PSD que expressarão a sua opinião individual: o fundador e ex-líder, Francisco Pinto Balsemão; o ex-líder Luís Marques Mendes; e a ex-dirigente do partido Leonor Beleza. 
Os dois últimos têm assento no órgão de aconselhamento do Presidente da República por escolha do próprio Marcelo Rebelo de Sousa, mas Balsemão foi indicado pelo grupo parlamentar do PSD, razão pela qual poderia fazer eco das posições da nova direcção, se esta já estivesse eleita e se as posições fossem já oficiais. 
Sublinhe-se que os líderes partidários não têm assento no Conselho de Estado por inerência do cargo, como acontece com titulares de órgãos político-institucionais como o presidente da Assembleia da República ou o primeiro-ministro.

Um integrante do núcleo duro de Rio afirmou ao PÚBLICO que a decisão do Presidente de marcar um Conselho de Estado sobre este tema - considerado da maior importância - antes de o novo presidente do PSD tomar posse “é precipitada” e “beneficia o Governo”.

O primeiro-ministro, António Costa, que estará na reunião no Palácio de Belém, já tornou público que quer negociar o Portugal 2030 com o PSD em 2018, de modo a preparar a proposta que Portugal vai defender em Bruxelas e que o Governo já baptizou como “Década de Convergência”. 
Tanto mais que a saída do Reino Unido da União Europeia irá diminuir o número de contribuintes líquidos e o valor de verbas em distribuição no próximo quadro de fundos.

As apostas de Rio

Embora não tenham sido formalizadas, a equipa de Rio tem já ideias concretas sobre a aplicação dos fundos comunitários do Portugal 2030. 
De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, o próximo quadro financeiro europeu tem de ser pensado na lógica do desenvolvimento e não pode ser preparado para satisfazer lobbies e grupos de interesse: “Os investimentos têm de quebrar a lógica do Portugal dos pequeninos”.

Além disso, a equipa de Rio considera que a discussão deve ser feita “sem muita pressa, pois não há soluções mágicas”. 
É preciso pensar quais os sectores mais competitivos e “onde podem ser postos os ovos” e quais os sectores que necessitam de investimento público, para que “possam ser alavancados”.

Um dos destinos que podem ser dados aos fundos comunitários é o da criação de infra-estruturas necessárias à gestão do Estado. 
Nomeadamente, no que diz respeito à modernização e operacionalidade da informação estatística e sobre o território. 
Isto, porque a futura direcção do PSD considera que “o Estado não domina os dados sobre a realidade do país, nem os recursos de que dispõe”. 
Assim, a reforma do Estado que defende passa por repensar os serviços públicos, mas também por criar os instrumentos que permitam conhecer e responder às necessidades dos cidadãos e da sua segurança.

Neste domínio, o exemplo adiantado ao PÚBLICO sobre onde investir fundos comunitários é na elaboração do cadastro de terras, para o que existe hoje tecnologia avançada a custos baixos, que pode optimizar essa reforma. 
Assim como na articulação do ordenamento do território para o tornar centralizado e informatizado.

Clusters científicos

Outra área de investimento dos fundos estruturais é a criação de clusters científicos internacionalmente competitivos. 
Hoje, segundo a equipa de Rio, o investimento em ciências sociais, por exemplo, é nacionalista e está debilmente integrado internacionalmente. 
Mesmo em áreas como a bioengenharia ou o design, há centros de excelência que não estão apoiados devidamente, acrescentam.

Por isso consideram que a investigação tem de estar articulada com centros internacionais, caso contrário os melhores investigadores portugueses continuarão a sair do país para poderem prosseguir as suas carreiras e investigações de forma competitiva e manterem-se actuais. 
Não é só uma questão do que recebem em salário ou apoios para investigação, é a inserção em redes internacionais de investigação de ponta.

O objectivo da equipa de Rio neste domínio é a aposta em “centros com escala e massa crítica”, seguindo o exemplo do que foi feito na Fundação Champalimaud. 
E insistem na ideia de que o investimento em investigação não pode ser equitativamente distribuído por todos, nem obedecer à lógica dos lobbies existente.

Como exemplo, um responsável do PSD ouvido pelo PÚBLICO aponta o caso da Universidade de Trás-os-Montes que, tirando partido da área onde está inserida e da proximidade do Douro, entre os muitos cursos que tem, apostou em criar o melhor centro de enologia do mundo. 
É este tipo de soluções e apostas que é preciso encontrar, conclui.

O mesmo responsável considera ainda que o investimento de fundos comunitários em investigação científica deve ser aplicado também em relação ao ordenamento florestal e da reabilitação do interior, para atrair indústrias e serviços. 
Dá como exemplo a criação de um centro de investigação sobre a cadeia florestal. 
E acrescenta: “Fala-se do castanheiro português que hoje praticamente já não há, o que há é um híbrido, porque houve uma doença. 
Ora esse tipo de situações têm que ser estudadas para se perceber a realidade da floresta portuguesa e poder haver desenvolvimento desta.”

Mais estradas não

A equipa de Rio considera, por outro lado, que os fundos comunitários devem ser usados no apoio ao desenvolvimento de empresas, tendo como objectivo os mercados externos. 
E também na formação profissional, cujo sistema de organização, defendem, tem de mudar. 
“As cidades com fluxo turístico podem ser uma forma de apostar na formação profissional”, defende um apoiante de Rio, acrescentando que “há cozinheiros e empregados cuja formação qualifica a oferta turística.

Onde a nova liderança do PSD não aceitará investimento de fundos comunitários é num programa alargado de obras públicas: “Não podemos voltar ao fontismo, muito menos construir mais estradas.” 
Admitem que tem de haver um novo ciclo de obras públicas na próxima década, mas apenas nos sectores ferroviário - designadamente para fazer a ligação a Caia e ao Porto de Sines – e aeroportuário, onde defendem ser necessário pensar e projectar um novo aeroporto em Alcochete.

Isto, porque o que está previsto e preparado para o Montijo é para voos charters e as obras na Portela irão apenas alargar e prolongar a pista para aumentar a capacidade de estacionamento de aeronaves. 
“Estas soluções não são suficientes, há que ponderar a construção de um novo aeroporto em Alcochete, os fundos comunitários podem ser usados para isso, pois é um investimento muito grande, que tem que ser planeado com tempo e que levará anos a discutir”, afirma um apoiante de Rio.

Estas são ideias sobre obras públicas que terão de ser debatidas com o Governo no futuro, até porque o primeiro-ministro tem uma estratégia para o sector
E que passa pela criação de um Conselho Superior das Obras Públicas, para aprovar e gerir os projectos, em diálogo com as comissões de coordenação regional, os quais que deverão ser votados na Assembleia da República por uma maioria de dois terços, ou seja, também pelo PSD.

sao.jose.almeida@publico.pt

Marcelo quer Costa e Rio a dialogar sobre Portugal 2030

FUNDOS COMUNITÁRIOS
São José Almeida
20 de Janeiro de 2018, 7:49
O Presidente reuniu o Conselho de Estado sobre o Portugal2030
























Com a reunião informal do Conselho da Europa a 23 de Fevereiro, não há tempo para esperar formalmente pela posse de Rio de modo a este participar formalmente no debate.

O Presidente da República espera que o primeiro-ministro, António Costa, entre já em contacto com o novo líder do PSD, Rui Rio, e que ambos dialoguem e encontrem pilares de entendimento sobre o que deve Portugal defender junto dos parceiros europeus e que proposta deverá apresentar o Governo na negociação do próximo quadro de fundos comunitários, soube o PÚBLICO.

Ou seja, Marcelo Rebelo de Sousa quer que António Costa e Rui Rio se entendam sobre o que deve ser o plano Portugal 2030 que concretizará os projectos portugueses para a utilização dos financiamentos europeus na próxima década. 
O facto de a posição oficial do PSD sobre este tema só poder ser assumida pela nova direcção a empossar no congresso do partido, de 16 a 18 de Fevereiro, não é impeditivo de que Costa e Rio falem sobre o assunto e concertem posições, considera Marcelo.

Presidente da República não esperou por Rui Rio e convocou o Conselho de Estado sobre o próximo quadro de fundos estruturais para esta sexta-feira devido à premência de que se inicie oficialmente o debate sobre o assunto em Portugal. 
Por isso, a realização da reunião não aguardou que o novo líder do PSD tomasse posse e pudesse oficializar a posição do partido sobre o tema. 
Aliás, era intenção de Marcelo Rebelo de Sousa que a discussão tivesse começado já em Dezembro, mas a reunião acabou por ser adiada para Janeiro.

A urgência do Presidente, de acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, deve-se ao facto de a discussão no seio da União Europeia sobre a distribuição de fundos comunitários para a próxima década arrancar na reunião informal de chefes de Estado e de Governo do Conselho da Europa, que se realiza a 23 de Fevereiro.

Ora, como Rui Rio só será formalmente presidente do PSD após 18 de Fevereiro, se o assunto ficasse à espera, restaria menos de uma semana para a preparação da posição portuguesa, o que, para o Presidente da República, seria inviável. 
Até porque Marcelo espera que o assunto seja ainda debatido no Parlamento português, soube o PÚBLICO.

O encontro dos conselheiros do Presidente da República destina-se sobretudo a permitir que Marcelo recolha informação e dados. 
E na Presidência há quem saliente o facto de Francisco Pinto Balsemão representar o PSD no Conselho de Estado e ter sido apoiante de Rio, logo estando em condições de transmitir as posições da nova direcção do partido.

O Presidente da República pretende que a posição portuguesa seja sólida e estruturada, tanto mais que os fundos comunitários para a próxima década vão diminuir, já que haverá menos um contribuinte líquido que era, ainda por cima, dos mais fortes: o Reino Unido, que abandonará entretanto a União Europeia, devido à vitória do “Brexit” no referendo de 2016.

sao.jose.almeida@publico.pt

Marcelo apressa Governo para plano do Portugal 2030

UNIÃO EUROPEIA
Luciano Alvarez
20 de Janeiro de 2018, 21:30
























O Presidente da República lembrou que falta menos de um ano para Portugal apresentar plano para fundos europeus da próxima década. 
O recado também foi para Rui Rio. 
Foram ainda deixados muitos outros alertas.

Marcelo Rebelo de Sousa lançou neste sábado um alerta sério para a escassez do tempo de que o Governo português dispõe para preparar o plano para o Portugal 2030, que concretizará os projectos portugueses que devem beneficiar de financiamento europeu na próxima década. 
Um alerta também dirigido a Rui Rio, já que é sabido que o Presidente da República deseja que PS e PSD se entendam nesta matéria que é fundamental para o país.

O chefe de Estado aproveitou encerramento do III congresso da Plataforma para o Crescimento Sustentavel, que decorreu em Lisboa sob o lema "Portugal no futuro: desafios, reformas e compromissos”, para lembrar que Portugal tem até ao final deste ano para adoptar um plano ou perde a voz num processo que, lembrou, “representa entre 65 e 80% do investimento público de fonte europeia”.

Para que não ficassem dúvidas, Marcelo, qual professor, começou por detalhar o calendário: “Arrancou há longos meses a preparação do Portugal 2020 ou 2030. 
Em Fevereiro, o Conselho Europeu inicia um debate informal, que continuará em Abril no Parlamento Europeu e em Maio na Comissão. 
Tudo isto até ao Verão. 
Estamos a falar no quadro financeiro plurianual para sete anos, se for esse prazo, que é desejavelmente aquele para que devemos apontar, para começar em 2021. 
Que se pretende a começar em 2021 e que a presente comissão deixará firme antes das eleições [legislativas portuguesas] do próximo ano.”

Por outras palavras, Marcelo acrescentou que “as melhores ideias, se não influenciarem de imediato o rumo nacional, já não já não merecerão eco até 2020.” 
“E se não influenciarem o debate para o horizonte de 2030, debate que é concluído nos escassos meses que se seguem, ficarão à margem do Portugal que vai atravessar três legislaturas", salientou.

E para o Presidente da República, “de nada servirá aparecerem 2020, 2021, 2022, 2023, e tentar refazer um processo irreversível e terminado no plano nacional em 2018 e no plano europeu até ao arranque da campanha e do veredicto eleitoral de 2019 [legislativas].” 
“E com que escolhas!”, exclamou, salientando, a nível europeu, “o volume de recursos destinados à coesão e à política agrícola comum – sua manutenção ou sua redução -; o "Brexit" e a exigência de novas políticas de segurança e de defesa e migrações” e ainda “novas competências e novos níveis de gestão mais europeus e menos nacionais”.

Marcelo diz haver também a nível nacional “escolhas complexas”, quanto a “competências, formas de gestão, quanto ao papel de instâncias centralizadas de decisão.” 
“Tudo isto e muito mais a ser discutido em muito menos de um ano. 
Dir-se-á que a opinião pública está convocada para outros problemas e outras atenções, mas poderá haver algo tão importante quando temos uma componente que, segundo os cálculos, entre 65 e 80% do investimento público de fonte europeia?”, alertou.

Como o PÚBLICO revelou neste sábado, o Presidente da República espera que o primeiro-ministro, António Costa, entre já em contacto com o novo líder do PSD, Rui Rio, e que ambos dialoguem e encontrem pilares de entendimento sobre o que deve Portugal defender junto dos parceiros europeus e que proposta deverá apresentar o Governo na negociação do próximo quadro de fundos comunitários, soube o PÚBLICO.

Ou seja, Marcelo Rebelo de Sousa quer que António Costa e Rui Rio se entendam sobre o que deve ser o plano Portugal 2030 que concretizará os projectos portugueses para a utilização dos financiamentos europeus na próxima década. 
O facto de a posição oficial do PSD sobre este tema só poder ser assumida pela nova direcção a empossar no congresso do partido, de 16 a 18 de Fevereiro, não é impeditivo de que Costa e Rio falem sobre o assunto e concertem posições, considera Marcelo.

"Sonho adiado"

Num encontro em que se falou em reforma do Estado e do sistema político e em que foi apresentado um manifesto no qual é acentuada a necessidade de consensos/acordos entre partidos para atingir os objectivos, o Presidente da República lamentou que os "consensos substanciais" sobre a modernização do Estado sejam um "sonho adiado", afirmando que esse objectivo, "pela situação vivida em Portugal neste momento", é apenas "uma proclamação piedosa". 
“É pena!”, comentou.

"Fugir a juridicismos formalistas e a modelos de macro-reforma nunca concretizável é tão vital como evitar os casuísmos sem visão sistémica, mas importa sobretudo avançar por passos consecutivos, sistemáticos, programados, conjugados e seguros, coerentes com uma visão global. 
Isso exige escolhas de fundo que nenhuma tecnocracia pode iludir. 
Infelizmente, consensos substanciais em Portugal nesta matéria, nestes dias, são um sonho adiado, e é pena que o seja", disse o Presidente da República.

O chefe de Estado defendeu ainda que "a modernização do Estado fica a perpassar como um dado óbvio para uma boa consciência individual e colectiva, mas, pela situação vivida em Portugal neste momento, não passa de uma proclamação piedosa".

Ainda sobre esta matéria, o Presidente afirmou que "é um tema recorrente, com o qual, em abstracto, todos concordam, mas pensando em realidades visceralmente opostas": "A clivagem acentuou-se subliminarmente nos últimos anos, ainda que diluída na sua expressão de planeamentos decisórios ou formas tecnocráticas de a iludir.”

"A democracia ficou para trás"

Sobre o investimento, Marcelo Rebelo de Sousa disse existirem alguns avanços positivos, “facilitando convergências pontuais outrora impensáveis”, mas voltou a alertar que o incentivo ao investimento privado é ainda limitado. 
“Onde havia ou persistem resistências doutrinárias, esses factos, têm-se encarregado de falar mais alto, mas é evidente que o incentivo ao investimento privado, que já considerei limitado no orçamento para este ano, tem de merecer reforço significativo.”

Marcelo Rebelo de Sousa salientou ainda que em Portugal foram alcançados “consensos recentes em matéria científica, tecnológica, climática, energética e de investimento”, mas faltaram outros que considerou fundamentais, como na coesão social não territorial: “A democracia ficou para trás, e a coesão social não territorial vai conhecendo altos e baixos em equação de resposta.”

luciano.alvarez@publico.pt

Ajuda externa: Portugal conclui pagamento de 800 milhões ao FMI

Economia
Jornal Económico com Lusa
20:49























“Tive oportunidade de informar os meus colegas de que Portugal ia fazer o pagamento dos 800 milhões de euros do empréstimo do FMI que correspondem à parte final daquilo que era a autorização concedida, mas também daquilo que era o empréstimo em condições menos favoráveis”, anunciou Ricardo Mourinho Félix, em declarações aos jornalistas após a primeira reunião do Eurogrupo.

O secretário de Estado das Finanças anunciou hoje no Eurogrupo, em Bruxelas, que Portugal vai efetuar o pagamento antecipado de 800 milhões de euros ao FMI, concluindo assim o reembolso da tranche mais cara do empréstimo desta instituição.

“Tive oportunidade de informar os meus colegas de que Portugal ia fazer o pagamento dos 800 milhões de euros do empréstimo do FMI que correspondem à parte final daquilo que era a autorização concedida, mas também daquilo que era o empréstimo em condições menos favoráveis”, anunciou Ricardo Mourinho Félix, em declarações aos jornalistas após a primeira reunião do Eurogrupo presidida por Mário Centeno.

O secretário de Estado, que agora representa Portugal nas reuniões do fórum de ministros das Finanças da zona euro, precisou que este pagamento, que deverá ocorrer esta semana, “conclui a autorização que tinha sido pedida e que permitia pagar a totalidade daquilo que era a tranche mais cara do empréstimo do FMI”, no quadro do programa de assistência financeira a Portugal.

“É isso que é concluído agora: o pagamento dessa tranche mais cara”, disse, apontando que ficam ainda cerca de 4,5 mil milhões de euros de empréstimo do FMI por saldar, “mas a uma taxa muito mais baixa”.

Segundo o secretário de Estado, este é “um marco”, no sentido em que o país continua a ter empréstimos das instituições europeias e do FMI, mas neste último caso, “a uma taxa muito mais reduzida”, o que “é importante para o robustecimento da situação das contas públicas”, beneficiando “a consolidação orçamental e a redução da dívida pública”.

“A partir de agora, a gestão será feita comparando sempre aquilo que é o custo da dívida face a estas instituições e aquilo que é o custo de financiamento em mercado”, disse.

Relativamente à apresentação, pela Comissão Europeia, das conclusões da sétima missão de vigilância pós-programa a Portugal, apontou que foi “bastante bem recebida pelas instituições”.

Próximo de Dijsselbloem vai coadjuvar Centeno no Eurogrupo

Economia
Jornal Económico com Lusa
19:02























Vijlbrief, curiosamente uma figura muito próxima do antecessor de Centeno, o seu compatriota Jeroen Dijsselbloem, foi eleito para um mandato de dois anos.

O holandês Hans Vijlbrief foi hoje nomeado presidente do grupo de trabalho do Eurogrupo, o órgão que prepara as reuniões do fórum informal de ministros das Finanças da zona euro, agora presidido pelo ministro português Mário Centeno.

Vijlbrief, curiosamente uma figura muito próxima do antecessor de Centeno, o seu compatriota Jeroen Dijsselbloem, foi eleito para um mandato de dois anos pelos membros do grupo de trabalho (“Eurogroup working group”), escolha hoje “ratificada” pelos ministros dos 19 países da área do euro, substituindo a partir de 01 de fevereiro de 2018 o austríaco Thomas Wieser, que ocupou o cargo desde 2012.

Hans Vijlbrief ocupou até agora vários cargos nos ministérios de Assuntos Económicos e das Finanças da Holanda, sendo desde 2012 o principal conselheiro do ministro das Finanças da Holanda em assuntos relacionados com o Eurogrupo.

Centeno, eleito em dezembro passado para suceder a Dijsselbloem na liderança do Eurogrupo, presidiu hoje pela primeira vez a uma reunião do fórum de ministros das Finanças da zona euro, em Bruxelas.

“Sobre a Grécia há boas notícias”, disse Mário Centeno após primeira reunião do Eurogrupo

Economia
Jornal Económico com Lusa
19:28























Centeno considerou que o sucesso da terceira revisão “reflete o enorme esforço e a excelente cooperação entre o governo grego e as instituições”

O novo presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, anunciou hoje “boas notícias” sobre a Grécia, com o acordo político alcançado sobre a terceira revisão do programa de assistência em curso, o que permitirá um novo desembolso já no próximo mês.

“Sobre a Grécia há boas notícias. 

Alcançámos um acordo político sobre a terceira revisão do programa do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). 

Saudámos a adoção de quase todas as ações prévias e mandatámos o grupo de trabalho do Eurogrupo para verificar a conclusão das restantes nas próximas semanas”, apontou, em inglês, Centeno.

Acompanhado do comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, e do diretor do MEE), Klaus Regling, na sua primeira conferência de imprensa na condição de presidente do Eurogrupo, Centeno considerou que o sucesso da terceira revisão “reflete o enorme esforço e a excelente cooperação entre o governo grego e as instituições” e permitirá, uma vez concluídas as restantes medidas acordadas com Atenas, um novo desembolso que ascenderá a 6,7 mil milhões de euros.

“Olhando para a frente, podemos começar o trabalho técnico sobre medidas para alívio da dívida, relacionando-a com o crescimento económico”, disse, antecipando já a conclusão com êxito deste novo programa de assistência à Grécia, o que deverá suceder em agosto próximo.

A concluir a sua introdução na conferência de imprensa, Mário Centeno disse que sentiu na reunião de hoje “um grande espírito de equipa”, com objetivos comuns, e garantiu que, pela sua parte, tudo fará para ajudar a operar as mudanças necessárias para tornar “a zona euro mais forte”, e para explicar aos cidadãos a importância dessas reformas.

Acordo sobre a Grécia “é mais um golo marcado pelo Mário”, enaltece Moscovici

Economia
Jornal Económico com Lusa
19:48























Bravo pela tua excelente gestão deste primeiro encontro do Eurogrupo sob a tua presidência", disse o comissário europeu dos Assuntos Económicos a Mário Centeno.

O comissário europeu dos Assuntos Económicos elogiou hoje Mário Centeno pela forma como conduziu os trabalhos na primeira reunião do Eurogrupo a que presidiu, considerando que o acordo político sobre a Grécia é um “belo golo” numa estreia à “Ronaldo”.

Na conferência de imprensa conjunta no final da reunião do fórum de ministros das Finanças da zona euro, onde também marca sempre presença, Pierre Moscovici, dirigindo-se ao novo presidente do Eurogrupo, felicitou-o pelo trabalho hoje realizado, e recuperou a analogia futebolística lançada pelo antigo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, que “batizou” Centeno como “o Ronaldo do Ecofin”.

“Bravo pela tua excelente gestão deste primeiro encontro do Eurogrupo sob a tua presidência. 
Sabes que tens o apoio da Comissão e o meu. 
Digo-o como comissário e como amigo. 
Todos aqui sabem como chamamos ao Mário: dizemos que é o Ronaldo da economia portuguesa, e acontece que logo na sua primeira prestação, no seu primeiro jogo, marcou um belo golo, marcámo-lo coletivamente contigo, e saúdo a decisão do Eurogrupo de fechar a terceira revisão do programa grego”, disse o comissário francês.

Mais à frente na sua intervenção, Moscovici abordou um dos pontos da agenda discutidos no Eurogrupo, que Centeno não abordou na sua intervenção, a sétima missão de vigilância pós-programa a Portugal.

Num breve resumo, e embora advertindo que persistem desafios, como o crédito malparado e a ainda elevada dívida pública, Moscovici resumiu as conclusões da missão apontando que a mesma “confirma a melhoria da situação económica e financeira do país nos últimos seis meses”.

“Por isso, é mais um golo marcado pelo Mário”, rematou.